Absurdo conquistar e perder o amor
Bichinho alado que voa e faz peripécia
Na ponte dos olhares nossos
Desafiando a inércia antes do toque e
Do beijo na nuca que dá choque
Por onde passou o bichinho malandrinho do amor
Que nos picou e agora dorme
E a gente, ai, a gente,
Com essa saudade enorme
Você lá e eu aqui
Eu em Teresópolis e você em Acari
De repente me avisando que tudo acabou
Que o bichinho morreu
Que fui eu quem o matou
Mas essa criatura, amor, não morre
Está viva na gente, tristinha, escondida.
Somos transmissores de paixão
E ficamos cegos na partida.
A despedida é breve, porém nunca será eterna
O bichinho respira em luz
Carregando a sua pequena cruz
No exílio de uma caverna.
Não adianta me mandar embora
Que estarei vivo, ressuscitado a toda hora,
Nas mínimas lembranças toscas
Do cotidiano.
A sua missão agora é cuidar da gente.
Não matar o frágil bichinho incoerente
Telefonar para mim e confessar assim:
“Ricardo, eu te amo”.
|