Olha lá para o negro abismo...
há azul,vermelho, até lilás...
Na retina,perturbada,em sismo,
tremem flores frescas assaz,
a areia milhões de branca,
a água incolor seda pingada,
que o teu coração levanta
em poeira da mais delicada!
Olha lá para o horizonte,
pássaros alados debicam...
Nas curvas oblíquas do monte,
as singelas crianças brincam:
fazem castelos pardos na areia,
delineiam seres semi- endeusados,
inventam como alguém que semeia,
segredos lívidos nunca confessados!
Olha lá para o planeta anil,
onde os homens parecem iguais,
coados por um simples funil
e são como bandos de pardais...
Onde se chora e ri ao mesmo tempo,
sendo a justiça um singular intento!
Olha para lá...ficando por cá...
desembrulhando o aromatizado maná,
que não precisa nem sequer de alvará.
Ama este abismo que parece tenebroso,
porque nele escreves, triste e pesaroso,
todo o enlevo do Amor que foi mero gozo!
Elvira:)
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