ETÍLICO
Livres de qualquer culpa ou remorso
O corpo e a mente
Embevecidos pela tontura do prazer
O som, as cores, os cheiros
Tudo em volta é mais brilhante
Os sentidos aguçados,
Embotados de alegria,
Sem medo, sem fantasia,
Só tua boca,
Ou qualquer boca,
Uma boca que me beije,
Ou finja que me ama,
E clame por meu amor
E minha dor,
Sem paz, em paz, jamais
Seria a mesma,
Sedenta, isenta, plena...
Roda, roda tudo,
Vertigem, a música ensurdecedora
E agora,
Bebida forte,
Sentir a morte
E a sorte de viver
Ali, só corpo solto,
Sem tempo, sem hora, sem pressa
Uma boca que beija
Mil braços que afagam
E esmagam os seios no peito
Um corpo suado, moreno,
Sustenta a leveza
Da cabeça vazia,
Só pele e alquimia
No copo, o gelo e o apelo,
A língua molhada em volta da borda,
Os olhos de perdiz,
ou meretriz,
Ou de quem apenas quis
Dançar e beber a vida.
Lílian Maial
Rio, 11/10/00.
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