Não existe quem deseje
Ficar por fora do assunto.
Melhor: não há quem almeje
Não partilhar do conjunto.
Se tiver dificuldade,
Vá buscar concentração
Nos refolhos da verdade
Que mora em seu coração.
Sabemos não ser difícil
Compor versinhos quadrados:
Que é o disparo dum míssil,
Para um grupo de soldados?!
Valemo-nos deste ensejo
P ra treinar o nosso irmão,
Que nos demonstra o desejo
De aprimorar a escansão.
Deste modo, alguns versinhos
Se alinham rapidamente:
Vêm demonstrar os carinhos
Que temos pelo escrevente.
Preocupa-nos, todavia,
A freqüência destes temas,
Em que é mui pouca a poesia,
Que jamais formam poemas.
Entretanto, este amiguinho
Nos enche com seu carinho,
Ao dar-nos toda a atenção.
Diz-nos ele: — “Que alegria
Estar aqui todo dia,
Com o coração na mão!”
Com isso, vamos fazendo
Uns versos que vão dizendo
De nossa presença aqui.
Se alguém ficar intrigado,
Crendo estar sendo enganado,
Procure cuidar de si,
Pois nossa vinda está clara:
Esta rima jamais pára,
Os versos são regulares,
Comprovando, com rigor,
Que só podem ter amor
Estes seres “deuses-lares”.
Gostamos de fazer versos,
Mesmo que sejam perversos,
No sentido da Doutrina.
Repetem-se as mesmas rimas,
Sufocam-nos estes climas:
— “Que fazer? É nossa sina!..”.
Dores e humores à parte,
Desenvolvemos a arte.
Mantendo nosso estribilho:
É ave que volta ao ninho,
A transportar, com carinho,
O alimento para o filho.
Tendo mantido o padrão
Do bater do coração
Neste ritmo querido,
Podemos desenvolver,
Cumprindo nosso dever,
O que está comprometido.
Sentimos que a vida passe,
Como um bólide fugace
Que corusca pelo céu.
Mesmo que seja um pouquinho,
Brilhe você, com carinho:
Da face arranque esse véu.
Se tivermos o desejo
De eliminarmos, sem pejo,
Estes vícios que nos matam,
Seguremos fortemente
Essa vontade na mente
Que esses laços se desatam.
Essa força é muito pura:
É bom trazê-la segura
Em cada ato do dia.
É preciso compreender
Que todo nosso querer
Tornar-se-á harmonia.
Por isso, a vida é preciosa,
Tem doce aroma de rosa,
Que se desfaz pelo ar.;
Ou, então, um outro cheiro
Que conservamos inteiro
Após o desencarnar.
Essa escolha é toda nossa:
É sarna que sempre coça,
Ou bem-estar permanente.
Agir com sabedoria
É ser bom a cada dia,
Ajudando toda gente.
Se estamos dando um conselho,
É que nos vemos no espelho
Das maldades que apontamos.
Antes que a qualquer pessoa,
Essa verdade ressoa
Na consciência que portamos.
Pedimos ao nosso médium
Que busque não sentir tédio,
P ra não pô-lo na poesia,
Pois não é nada agradável
Parecer insociável,
Um pouquinho a cada dia.
Se temos a liberdade
De expressar toda a verdade
Que trazemos dentro ao peito,
Também será compreensível
Que possa ser repreensível
O verso que temos feito.
Nós iremos logo embora,
Pois é já chegada a hora
De dizermos nosso adeus.
Fiquemos, caros amigos,
Bem felizes nos abrigos
Que mostram o amor de Deus.
Alijemos os defeitos
E os enormes preconceitos
Que nos trazem infelizes:
Sigamos com alegria,
Amor e sabedoria,
De Jesus as diretrizes.
Também sigamos Kardec,
Que deixou aberta em leque
A verdadeira doutrina.
Evitemos a espessura
De toda ação menos pura,
Com as leis que o Mestre ensina.
Se temos sido felizes
Acertando as diretrizes
Da melhor filosofia,
Divulguemos para o povo,
Fazendo sorrir de novo
Quem há tempos não sorria.
Enfrentemos o labor
De mostrar que tem valor
Quem trabalha pelo bem.
Caso haja sacrifício,
Há de ser melhor que o vício
Que nos faz joões-ninguém.
Mas não vamos jogar fora
Esta inspiração de agora
Que já nos faz tanto bem:
Cantemos, com harmonia,
Com vigor, a melodia
Deste amor que Deus nos tem.
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