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Poesias-->O TRATORISTA -- 14/12/2003 - 13:11 (daniel oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sabia ele que almas ali aspiravam

E os nacos de nada

Constavam em sua panela como naquelas casas

Sete filhos

Sete malditos maltrapilhos ali respiravam

Tinha nove

A mesma cara de sanha

O mesmo semblante de fome



Mas não,

A ordem era clara

A propriedade

Privada

Como a vida, não de homens

Mas de velhos invasores gastos

Terríveis seres insolentes

Micróbios em plaqueta errada



Mas não,

A ordem era clara

Tu, o tratorista

Carrasco sem navalha

Apenas tu o trator

Apenas máquina

E no seu rastro barraco

Não casa

Mas invasores malditos em terra privada



Os gritos faziam coro

Com o rugir da máquina enfeitiçada

Contendo o romper do desespero

Outros homens e suas árias



Os olhos fitavam os seus

Através de lentes de lágrimas

O trator não cessava a rugir

_Avança! Gritava o dono d’alvorada



Tuas mãos agora rígidas

O manche não mais apertava

A realidade como farinha

Em sua garganta arranhava

_Não posso. Com os olhos

fez que não.

_Não posso pois eles são eu

e eu num posso não.



como assim não podia?

A ordem era clara

Passa com a máquina por cima

Arrasa essa gente sem lavra



_Não posso! Saiu pelos dentes

como quem baba pão

Não podia e a voz da polícia

Lhe dava voz de prisão



Era magro o negro

Em negra escravidão

Mas da senzala ascendia

E trator num tocava não

E teve início o dia

Numa manhã que não tarda a raiar

Nem tratorista arrasava barraco

Nem polícia podia forçar



O boné que na cabeça ostentava

Era ordinário como a história na mão

Cada calo uma verdade

Cada lágrima um samba-canção





Daniel Alves de Oliveira

Sabará-MG

Junho/2003

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