Vamos manter os contatos
Bem restritos ao setor.;
Para quaisquer outros atos,
Precisamos do mentor.
Se alguma dúvida existe,
Neste ambiente feliz,
Não venha, co’o dedo em riste,
A esfregar no meu nariz.
Pois eu faço a minha parte,
Talvez até com vergonha.
É que não domino a arte:
Pareço mais um pamonha.
Cheio de muita vontade,
Eu venho para o trabalho.
Atenda com caridade:
Dê-me seu bom agasalho.
Só depois dum certo tempo,
É que noto a diferença:
P ra poetar levo jeito,
Sem ser essa a minha crença.
É que nem tudo consigo
Demonstrar com rapidez,
Pois eu sou do tempo antigo:
Não faço nada de vez.
Se preciso planejar,
Na poesia sou moroso:
É que compreendo que o amar
É sempre estado de gozo.
Caso haja sofrimento,
Há de haver um desperdício:
Sempre é causa do tormento
Algum desprezível vício.
Contudo, é melhor sofrer
Que viver nesta ilusão
De que temos bem-querer
Onde só há confusão.
Havemos de resgatar
Os débitos contraídos,
Para podermos gozar,
Em tempos melhor vividos.
Eis aí uma esperança
P ra quem vive num berreiro:
Não é certo que a criança
Deixa, um dia, o seu cueiro?
Pois, então, querido amigo,
Que tristeza é essa sua?
Medite um pouco comigo:
Que importa você p ra Lua?
O que lhe quero dizer
É que a Terra sempre gira,
Cabendo só a você
O proveito que retira.
Não há que desesperar
Quando as coisas não dão certo:
Mudaremos de pensar,
Se virmos tudo de perto.
Reformemos as idéias
Que trazem deformações:
Não existem panacéias,
No campo das ilusões.
Criemos forte coragem,
Ao enfrentarmos a luta:
Só levaremos vantagem
Com a alma bem enxuta.
Às vezes, nossas idéias
Não se apresentam tão claras.
Temos, então, cefaléias:
Essas não são dores raras.
Que fazer em tal momento
De tremendo sofrimento,
Em seu aspecto moral?
Só com fé na Divindade,
Orando com propriedade,
Afastaremos o mal.
Haverá quem nos ajude,
Tangendo seu alaúde
De muito conforto e amor,
Rogando, em suave prece,
Que, confiante, oferece
A Jesus, o Salvador.
Vamos, então, compreender
A força do bem-querer
Que nos une aos irmãos.;
Sigamos, pois, nessa trilha
P ra sentir a maravilha
Que é ter p ra quem dar as mãos.
O bom coração palpita,
Mesmo estando a alma aflita,
Pois é certa a sua fé.;
Com um pouco de paciência,
Vai demonstrar sapiência:
A vida é como é.
Aumentar os atributos
É algo de obrigação:
Os homens foram hirsutos,
Hoje quase glabros são.
Estamos pedindo vênia
P ra nossa comparação:
Ao nutrir a nossa tênia,
Morremos de inanição.
Ao alimentar, contudo,
O nosso sofrido irmão,
Vamos ter de fazer tudo
Com o coração na mão.
Só dessa forma estaremos
Cumprindo nossa missão.
Sem pôr força nesses remos,
Fracassa a navegação.
Sabemos bem, Wladimir,
Já ser hora de sair,
Posto nos aperte o peito.;
Mas, se fôssemos ficar,
Não iríamos mostrar
Que lhe devemos respeito.
Por isso, queira escrever,
Com ânimo renovado,
Ser o nosso bem-querer
Que nos mantém ao seu lado.
Ao Senhor, vamos pedir
Que abençoe a nossa gente:
Queremos evoluir,
Sem perdermos um somente.
Eis aí felicidade
Que não se compra na esquina,
Pois depende da bondade
Que o coração ilumina.
Adeusinho, caro amigo,
Não se perturbe com a gente.;
Ao se afligir, eu lhe ligo,
Ou vou fazer-me presente.
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