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Artigos-->Cultura de quem? -- 22/05/2002 - 14:09 (Marcelo Rodrigues de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Cultura de quem?



Marcelo Lima



A cultura vive hoje um período duvidoso e problemático. Toda e qualquer expressão artística tenta sobreviver em um ambiente cada vez mais controlado pelos interesses econômicos.

Se você quer lançar um livro, uma peça, pretende produzir um curta metragem, ou até mesmo fazer uma exposição fotográfica, possivelmente terá problemas. Não porque seu trabalho é ruim, mas sim porque você não terá capital suficiente para apresentá-lo e dificilmente encontrará alguém disposto a patrociná-lo.

Em contrapartida, temos trabalhos e personalidades em todas as vertentes culturais que são tratadas como ícones. Como representantes daquilo que devemos achar de melhor. Mas será que são?

Com uma visão um pouco mais apurada, notaremos isso já em nossas casas. Na televisão temos roteiros de novelas mastigadas de outras mais antigas. Nas rádios, músicas enlatadas que retratam apenas a vontade das gravadoras que querem vender. Nos cadernos culturais dos jornais, vemos mais matérias pagas que muitas vezes apenas apresentam os trabalhos de uma minoria que têm dinheiro para contratar assessoria de imprensa.

Será que não existe nenhum dramaturgo que possa apresentar algo de novo para a televisão? Será que não existe música fora do que as gravadoras nos apresentam? Será que não existe cultura fora do circulo de amizades dos jornalistas e interesses dos assessores de imprensa?

A resposta a todas essas perguntas é sim. E qualquer um pode usar a razão e observar no teatro ou no cinema, como é tratada essa questão.

Por incrível que pareça, a lógica de tudo isso é bem simples. O que um artista faz só tem valor se puder ter retorno financeiro, isto é, valer alguma coisa no mercado. Os incrédulos podem dizer que não é bem assim, mas até um quadro de Salvador Dalí tem seu valor de mercado mais discutido do que sua representação cultural.

Nada contra o dinheiro. Mas a questão é que não conseguimos nem a oportunidade de termos nossos trabalhos apreciados e criticados. Existem obviamente os espaços alternativos onde essa cultura tem seu espaço. Mas seu alcance junto ao grande público é bem restrito, senão, nulo em muitos casos.

É claro que não podemos ser românticos o suficiente para acharmos que essa é uma questão fácil de ser resolvida, que os que detêm os meios para divulgar a cultura se sintam sensibilizados e dêem um espaço maior a todos os artistas e pensadores. Isso é o capitalismo e embora ele pregue igualdade de oportunidade a todos, na prática, isso não acontece.

Karl Max disse uma vez que, no futuro, em decorrência da globalização, todas as nações teriam uma só cultura. Ou pelo menos esse seria o caminho. O novo modo de ver o mundo não está sendo construído com base na crítica ou na oportunidade de escolha, mas sim naquilo que é pré-determinado. E ele tem por objetivo apenas o consumo, o que não deve causar espanto a ninguém.

Discutir o problema cultural, principalmente no Brasil, é muito complicado, porque esbarra em questões como o analfabetismo da grande maioria da população, a visão paternalista e arcaica dos detentores dos meios de comunicação e o egocentrismo de muitos de nossos representantes culturais que esquecem que estamos mais para o homem gabiru do que para Jean Paul Sartre. A impressão que se tem é que moramos em um grande feudo. E adivinha que são os “bobos da corte”?

Tentar ignorar que o capitalismo está presente em todas as facetas da nossa vida é um erro. Da mesma forma que dizer que esse é um mal necessário.Mas a questão está além de discutirmos os problemas, suas causas, mas sim termos idéias para uma solução, no mínimo plausível. Porque, eles, nós já conhecemos em maior ou menor grau e a grande maioria das pessoas já está cansada de frases de efeito soltas no ar e de oposição por oposição, apenas para fazer marketing pessoal.

Precisamos olhar para o nosso país. É um bom começo. Descobrir que nossa cultura também é rica e para a alegria dos empresários, com ela, eles também podem ganhar dinheiro. Discutir o que nos é apresentado e imposto, sermos mais críticos em relação a o que produzimos, para o que ele na verdade serve e para quem serve. Precisamos apresentar a cultura para quem realmente precisa dela, que é na verdade quem queremos que nos conheça: população.

Enquanto formos cidadãos acríticos em relação a nossa própria cultura, continuaremos vendo tudo o que temos de melhor morrendo, caindo no ostracismo, tudo em prol do capitalismo. Determinar o próprio destino do país é escolher o rumo que daremos a nossa cultura. E não lutar por ela é como se esquecêssemos de nós mesmos.









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