SILÊNCIOS
J.B.Xavier
Nos hiatos de silêncio
Que redefinem os rumos de minha existência
Sou apenas uma expectativa
Que se aninha no colo do tempo
Buscando compreender a eternidade...
Dedilho a harpa dos sonhos
Donde vertem resquícios de esperança
E sorvo o sumo de irresgatáveis lembranças,
Enquanto me deixo levar pela melodia da vida...
Pairam em mim sílabas impronunciadas,
Intenções de lindas intenções,
Viagens por melodias e arpejos,
Alguns sorrisos, alguns abraços, alguns beijos...
Aninho-me, aconchegando-me às minhas promessas,
Enquanto céticas, as retinas miram
Os vórtices de aventuras não vividas...
Lábios trêmulos diante do mistério
De uma ausência que jamais será esquecida...
Rasgo o peito em horas de melancolia
Em estéril palpitação afoita e nula
Enquanto sobrevivo à alegria
De te saber presente
Sem que te possa alcançar...
E se amar, enfim, é isso,
É essa suave dor que me consome,
É esse aguardar por teu retorno,
É essa alegria descontente,
Então, minha sentença e minha sina
É ter que te amar eternamente!
* * *
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