Número do Registro de Direito Autoral:131197869978508600
MODA DO COFRINHO
Autoria: Silva Filho
Eu não sou de estragar
O que vem de novidade
Estou sempre espreitando
Essa tal modernidade;
Alguém diz está criando
Ou somente estilizando
O que quer a vaidade.
Vejo a moda do cofrinho
Que também é de poupança
Em sentido figurado
Onde o pensamento alcança;
Um cofrinho estilizado
Que por trás é bem notado
Por quem gosta de nuança.
Para quem não entendeu
Este tema tão moderno
Por favor pegue a caneta
E registre no caderno;
Não precisa ser xereta
Pois já vem com etiqueta
Pra outono e pra inverno.
É uma moda mui ousada
Mostrando a parte traseira
Uma bunda sem tapume
Digamos, somente a beira;
Diz alguém que é o cume
Em matéria de costume
Com um traje de primeira.
Pela parte que me toca
Nunca vai haver querela
Pra guardar tudo que tenho
Um cofrinho me acautela;
Pela rua vou e venho
Trabalhando com empenho
Pra usar o cofre dela.
Todo mundo está gostando
E ninguém quer protestar
O negócio está grassando
Pra vender e exportar;
O comércio vai fechando
Quando o cofre vai passando
Sem deixar de rebolar.
Mas o risco é iminente
Quando o cofre se desloca
Muita gente mete a mão
Como mete a mão na loca;
Tem honesto e tem ladrão
E também tem garanhão
Que no cofre mete a broca.
Pois que vistam sua moda
Com a bunda descoberta
Mas o homem escolado
Quer achar a porta aberta;
Nem que chame o delegado
Ninguém prende um tarado
Que não recusou oferta.
Esse cofrinho de carne
Vai causar u’a barafunda
Todo homem quer pegar
E pode levar uma tunda;
Quando for depositar
Já não vai poder guardar
Seu cabedal numa bunda.