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Artigos-->QUADRO-TEXTO -- 29/05/2002 - 21:28 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUADRO-TEXTO

(Domingos Oliveira Medeiros)





Hoje resolvi fazer uma experiência. Não sei se alguém já fez algo parecido. Confesso que não sei. Mas tive essa idéia ontem, pela madrugada. Para mim o assunto está registrado como sendo inusitado. A idéia é, basicamente, escrever como se estivéssemos pintando. Um Quadro-Texto, diria. E o quadro de hoje, que pintarei agora, nesse instante, é o seguinte: Título: Só no final, pois ainda não tenho em mente todo o quadro pronto. Ele irá surgindo espontaneamente, como, aliás, deve ser isso que acontece com os pintores de verdade. Eis o quadro-texto.



O quadro é retangular. Medindo trinta de largura, por sessenta centímetros de comprimento. Bordas na cor marrom. Marrom claro. Início da tela. Azul. Também claro. Da cor do céu. De um certo céu. De uma certa tarde de sol. Sol claro e límpido. Céu claro. Limpo. Todo azul. Azul claro. Azul claro. Pouco abaixo o azul desaparece. E surge o verde. O verde dos galhos das árvores. Folhas. Muitas flores. Verdes, muitos verdes. Várias tonalidades de verde. Algum amarelo. Muito pouco. A cor dominante é o verde. Continuando a descer, o verde das flores vai dando lugar aos troncos das árvores e dos arbustos. Troncos mais grossos aparecem primeiro. Depois, seguindo na direção do chão, novas flores aparecem. Também verdes. Também amarelas. Porém menores. São as folhas dos arbustos. As árvores menores. Mais rentes ao chão. Outras cores começam a aparecer. O vermelho desponta em alguns lugares. Amarelos também aparecem. Amarelo ouro. Pinceladas de azul. E de branco. Ao longe. são flores. Flores do mato. Flores desta paisagem. Continuamos a descer os olhos. Aparece um banco. Um banco de cimento. A cor é cinza. Alguém está sentado no banco. Com a mão no queixo. Pensando. Não se sabe o quê. Nem em quem. Nem o porquê. A pessoa tem a cor morena. Cabelos pretos. Balançando ao vento. São cabelos longos. Cabelos que balançam ao sabor do vento. Agora dá para ver melhor. É uma mulher. Uma mulher e uma praça. Uma mulher sentada no banco de uma praça pública. Ao longe, á frente do banco, alguns pombos. Pombos brancos e cinzas. Batem as asas. Andam sobre suas pernas de tonalidade rosa. Comem grãos amarelados. Movimentam-se muito. Parece milho. Milhos amarelados. Que são jogados de cima. De cima dos pombos. Por uma outra pessoa. Um homem idoso. Talvez uns setenta anos de idade. Barba e cabelo com vestígios de cores branca e cinza. As cores do envelhecimento. Parece um aposentado. Seu olhar tranqüilo para os pombos indicam que não tem pressa. Não há o que fazer depois que a tarde chegar. A não ser ir embora. Se é que tem casa onde morar. Ou se vai dormir no banco em que está sentada a mulher. Chegamos ao fim. Chegamos ao chão. Mais verde. Canteiros e gramas onde não se devem pisar indicam os caminhos. As calçadas. Pouca gente passeando. Provavelmente é um dia como outro qualquer. Mas não é feriado. Se fosse feriado, a praça estaria mais cheia de gente. E não está. Nos caminhos há poças de água. Deve ter chovido ontem à noite. E pedras. Muitas pedras. De todos os tamanhos e formas. Quase todas da mesma cor. Da cor do cimento. Da cor da calçada. Da calçada já gasta pelo tempo. Pelo caminhar de pessoas. Vez por outra surgem pássaros em bandos. Andorinhas. Rolinhas. Famílias de aves barulhentas e alegres. Pressente-se a chegada da noite. A mulher deve ir embora. Os pássaros irão à procura de abrigo. E o velho aposentado também. Se é quem tem onde morar. Ou sentar-se-á no banco. E adormecerá. Até o amanhecer. E poderá acordar no banco, junto com os pássaros e aquela mulher. Ou não. Apenas suposições de um quadro de pintura. Chegamos a outra borda do quadro. Marrom. Marrom claro. Medindo sessenta centímetros. O quadro é retangular e está na horizontal. Seu lado mede trinta centímetros. Noventa centímetros quadrados de paisagem. Saímos de dentro. do quadro. Levando nossas impressões. De vida. De cores. De mistério. De suposições. De pensamentos. De lembranças. De dores. De esquecimento. E seu título é vida e morte.



Domingos Oliveira Medeiros

29 de maio de 22002

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