A língua está sempre pronta
a despoletar novo léxico.
Apresenta a sua montra,
fala até do que é antiséptico.
Com displicência e desenvoltura,
a língua é veículo de cultura.
Sempre pronta,astuta,a inovar,
a língua frenética e curiosa.
Se alguém a não consegue alcançar
ela recua, ondeia e mostra a sua prosa.
Ela é infalível, acrobata do discursar.
Gosta da sua glosa gulosa apresentar,
quando outra língua a quer tragar!
Língua, casa do estar e do ser,
quente, húmida e voluptuosa,
a língua sabe quando nos aquecer
em dias de coito, de chuva saborosa.
Sempre pronta a verbalizar
vontades do mundo, maleitas perdidas,
a língua está sempre a recordar
verdades, mentiras,loucuras fedidas...
Por isso gosto de ti,língua,
porque és o meu doce retrato.
Contigo pavoneio sem míngua
as palavras e seu contrato,
porque,língua, fazes-me poderosa
no contexto do alfabeto farto.
Sinto-me do verbo purpura rosa,
violo e transformo o não grato
em poesia da mais formosa!
Elvira:)
|