Se vamos falar da vida,
Façamo-lo com amor.;
Com a alma malferida,
São os círculos de dor.
Como sempre, o nosso início
Se apresenta devagar.;
É devido a este bulício
Duma mente a duvidar.
Mas, passados uns instantes,
Engrenado este motor,
Apagado o que era antes,
Escrevemos com ardor.
Noutros tempos, avançávamos,
Sem fazer caso da rima,
Nem as sílabas contávamos:
Mas isso não mais anima.
Agora somos prudentes,
Ao registrar nossos versos.;
Não há mais rimas pendentes,
Nem os temas são dispersos.
O treino foi proveitoso,
P ra conclusão desta obra.;
Versejar tornou-se um gozo,
Mas perfeição não se cobra.
Perdeu-se em velocidade,
Melhorou a precisão:
Mas, em questão de verdade,
Predomina o coração.
O médium não está tenso,
Mas confiante e otimista.
Pensa: "Se hoje não venço,
Sempre haverá quem insista..."
Quadrinhas mais trabalhadas
Exigem grandes esforços:
As telas melhor pintadas
Surgem de vários escorços.
Vejam só o exemplo acima,
Que demandou trabalhão.;
Comparem com esta rima:
Bolero com cantochão.
"Não me contento com pouco",
Diz o médium entre si.;
Mas, se não estiver louco,
Exultará mais aqui.
Corremos grandes perigos,
Em desafios atrevidos,
Contudo, temos amigos
Que já nos deram ouvidos.
Já levamos de roldão
Rimas muito mais difíceis:
Não é com forte emoção
Que se arremessam os mísseis?
"Mas, e a luz?" — perguntarão,
Relendo estas nossas trovas.
"Dentro dessa escuridão,
É que se dão nossas provas."
Já pensaram que castigo,
Muito mais do que infernal,
Ficar falando comigo?
É p ra pagar todo o mal...
Pensem só mais um pouquinho,
Nesta prova terminal:
Aguardar um bom carinho,
Mas só chorar neste val...
Você quer a perfeição?
Há de fazer sacrifícios.
Só no bonde da ilusão,
É que há lugar para os vícios...
Sendo assim, meu caro amigo,
Prepare-se p ra sofrer:
Resguardar-se em bom abrigo
Não fará você crescer.
O resultado das trovas
Muitas vezes nos engana,
Pois esconde muitas provas
Toda perfeição humana.
Era isso que queria
O nosso irmão escrevente,
Pois já é chegado o dia:
Abra-nos a sua mente.
Ao divulgar a poesia,
Não é preciso dizer
De quem foi a autoria:
Basta mostrar bem-querer.
Só fale em inspiração
Encaminhada do etéreo.;
Guarde bem no coração
A solução do mistério.
Use, pois, o próprio nome,
Bem ainda um pseudônimo:
Ninguém consegue renome,
Se publicar como anônimo.
Qual seria a importância
De ter nome conhecido?
Não há que ter vigilância,
P ra não vir a ser ferido?...
Com perguntas respondemos
À sua perquirição.;
Não quer dizer que não temos
Grande consideração.
Estamos, hoje, levando
Um “papo” muito importante,
P ra que vá considerando
Como tudo é relevante.
Ao chegar ao fim do dia,
O cansaço transparece.;
Assim acaba a poesia:
Está na hora da prece.
Eis-nos aqui, bom Senhor,
Dispostos a trabalhar.;
Com vossa bênção de amor,
Tudo vamos enfrentar.
Aceitai nosso desejo
Duma obra realizar
Que não nos cubra de pejo:
Quem navega sai ao mar...
Queremos prestar serviço,
Nessa área do evangelho.;
Assumimos compromisso,
Sendo jovem ou bem velho.
Perdoai-nos os arroubos
E até mesmo a intemperança.;
Mas castigai-nos os roubos
Que fizermos da esperança.
Se for preciso combate
Bem ferrenho, contra os vícios,
Dai-nos a força dum vate
Que não meça sacrifícios.
E na equipe deste lado,
A quem só cabe orientar,
Mantende o ardor elevado
E nosso dom de inspirar.
Só nos falta agradecer
Os favores recebidos,
Que iremos já devolver
Como bens distribuídos.
Adeusinho, caro amigo,
Volte em paz p ra sua lide.;
Se quiser contar comigo,
Abra a mente e me convide.
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