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Poesias-->A estrada revisada -- 17/12/2003 - 13:47 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando cheguei vestígio de gente, em carne e osso,

Quando o sopro me concedeu a respiração, a vida e o desgosto

Dei o primeiro passo na estrada, ergui o rosto

Com a figa no cordão pendurado no pescoço

Cresci, andei de bicicleta, caí, aprendi a chorar e a sorrir.

Algumas leis desobedeci. Batalhas: umas ganhei, outras perdi.



Pelo caminho, mapa desenhado pelo destino

Não encontrei tesouro, mina de ouro, só desatino

O aprendizado, marcado, tatuado, cicatrizado no corpo

Me faz professor de coisas que não posso ensinar

Lições de dor e de amor e caridade, a bem da verdade

São mensagens esquecidas, em garrafas vazias, lançadas ao mar.



Exatamente na hora da vaidade demolida

Serve-me o destino, em taça, amarga bebida

Na estrada de tantas e esparsas idas e vindas

O meu peito debruça agora encouraçado

Com o coração, batida brusca, seqüestrado,

Deixo sobre o asfalto tantos sonhos derramados.



Olhar vazio, choro no cio da encruzilhada

Que leva e afasta para longe nossas ilhadas vidas

Norte, sul, leste, oeste, setas apontam para o nada

Serve-me o destino, novamente, bebida tão amarga

Fico tonto e tonto caio inerte nessa mesma estrada

Que vaidade já não tenho, já não tenho nada.

Não criei um país, mas nele tive um filho

Muito menos escrevi a história desta vida minha

A paisagem tem o chão rachado e o sol a pino

Me assola o sonho e volto a ser menino

O espelho me enxerga, mas não vejo nada ainda

O futuro é uma espada no final da estrada que finda.



Ser maduro é deixar de ser herói – Don Quixote,

É endurecer na lâmina fria do metal, sangrar no corte,

É morrer de sede por não querer beber da água doce do pote

Água que jorra da fonte, terra nossa, escombro final

Vou andando na estrada obedecendo ao sinal

Sigo maduro, suor no rosto, vida com gosto de sal.



O tempo fechado, as portas fechadas, a estrada fechada

Com pneus, cadeiras, pedras atiradas, mãos, facas fincadas.

Ter medo é ficar parado, paralisado, cidadão histérico.

Mais uma vez bebo, sou culpado, noticiado: não nego!

À noite, na escuridão, tenho medo e berro,

Para assustar os fantasmas, brancas almas de ferro.



Loucos passam por mim, passam amigos, parentes, amantes,

Passam por mim também, perdidos, o meu inimigo, o meliante,

Passa uma caravana, passa a passeata cheia de pernas

Passam os anos, passam os planos, passa o vulto na estrada deserta.

Vou passando com eles navegante no tempo. Para onde? – Não sei.

Mas sigo rumo ao horizonte que persigo, quando lá chegar, não voltarei.



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