Usina de Letras
Usina de Letras
149 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62178 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->O QUE VOCÊ ESPERA DO SÉCULO XXI -- 25/11/1999 - 12:32 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O QUE VOCÊ ESPERA DO SEU PAíS NO SÉCULO XXI?

Leon Frejda Szklarowsky

O mundo está passando por grandes e inesperadas transformações, neste final de século e início do novo milênio da era cristã.
Novas descobertas ocorrem a cada minuto, avançando numa velocidade espantosa, a assustar até os menos incautos e estimulando a imaginação dos que, mais prudentes, quase não acreditam no que vêem, mas se deixam levar pelas asas dos sonhos, desejando a todo custo profetizar e adivinhar o que ocorrerá num futuro próximo, como por exemplo, daqui a um quarto de século.
Como será o mundo em que vivemos? Como estará vivendo a sociedade? Que pensarão os homens e que estarão fazendo no ano 2025? Será realmente idêntica à belle époque - bela época - de há cem anos atrás, com seu romantismo e suas carruagens ou incipientes automóveis "fordes bigodes," transformados em carros ou tapetes voadores ou estará o ser humano usando asas que o permitam viajar de céu a céu, sem interrupções, sem enfrentar o trànsito maluco, ensurdecedor e homicida deste momento que se esvai sem retorno possível? Ou estará sendo transportado, instantaneamente, de um lugar para outro ou até para outros planetas, via INTERNET, ou algo parecido, sem sair de seu gabinete de trabalho ou de casa, tal qual ocorre, atualmente, com os arquivos, via computador ou através de colossais ou miniaturizadas, potentes e inimagináveis máquinas? Que estará pensando deste momento em que a violência, a impunidade e a falta de solidariedade, o desamor ao próximo andam lado a lado com as grandes conquistas e as grandes idéias? Ou terá retornado às cavernas e estará usando o arco e a flecha, novamente, sem sequer saber porquê?
Como será o Brasil, no ano 2025, quando terão passado os quinhentos e vinte e cinco anos de seu nascimento, com idade suficiente para se considerar adulto ou ainda um jovem adolescente? Ou terá surgido, neste colosso, uma nova civilização, como profetizam muitos?
O Brasil, que hoje enfrenta sua pior crise económica e social, terá conseguido ultrapassar esses obstáculos, com os sem terra, sem teto, sem emprego, sem aposentadoria, sem pensão, sem dinheiro, sem comida, sem consciência, sem caráter, sem cultura, sem educação, sem vergonha, sem cuidados médicos, sem ética política, sem piedade dos que tudo fizeram pela pátria, enfim os sem tudo em geral, a pulular e a povoar a sociedade insana que não vem cumprindo o dever de casa?
Existirao ainda a ONU, o NAFTA, o MERCOSUL e o FMI; este, que nasceu para ajudar os países destroçados e depauperados, após a Segunda Grande Guerra Mundial ( seria a última? ), mas que tanto atormenta as nações pobres e também as de imensos territórios e riquezas, como o nosso? Esta sanha que hoje é o bicho papão dos infelizes, que nada têm, continuará marcando o homem?
Impérios desmoronaram-se qual o soviético, que se fragmentou e desapareceu como um castelo de areia. Sem um toque. Sem um tiro. Apenas com uma exclamação! Outros, ainda se aguentam nas pernas bambas. Que acontecerá neste novo e impensável mundo, em que Pinochet, do Chile, é julgado na Inglaterra e premiado com a extradição para a Espanha, nos seus 82 anos bem vividos? Mas, com os outros ditadores, bem vivos e em pleno vigor, nada vem acontecendo ou daqui a algumas décadas se lembrarão de execrá-los e puni-los? Ditaduras ferozes ainda estão tão firmes, como a rocha. Às vezes, nem tanto, sendo só aparência, aguardando apenas um ponta pé inicial!
Este País, com todos os seus problemas e impasses, está tão forte, como a exclamar que daqui ninguém me tira, conquanto seus filhos clamem por misericórdia e desejem apenas trabalho e um pedaço de pão, por mais incrível que pareça! Não querem saber do comportamento da economia nem do economês, mas sim de como fazer para alimentar e alimentar-se.
Já se disse que este século seria a aurora de uma sociedade feliz, em que os seres humanos trabalhariam menos e desfrutariam de mais lazer, poderiam ocupar-se mais do espírito e do corpo e menos do trabalho árduo e a morte precoce não mais os atingiria, nem as pequeninas criancinhas, porque sanadas estariam todas as doenças, com as descobertas científicas, e as guerras e lutas sociais, raciais, religiosas e ideológicas seriam coisas do passado, sepultadas definitivamente na poeira dos tempos.
