Usina de Letras
Usina de Letras
121 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62145 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13566)

Frases (50551)

Humor (20021)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140784)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6175)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O conto da árvore -- 05/06/2003 - 22:12 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muito antes dos homens nascerem naquele lugar já viviam as árvores, uma floresta inteira delas com seus frondosos troncos e seus longos galhos e belas folhas pintando de verde o planeta água.
Quem olhasse para aquelas enormes árvores que se estendiam até o céu não acreditaria que um dia elas já tinham sido pequeninas sementes e diminutas mudas, era assim que a vida se renovava eternamente naquela floresta desde que a terra tinha sido criada.
Assim um dia surgiu uma árvore muito especial em tal floresta, no bico de um passarinho que bicava as vagens que continham as sementes daquela planta ela foi carregada para ganhar vida na natureza.
Primeiro a sua semente voou nas asas de um passarinho até um galho distante e dele se desprendeu quando este foi limpar as suas asas com seu bico e depois voou com uma leve brisa, um vento que a carregou até mais ou menos o centro daquela floresta, ela caiu no solo onde iria germinar uma nova árvore, uma nova vida.
A chuva que cai todo fim de tarde tratou de afundar bem aquela semente e de ajudá-la a germinar com mais rapidez e em pouco tempo ela já era uma pequena muda à sombra das imensas copas daquelas árvores majestosas da floresta.
À medida que ia crescendo a árvore começava já a reconhecer aqueles que seriam seus parceiros pro resto de sua vida, os pássaros que fariam ninhos em seus galhos, os macacos que se alimentariam de suas folhas, as formigas que passeariam em seu tronco, as abelhas e beija-flores que polinizariam suas flores e as árvores mais velhas que estavam a sua volta e que lhe contava histórias de como a terra surgiu e qual a função e a importância para a natureza que elas exerciam.
Enquanto ia crescendo a árvore pode presenciar a mudança da floresta aos seus pés, quando chovia muito ela servia de abrigo para muitos animais, desde onças pintadas, bicho-preguiça até as pequeninas formiguinhas conviviam todos em harmonia em seus galhos e troncos esperando a chuva passar.
Ela podia ouvir o que os bichos falavam, a língua da natureza que só os animais e plantas podem ouvir, escutava suas histórias e lamentações, os pássaros sempre muito alegres a cantar, podia sentir da terra onde retirava seu sustento as mudanças, tinha a total percepção que o planeta inteiro seria um único e enorme organismo vivo, pressentia os perigos dos raios e do fogo, embora sua vista ainda não alcançasse onde eles estavam podiam ouvir e sentir o medo de suas companheiras árvores de algum perigo se aproximando.
O tempo foi passando e a pequena árvore foi crescendo,crescendo até ficar da mesma altura das suas companheiras arvores e lá de cima de sua copa ela podia vislumbrar toda a floresta que parecia um tapete verde até perder de vista.
De lá do alto a nossa árvore podia ver as revoadas de pássaros e sentir a chuva de fim de tarde cair e torcia para que os raios não caíssem nela, de lá também podia ver o fogo que de vez em quando matava uma parte da floresta.
Um dia a nossa árvore, que vivia bem no centro da floresta e já era uma das mais antigas da floresta, começou a ver umas luzes lá no horizonte, primeiro pensou que podiam ser estrelas, mas logo suas amigas arvores lhe disseram que não poderia ser pois não haviam estrelas naquele ângulo do céu, aquilo era na verdade o homem.
A civilização se aproximava da floresta e com ela o perigo de sua extinção, nossa árvore jamais tinha visto um homem de perto, só escutava histórias de que eles existiam em algum lugar e que dominavam o planeta devido a sua inteligência, mas que não a usavam para manter o planeta vivo, as arvores tinham muito medo do que poderia acontecer com elas quando o homem chegasse.
E foi assim que um dia um homem passou por baixo de nossa árvore e ela de tão fascinada esqueceu-se de sentir medo dele e o ficou admirando, sua forma de andar e de perceber tudo a sua volta, ficou fascinada com o homem que podia caminhar por todos os cantos, enquanto ela passaria a vida inteira plantada no mesmo lugar, ela podia ver as mudanças que aconteciam só por um ponto de vista enquanto ele poderia ver quantos pontos de vida ele pudesse ou quisesse.
Com o tempo, cada vez mais homens foram passando por baixo dela e as luzes no horizonte iam aumentando, sentia que a terra dava sinais de alerta e os bichos estavam fugindo para outras partes da floresta.
Um dia um casal de namorados deitou-se bem debaixo de nossa árvore e se amaram e ela ficou fascinada pelo amor, nunca soube o que era, eles então escreveram uma jura de amor em seu tronco, ela sentiu alguma dor, mas gostou da tatuagem que eles fizeram em seu corpo e assim aconteceram muitas vezes, crianças brincaram em suas raízes, pessoas choraram sob sua copa, perversos caçadores dormiram ao seu redor.
Até que um dia as luzes já estavam as suas portas, a floresta tinha sido toda devastada e ela agora estava cercada de prédios, casas e ruas por todos os lados, era a ultima remanescente de toda floresta, tinha passado estes últimos anos fascinada com os homens que andavam por deixo de si e esquecera de olhar para cima e a sua volta e ver que tudo estava sendo destruído, ela ouviu a terra reclamando mas já achava normal já que esta reclamava há muito tempo da dor destruidora.
Ela aprendeu a ouvir a voz dos homens pois esses também são obras da natureza e começou a entender o quanto eles eram perversos e gananciosos, mas mesmo assim não conseguia sentir raiva deles, nem quando derrubaram suas semelhantes, ela só não conseguia entendê-los.
Ela viu os homens se amando e se odiando aos seus pés, via seus filhos e a forma amorosa que eles o tratavam e por isso nunca sentiu medo deles, sempre acreditou nos homens e na sua misericórdia, podia sentir nos olhos que no fundo eles não eram tão maus assim, mas a terra lhe deu um alerta, um maior que todos que tinha sentido em toda sua longa vida, a hora dela estava chegando.
Cansada e arcada ela foi a ultima árvore a morrer daquela imensa floresta, os homens nunca a cortaram devido a sua beleza e imponência, era uma arvore muito frondosa e bela por sua folhas sempre muito verdes, alguns homens pensaram em cortá-la para abri novas ruas ou construir novos prédios, mas quando olhavam para ela desistiam, havia algo naquela árvore que os fascinava.
E assim nossa árvore morreu de velhice, muitos, muitos anos mesmo passarem-se desde que ela era apenas uma semente e depois uma muda até ter se tornado aquela imensa árvore, ela viu a humanidade crescer e sempre acreditou muito nos homens, ela era uma árvore especial e despertou uma consciência nos humanos que há muito tempo eles haviam perdido.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui