MORADA
Das janelas abertas, onde pássaros treinam seu canto,
Por onde passeiam flores, nuvens e tempo,
Já habitaram, outrora, sonhos e planos,
Despejadas nas asas velozes do pensamento.
Nessas paredes caiadas de ilusão,
Sem a plenitude da razão e do desafio,
Tentativas frustras de chorar em vão,
Quando não existe nem mobília, nem vazio.
A presença sólida em cada simples cômodo
Impede o caminhar rumo à felicidade
Pois não há tornado, furacão, qualquer fenômeno
Que consiga destelhar essa saudade.
Enquanto o peito bate na tristeza de um soluço
O coração, porta de entrada, bombeia a mágoa e o desejo
Em ritmo de canção, melodia de arcanjos e bruxos,
Os olhos cerram as chances de esquecer teu beijo.
Lílian Maial
Rio, 10/10/00.
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