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Poesias-->Era Dezembro -- 16/12/2003 - 14:48 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na praça da minha cidade as luzes de natal envolvem as árvores com a forma das coisas sem idade, tomam corpo na escuridão do norte, saltam aos olhos dos senhores.



Na praça da minha cidade o coro de vozes ameniza o fardo do dia-a-dia, transporta famílias a uma moradia, sob a estrela da anunciação. Versa na alma penada desse povo desempregado, o doce embalo do sonho na realização.



Na praça da minha terra, círios acesos virgilham a noite embebida de frio e chuva. Enquanto a sensibilidade embala os corações aquecidos, enquanto as mesas das casas se afortunam de comidas e coisas, enquanto o padre dá a benção final a todos, e muitas crianças, filhos de boas famílias fazem de conta ou acreditam que vão ganhar presentes de papai Noel.



Na praça da minha cidade, enquanto homens fortes e bem remunerados erguem, sob muitas pompas, fitas, celebridades e aplausos a maior árvore de natal do país... a certa hora da madrugada, quando o silêncio se esconde envergonhado e os corações dos aprendizes se deliciam com toda obra feita, com toda fama...meia dúzia e meia dos nossos meninos e meninas passam caladas olhando os enfeites, assentam a beira da calçada e ao redor de uma granada de água, cheia de tóxico, cola de sapateiro, disputam ordeiros, um pouco do mal.

Na mesma praça, do outro lado da esquina, enfeitada com bolinhas azuis, sob o trenó parado, cujas renas estão no escuro, um mendigo pede ao outro um pedaço do pão, que ele encontrou no chão.



Lá longe, num outro bairro alguém chora, alguém se preocupa com a hora, alguém se preocupa com o que há de comer e beber, com o seu pequeno na escola, com a vida ou com o que se há de fazer.



Pense um pouco...alguém não tem algo, alguém chora de dor.

Os salões abarrotados de alegrias, souvenir, vinhos e fantasias...

A vida lá fora corre com o vento, pra secar as lágrimas de quem não tem um teto, um emprego e nem a onde ir.



Na praça da minha cidade ninguém tem atitudes...

Num país tão rico! Ainda se pode morrer, por falta de amores.

É tanta ilusão, um carnaval de contradições... acreditei um dia que nas luzes e nas coisas se vive o luxo da eternidade.

Precisamos de alguém, não precisamos de andores.

Somos reis, piratas e atores no meio do salão do tempo.



Na praça da minha cidade, senhoras e senhores, somos todos iguais, precisamos nos ver mesmo diante de nós, e ter a certeza do mundo, para então fazermos a paz.

Meu amigo só não volta à realidade, quem traz no peito a fuga de alcatraz.

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