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Cronicas-->Cronica- Eu?Chato_São Paulo/Brasília -- 17/01/2003 - 22:35 (Filipe Lemos Gontijo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como cresceram os meus primos, me lembro do Guilherme com 4 anos caindo de cabeça da rede da nossa avó. Foi uma porrada que tremeu o chão. A mãe dele mandou fingir que não tínhamos visto, e ele não chorou. Muleque dóido.

Faló Petras, Guilherme e Leandro, que nosso próximo encontro seja por um motivo menos triste esse motivo que já não é mais tão estranho agora que estou mais velho. Falando em estranho, a maquininha solta um lazer no código de barras do bilhete de viajem. As coisas tão ficando modernosas e cheias de "pííín" e o pior é quando elas tem um tal "TÊÊEIM". Primeiro a mulher fez um "pip" discreto no meu cartão de embarque e agora o detetor de metais vem com esse "TÊÊEIM" xarope pro meu lado. Dois "TEEEIM" depois, já tinha tirado as moedas, a carteira e o celular, a mulher passou o detector móvel e meu cinto apitou. Usar esses apetrechos de velho dá nisso, disse meu irmão.

Sentamos nas cadeirinhas, como todo mundo, deixamos uma cadeira de distància dos desconhecidos e fomos reparar nos outros. Meu irmão tava com a língua afiada, descascou um mauricinho, segundo ele, baitola puxa-saco de velho. Segundo ele, o cara era do tipo aluno de direito, que quer se vestir igual velho, ser um sujeito respeitado, igual velho, e comer a empregada, igual um muleque. Meu irmão tá é recalcado agora que "virou" porra-lóca de piercin.
Não tive muito o que dizer, estava cagado, morrendo de medo de dar a usual vomitada aérea. Fui ao banheiro tomar metade de um Dramim, com água da torneira, claro. Vomitar no avião tem um lado bacana, cala a boca dos pirralhos que estão em volta. Da última vez ficou todo mundo fingindo que não me ouvia catarrar naquele saquinho e assoar vómito do nariz, mas nunca ninguém vomitou por minha causa. Acho que o saquinho não deixa passar o cheiro. Essa última vomitada merece umas 30 linhas, pra outro dia. Mas dessa vez não rola, derrama ou escorre vómito, o Dramim dá sono mas segura a onda.

-Passãngerums comdistinu a Ilhabela Porto Seguruumm e Salvador, ULTIMA CHAMADA, embarque IMEDIATO no portão 4.
-Leides and gentleman pliswelkomestrutsgollinhasaereaes Salvadóórr ridinnng gêit Fór.

Essa Gol é foda, não ensina as mocinhas a falar no microfone, é pura babação e geme-geme. Em inglês só da pra entender o "gêit fór".
-Passãngeruns comdistinu a Ilhabela Porto Seguruumm e Salvador, ULTIMA CHAMADA, embarque IMEDIATO no portão 4.
-LadiesAnGeitleman(...)Gêit fór.
Daqui a pouco essa aeromulher vai falar "quem ficar ficou, tamo atrasado porra!"

Meio-dia, beleza, já chamaram nosso "Gêit êit", a galera já tá na fila, ansiosa, esperando as crianças e velhos entrarem. Não sei se é a Gol ou o aeroporto XXXXX, mas fomos andando na pista, até avião. Foi quando vi a coisa mais bizarra do ano de 2003.

Meu irmão e eu, atrás de uma moreninha de cabelo alisado, vestidinho preto, um corpinho até assim-assim. Ela tava subindo a escada pra entrar no avião quando olhei pro tornozelo da donzela. Tinha uma tatuagem... meio difícil de enxergar, parecia um D que continuava até a frente, na canela.

"D" porra nenhuma, ela tinha tatuado OZ, com gotinha de sangue e tudo. O nome do seriado americano que fala da vida de presidiários super perigosos suas richas racistas, estupros, drogas, um enlatado de violência bacaninha, ali, nas pernas da moça. Como diria minha professora Sêga, muito kitsh. A moça deslocou reproduziu a "arte" em local inadequado.

A mocinha se dirigiu para o assentos dos fundo e nós sentamos perto da entrada. Dizem que se o avião cair, ele bate primeiro o bico e quem tá mais atrás tem mais chance de sobreviver. Pois é, se hoje o avião cair é capaz de acharem a tatuagem da donzela, com mais de uma gotinha no logomarca do OZ.

Muito bacaninha esse avião da Gol, as cadeiras são naturalmente inclinadas para a frente e na ora que "deitam"... deitam, harraerha, inclinam mais de 45XXX dá até pra ficar de coluna ereta enquanto o amendoim com cheiro de peido é servido. Bacaníssimo, super legalzão é ouvir a aero(dessa vez)moça, lendo uma propagandinha da Mastercard no microfone central do avião. Aquele microfone que normalmente é usado para "leides en jencemans uélcomabord denil erbús...".

As três aeromoças de cabelo tingido estilo mico-leão e colado de gel na cabeça, além da propagandinha no microfone, fizeram um sorteio da Mastercard no avião.

Três prêmios, sorteados de forma empolgante, tão empolgante que as pessoas demoravam a perceber quando eram sorteadas. A festa foi animadíssima, os vencedores recebiam o incrível prêmio com a cara maravilhada de quem sabe que prêmio de sorteio, embrulhado em papel bonito, só pode ser merda. Um dos sortudos estava mais ou menos perto de mim, ganhou alguma coisa que deu pra mulher. A véioca pegou os adesivos e guardou o presente naquelas bolsinhas porta-revista... no meu caso, porta-vómito.

Agora estou aqui, com a poltrona na posição inicial, esperando o avião aterrissar, lendo no encosto da poltrona da frente o endereço eletrónico e o telefone 0300 da Gol. Não aguento mais ler isso. O pior é que se for pra olhar lá embaixo corro o risco de fazer um showzinho pra concorrer com a Mastercard. Modéstia aparte, o meu show causa muito mais frisson.

Me despeço da aeromoça, quanta simpatia, ela se despede de cada um os passageiros e passa um aperto engraçado quando passam uns três ao mesmo tempo "boa tarde senhor, boa tarde senho, boatardenhor-boa, boa tarde senhor...". Era a mesma cabelo laranja que pensou que ia ser cantada quando pedi mais uma barra de cereal.
Meu irmão: "tú é chato heim?"
...chato não, a barra de cereal é boa. Um pouco seca, mas é boa.

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