Usina de Letras
Usina de Letras
176 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62272 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5452)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O Inferno -- 13/09/2000 - 15:45 (Claudia Ferraz Castelo Branco) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O calor escaldante de outubro avivava a dor de Fátima.Ia tonta.O que acabava de acontecer enchia-lhe de uma angústia sufocante.O sol era um castigo!
Andava á toa pelas ruas desertas e silenciosas,ardiam-lhe os olhos,a boca, de quando em quando se ouvia a buzina de um carrinho de sorvete,o choro de uma criança, e essa solidão,esse vapor que tremia no ar causavam-lhe um temor vago.
Para onde ir?Não tinha amigos íntimos.Talvez um hotelzinho barato,mas lembrou que não tinha dinheiro.Onde estava a menina corajosa que sonhava um dia se aventurar pelo mundo afora?Bobagem!Sonhos tolos dos doze anos.Agora a realidade ali estava a bater-lhe.Era a morte,era o desamparo.Estava cheia de sofrimento.E fazia um esforço enorme para conter as lágrimas,o desespero,a raiva de não ter sido morta também.
Estava perdida!Estava perdida para sempre!Como um morcego no meio da claridade.E Fátima contorcia-se na sua dor fisíca.O estomâgo não ia nada bem,a sensação de nauséa jorrava da sua boca ressecada um liquído viscoso,esverdeado.O suor lhe escorria pela face,percorria o colo e descia pelos seios.O vestido vermelho completamente molhado grudava.
Sentou em um canto e ainda podia sentir o cheiro da fumaça,o fogo consumindo com voracidade os corpos de sua familía..Agora tinha a impressão de que toda a humanidade tinha morrido e apenas ela havia sobrevivido a catástrofe que destruíra todas as outras criaturas.Será que também estava morta e não sabia? Ou quem sabe aquilo tudo não passava de uma pesada brincadeira ou de um sonho maluco?Esforçava-se para acordar mas não estava dormindo.O vapor embaçava sua visão.Enxergava apenas uma rua sem fim,completamente deserta,o comércio fechado, a lagartixa que corria livremente pela calçada,a claridade alaranjada que a acompanhava...
Quando pôs-se de pé,notou alguns pingos de fogo nos fios de eletricidade.Ouviu uma música ao longe.Vozes de mulheres que cantavam todas juntas em coro. Vinham caminhando da mais longa distância que seus olhos podiam alcançar.Oravam em cantigas desafinadas.Foi quando olhou para o céu e sentiu que o sol estava perto de esmagar a Terra.Seus olhos pulavam de um lado para o outro.Isso lhe dava ímpeto de gritar.O sol,as mulheres,o sol,as mulheres cada vez mais próximas,os pingos de fogo nos fios,a agonia.Fátima vivia o seu inferno.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui