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Cordel-->Acho que convem fundamentar... -- 17/03/2005 - 09:06 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CORDEL DA MINHA VIDA

Um verso

Nasci a 4 de Junho de 1939 e, ao cabo de 66 anos de vida, sinto-me de facto "Um verso tão só...".

Dueto

Casei a 13 de Outubro de 1970 na igreja matriz de Queluz com uma miúda cerca de 14 anos mais nova do que eu: uma delícia!

Terceto

A 16 de Setembro de 1971, em plena Serra do Songo - Cabora Bassa - nasceu minha filha Paula Ximenes, a qual faleceu no Porto abruptamente em Maio de 1974.

Quadra

Na Ilha de Moçambique e no tempo mais feliz de minha vida, a 24 de Fevereiro de 1974, nasce minha filha Cristina Ximenes. Tem nesta altura 31 anos e vive em Paris.

Quintilha

Minha mãe, Maria de Azevedo Torre, foi sem dúvida a pessoa mais influente e importante na minha existência física e espiritual. Ainda hoje é contorno primordial ao longo de meus dias.

Sextilha

Alberto Ferreira Pinto da Guia, meu pai, reveu toda a sua infância em mim. Por isso me proporcionou inesquecíveis tempos de menino feliz. Levou-me a tudo quanto era sítio para divertir crianças.

Sétima

Quando cheguei à Usina, depois de ter escrito largos milhares de versos, nunca até aí tinha utilizado a sétima como estrofe.

Oitava

Camões constitui a trave mestra da minha educação e cultura no versejo. Em versos decassílabos expostos em oitavas, escreveu o fabuloso cordel que, quanto a mim, são "Os Lusíadas".

Nona

Aparece e consta, apenas e a fim de que numericamente satisfaça a ordem crescente dos versos.

Décima

Escrevi algumas dezenas de fados, cantados por centenas de artistas, glosando a quadra em décimas, bem à moda de João Linhares Barbosa e em tradicional costume alentejano. Nuno de Aguiar interpretou com grande sucesso, na música do Fado Corrido, a "Fuga da Mariquinhas".

Eis então pois, presumindo que com cabeça-tronco-e-membros, o cordel da minha vida, algo que não se me sugeriria conceber sem a Usina, providencial mãezinha de todas as virtudes e defeitos.




UM VERSO TÃO SÓ... SOU EU !


Um verso tão só... Sou eu

E dueto fiz contigo
Do qual ainda bendigo

O terceto que irrompeu
Em flor com fruto teu
Vida da minha semente

Que em primor fluente
De novo mais floriu
No amor que produziu
A quadra sobrevivente

A quintilha sequente
Com mais um verso rimado
Obriga ao acrescente
Porque minha mãe ausente
É a fada do meu fado

Também ausente a seu lado
Meu pai surge iluminado
Pela intensa claridade
Que em memória rebrilha
E dá luz nesta sextilha
À minha grande saudade

Da sétima a utilidade
Sem uso antecedente
No versejo decorrente
Tomei-a em boa rotina
Pra bem lograr meu papel
Entre os magos do cordel
Que encontrei na Usina

Da lira assaz peregrina
De Camões bardo enorme
Sigo a norma conforme
A musa mulher-menina
Em oitava cristalina
Por redondilha-maior
Que foi estrofe divina
Do luso poeta-mor

Quanto à nona por melhor
Em recurso fora de uso
Aludo ao reabuso
Da rima que faz pior
Do que a emenda ao soneto
Pois considero careto
E até ideia péssima
Fazer ciúmes à décima
Sem saber no que me meto

Para terminar faceto
À moda do Alentejo
Onde o verso ao realejo
Merece praça e coreto
Desde já aqui prometo
Sobre o manto de Orfeu
À décima um jubileu
Com devoção permanente
E entregar-lhe penitente
Um verso tão só... Sou eu!


Assim, talvez esta esclarecedora fundamentação sirva de benéfico unguento para o autor - ou autora - do insultuoso mail que recebi e que no caso, além da inveja estupidamente revelada - infelizmente - sim, "não percebe mesmo nada disto". Entretanto, continuo a ficar surpreendido e a interrogar-me: como é possível que no Brasil, que é uma terra tão bonita e tão grande, haja gente tão feia e tão pequenina?

Tem graça que em Portugal, que é uma terra tão pequenina e bonita, também há gente tão grande de feia...




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