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Poesias-->27. ARREPENDIDO -- 30/12/2003 - 07:45 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Querido amigo escrevente,

Não vá perder-se comigo:

Sou chamado “boa gente”,

Por não querer inimigo.



Palpitei-lhe, muitas vezes

(Não se aborreça comigo):

Foram conselhos soezes

Que não se dão ao amigo.



Mas você sempre foi firme,

Resistindo com bravura.;

Jamais procurou ferir-me:

Sempre fez boa figura.



Hoje volto, de mansinho,

Arrependido, afinal,

Em busca do seu carinho,

Posto enorme fosse o mal.



Vejo que você não lembra

De quem tanto mal lhe fez:

A memória não desmembra,

Se a bondade uniu de vez.



Não tenho grande esperança

De sair daqui curado.;

Seria certa a bonança,

Se só fosse perdoado.



Nosso amigo sabe bem

Que o perdão é seu dever,

E está pensando também

Em dar-me seu bem-querer.



Vai além seu pensamento,

Vai em busca do prazer

De me livrar do tormento

Deste meu forte sofrer.



Isto tudo é bem verdade,

São fatos que vão passando.;

Mas é triste a realidade,

Se foi grande o desengano.



Se o escrevente quer tornar

Quem lhe fala mais feliz,

Deve ocupar o lugar,

P ra compreender o que eu fiz.



Diz ele não ser preciso

Saber a extensão do crime,

P ra acenar co o paraíso,

P ra que o sofredor se anime.



Basta ter bom coração

E abraçar o inimigo,

Deixando a sorte na mão

De Deus — o melhor abrigo.



Eu só posso agradecer

A quem me deu esperança,

Rogando ao Senhor p ra ser

Eterna a sua bonança.



Vou ter de enxugar o pranto

Que escorre dos olhos meus:

Se foi possível este canto,

Foi puro favor de Deus.



Sei que é pobre a minha lira,

Desafinados os versos,

Porém, o que eu tinha em mira

Foi não deixá-los dispersos.



Desejo só informar

Que para cá fui trazido,

P ra me reconciliar

Com quem deixei ofendido.



Muito agora me admiro

De que ele se esqueceu

Que fui eu quem deu o tiro,

A causa de que morreu.



De nada diz se lembrar

De alguma vida pregressa,

Que só deseja me amar.;

Quanto a saber, não tem pressa.



Sinto-me agora perplexo,

Os mentores que me ajudem.;

O que penso não tem nexo:

São fantasmas que me iludem.



Enquanto escrevo poesia,

Não sinto com propriedade:

É o odor da maresia

Que toda a cidade invade.



Pretendo justificar,

Pois não posso sentir dor:

Na hora de versejar,

"O poeta é um fingidor".



Foi fácil lembrar Pessoa,

De quem me mantive perto.

Eu tive uma coisa boa:

O cérebro bem desperto.



Vou derivando esta escrita,

Com medo de me perder.;

Sinto um olhar que me fita,

Com pena do meu sofrer.



Foi sempre fácil p ra mim

Concatenar simples versos,

Mas comi muito capim,

Por fazê-los mui perversos.



Mais fáceis são de fazer

Com o auxílio que se tem

De quem quer satisfazer

O desejo deste bem.



Por outro lado, é preciso

Que se compreenda, também,

Que a falta de algum juízo

Não vai condenar ninguém.



Irá, antes, propiciar

Aos meus amigos mentores

Recursos p ra amenizar

A maior parte das dores.



Pois, se sofro um pouquinho,

É que me faltou carinho

Daqueles que mais amei.

Já não falo do escrevente,

Mas de toda aquela gente

A quem carinhos neguei.



Hoje volto arrependido,

Meu coração malferido,

Palpitando, sofre e anseia.;

É mar revolto que cresce

Cuja dor desaparece,

Como alva espuma na areia.



Não quero fazer poesia

Que revele uma alma fria,

Com medo de errar a rima.;

Já não penso no leitor

Como algum desfrutador,

Mas como alguém que me estima.



Penso ter cumprido bem

Esta missão de refém

Que se viu subjugado

Pelas virtudes do amor

De meu anjo protetor,

Que reza aqui do meu lado.



Foi ele bem sucedido?

Será isso resolvido

Pelo consenso do grupo.;

Naquilo que coube a mim,

Que está agora no fim,

Espero só triste apupo.



Nosso médium se intrigou,

Pois do tiro não lembrou

Nem deste que o fez consciente.;

É que banquei o espertinho,

Busquei cravar-lhe um espinho,

Mas foi tudo improducente.



Dominaram-me a vontade,

P ra minha felicidade,

Porque me expus d’alma inteira.;

Agora eu estou mais contente,

Perfeitamente consciente,

Sem ter perdido a estribeira.



Muitos dos versos que fiz,

Os em que eu fui mais feliz,

Me foram dados assim.;

É que meus bons protetores,

Na qualidade de autores,

Foram pensando por mim.



Vejo o escrevente cansado,

Um pouco desconfiado

De que armei uma arapuca.;

Mas vai ter de dar desconto,

Porque sempre aumenta um ponto

Quem faz a coisa maluca.



Eu já queria partir,

Mas vou dizer, Wladimir,

Não vá ficar preocupado:

Com não ser isto poesia,

Sempre há de ter alegria

Quem tem Jesus ao seu lado.



Só me resta agradecer,

E não faço por dever

Baseado em etiquetas.;

É que o trabalho que fiz

Deixou--me bem mais feliz:

As coisas não estão pretas.



"Senhor, Deus dos desgraçados,"

Olhai p ros desesperados

Que não sabem o que dizem.;

Dai-lhes mais força e poder,

Para lutar e vencer

Os vícios, que já maldizem!



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