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Poesias-->AMADURECIMENTO -- 18/12/2003 - 14:45 (Ricardo França de Gusmão) |
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Aquele amor
não comparece mais quando chamado.
É um engano, um ato desmascarado.
Aquele amor, amor,
amor, aquele amor
derreteu porque era isopor
no calor dos nossos corpos.
Não nos seremos nossos
estamos disponíveis à outras criaturas.
Outros dentes, outras línguas
explorarão nossas bocas
desassociadas.
Vou embora, no entanto, sabendo
do que é pessoal à você.
A tua posição de dormir,
o teu ponto G.
O mapeamento dos teus pontos sensíveis
que eu descobri em noites de lua
de amor comprasível
quando parecia impossível
a separação.
Vou conhecendo o teu cheiro,
Vou como um ladrão levando um fio do teu cabelo.
Em compensação, com você,
ficam os meus medos.
As minhas declarações sobre o mundo
e um dossiê sobre as minhas fraquezas.
Tudo o que eu te disse
na proteção do teu colo.
A minha lágrima seca,
o toque íntimo,
a posição de amar
o prazer
o grito
a nossa respiração,
os nossos gemidos.
Não revele para quem vier depois
as fotografias dos nossos pecados.
Pois foram tantos.
Não quero ser absolvido
mereço julgamento
mas sou teu bandido
e não me rendo.
Um dia fiz parte da sua loucura
gozamos do delírio dos amantes
porque éramos crianças
e enamorados
lambuzávamo-nos com beijos doces
e infantis.
Em meio à luz apagada do quarto
o meu mundo era o teu
e isso era amor.
Por isso vou sem exigir resposta.
Tenho uma dor imensa, uma fratura exposta.
E a certeza de que a dor é um sintoma
de amadurecimento.
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