MAIS POR MENOS
Elane Tomich
Hoje, bem mais provável,
projeto de ternura imensa
meu beijo é fluidez potável.
O meu sinal de nascença
torna-me um ser contábil
de estrelar parecença.
Na porta da entrada de Vênus
um segredo desenhado,
hoje revelo por menos.
Menos, um mais acrescenta
ao toque da nostalgia
na alma, a opereta esquenta.
Paisagem abandonada,
a mais não querer partia
da vida, em nós de escalada.
Em ânsia de plataforma
mil vezes me vi plantada
num medo que me transborda.
Minutos de um relógio surdo
foram empilhados em forma
reta, de um criado mudo.
À mão, toque de alfazema
hoje, mais agradável,
ameniza meus dilemas.
Meu beijo de vinho tinto
move sonhos transportáveis
Nos delírios que consinto.
A paisagem foi embora,
deixando a esperança do verde
e um ai do lado de fora.
No meu quarto transparente,
sinto a cor que se perde...
Um pouco, sou gente e ambiente.
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