Não é isso, porém, que enxergamos, na passagem para o outro século, nesta caminhada célere do tempo, pontilhada de acontecimentos extremados e paradoxais. Falta alguém ( provavelmente entre os que virão das novas gerações) que saiba como dividir as riquezas, sem matar, sem espoliar os que têm, sem esmagar os princípios fundamentais que regem as relações entre os homens.
A previsão de que o homem seria vigiado dia e noite, em casa e fora, onde quer que estivesse, com os mais sofisticados instrumentos eletrónicos, já não é mera fantasia. Também a transmutação de genes de animais em vegetais, tornando-os mais resistentes e a engenharia genética, reconstruindo e reformando estruturas de genes dos microrganismos, plantas e animais, propõe-se a tornar estes produtos mais económicos e superiores em quantidade e qualidade, com todo cuidado que isso requer, para fazer face à fome que assola, não só o Brasil, como todo o planeta, porque é impossível barrar o progresso: o obscurantismo consegue impedir a caminhada do homem, por algum tempo, mas não para sempre.
A miséria ainda se faz presente, mais do que em qualquer outra época. A violência e o descalabro, a devassidão, o crime, praticado com extrema crueldade, a impunidade, a inversão de valores, tudo que se possa imaginar, fazem com que as esperanças fiquem prostradas. O homem perdeu a razão e a medida e não mais tem a consciência a pesar na balança da desaprovação de seus atos. Nada lhe importa a não ser saciar sua vontade, sem se preocupar com seu semelhante, ejetando a consciência para o espaço, juntamente com os satélites espaciais e sputniks, que foram a coqueluche, há cerca de 25 anos atrás ou meio século, se nos imaginarmos em 2025, e já pousaram na lua que deixou de ser o cantinho romàntico, íntimo e reservado dos namorados, porque o passado deixou de existir e ninguém mais se recorda disso nem acredita tenha o homem imitado e ultrapassado o pássaro e pousado fora da órbita terrestre. Muitas gerações passaram-se. A verdade, porém, é que cada época lega ao homem os sinais do passado, que marcarão para sempre sua vida e servir-lhe-ão de guia na escuridão das angústias e na cruzada do porvir: as gerações, sucedendo-se e alimentando-se umas às outras.
Tornou-se fantasia e lenda, como lendária é a história de ícaro, o do pássaro voador, como mitológicos se tornaram os deuses astronautas que povoam a imaginação do homem do século XX.
Entretanto, um país, como o nosso, com mais de oito milhões de quilómetros quadrados de área, quase totalmente despovoado, um verdadeiro continente, um oásis neste universo de catástrofes naturais ou provocadas pelo homem, um colosso lembrado nos versos do hino nacional e cantado e decantado, em todas as festas e solenidades que se prezem, não poderá ficar alheio nem ser desconsiderado, quando seus habitantes famintos e miseráveis clamam por uma solução urgente. Em pleno raiar deste novo milênio, não se resolveram ainda os problemas cruciais, porque os governantes continuam a preocupar-se com suas reeleições e eternizações no poder e com as contínuas emendas casuísticas e rasgos daquela Constituição, que parecia ser a eterna matriz, curandeira de todos os males. Ela continua viva, mais que nunca, mas toda costurada, emendada, qual obra de Frankstein, que, dizem, habitou a Transilvània, neste século que termina, sem deixar muita saudade, mas também com tantas coisas boas coisas que o homem inventou.
Não se há de perder as esperanças, porém. Uma nação de bravos está nascendo. Os jovenzinhos de hoje não são mais os de há três décadas atrás. Sua mente desperta entrelaçada indelevelmente com o computador, esta máquina do tempo futuro, no presente, com notáveis perspectivas de novas conquistas, é a chave de uma revolução jamais imaginada, iniciada, no final do século XX com projeção no próximo, pois a informática, como as grandes descobertas e a revolução tecnológica e espiritual , desbravam uma nova era para a humanidade: o ingresso na idade de ouro espiritual e moral: a comunhão da humanidade através da comunicação. E quantas novidades ainda virão!
O desemprego que hoje atormenta milhões de pessoas, sem qualquer perspectiva, poderá desaparecer, se o homem do futuro realmente tomar consciência de que é melhor viver para o bem, aproveitando todo o seu tempo, para as boas coisas, e enterrando o egocentrismo e o egoísmo para sempre.
A máquina está tomando conta de tudo, a passos largos, sem contemplação, fazendo tudo pelo homem, as grandes empresas fundem-se a cada minuto, e as pequenas são absorvidas, formando verdadeiras megalopes ou, como já disse, certa vez, um estudioso em matéria comercial, formam essas entidades verdadeiros estados dentro do Estado, esmagando cada vez mais o ser humano.
Os campos estão ficando cada vez mais desérticos de homens, animais e de vegetação, porque o Estado, que deveria protegê-los e orientá-los, afasta-se mais e mais e torna-se seu algoz. Os camponeses e agricultores abandonam suas terras, à procura de melhores condições de vida, nas cidades já abarrotadas de problemas insolúveis, que mais se agravam, em todos os setores, e, ao contrário, não lhes pode fornecer o que querem, porque grassam a falta de segurança, de emprego, de moradia, de alimentos; o trànsito está cada vez mais caótico e nem é preciso mais enumerar a trágica realidade, com o aumento incomensurável de famintos e pedintes (alguns nem tanto, por já se terem tornado profissionais imbatíveis nessa área).
Mas o que você espera do seu País no século XXI?
Nada que não seja impossível.
Que as crianças de agora, a elite pensante e os braços de amanhã, promovam uma verdadeira revolução, na sociedade e nos costumes, aproveitando o que há de bom, entre nós, aprimorem a educação e permitam que todas tenham escola e possam desenvolver seus dotes, criem mais empregos, porque, neste País, não falta o que fazer. Basta que os governantes de amanhã, os nascituros ou já nascidos, fomentem a volta ao campo, propiciando ensino e instrumental de utilização diária; provoquem a povoação de grandes áreas da Amazónia, porque a natureza é pródiga e piedosa, antes que outros povos ou governos o façam, pela força militar, o que é improvável, ou pela persuasão, que na verdade não parece nada fantasioso e já é realidade.
Que os governantes do futuro, porque, em relação aos de hoje, não há muito que esperar, enfrentem o desafio e ocupem o vasto território pátrio e desenvolvam melhores condições de vida e trabalho, melhores técnicas, para transformar o árido nordeste em sítio produtivo e paradisíaco jardim, o que não é difícil, pois algo neste sentido, já se iniciou, para atraírem os que se estão amontoando nos lixos das grandes cidades, sob os viadutos fétidos, nos bueiros e nas pontes, nas favelas mal construídas e perigosas ou nas ruas, ao lado de suntuosos prédios e palácios, que abrigam os grandes bancos e corporações, num contraste terrificante.
Que os governantes do futuro se preocupem mais com os idosos, porque não devem os governos dos homens julgar os já premidos pela idade, os inativos, os enfermos, que nada mais podem oferecer, neste momento, senão seu amor, sua experiência e relembrar seus feitos, ao impor-lhes sacrifícios insuportáveis, como se fossem os causadores da desgraça gerada por quem lhes não deu causa, esquecendo-se de que foram os geradores de riqueza material, intelectual e espiritual. Ou, então, se acharem melhor e mais fácil, exterminem-nos, como pretendiam certos ditadores, em todas as épocas, e que felizmente não conseguiram por em prática esses desígnios maléficos e diabólicos, todavia, mais cómodo.
Que os governantes se preocupem um pouco mais com as crianças, que se constituem na força intelectual e de trabalho do futuro e merecem a atenção que lhes não é dada, a não ser esporadicamente.
Que a polícia realmente seja eficaz e protetora da sociedade e esteja bem preparada para enfrentar os delinquentes dotados de poderoso e sofisticado arsenal, não os tema e ofereça a segurança tão essencial ao bem estar e à tranquilidade.
Que os criminosos sejam punidos adequadamente, sem comiseração, porque sociedade que se preze, não pode tolerar que continuem compartilhando do mesmo meio que desprezaram e feriram, fornecendo-lhes o salvo conduto para prosseguimento na caminhada do crime, com as contínuas comutações de penas e mitigação destas. A sociedade não mais pode tolerar esse comportamento devasso, que a torna extremamente vulnerável.
Que os direitos humanos, tão decantados, pelos juristas e notáveis de sempre, não se transformem apenas em bandeira a favor dos criminosos impiedosos e desumanos, senão no estandarte em prol de suas vítimas e de seus descendentes e dos deserdados da sociedade, lembrando-se de que estes realmente são os merecedores da proteção, que lhes é negada, demagogicamente, porque em relação àqueles o ibope é maior.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui