Agora deu a mulesta
é o começo do fim
é terremoto no mar
e quase morre tudim
umas cem mil espoleta
bateram a caçoleta
gente boa e gente ruim.
Dizem que o chão do mar
quando bota pra tremer
levanta água de baixo
que de onde ninguém vê
faz onda depois desdobra
lambe terreno de sobra
é coisa de não se crê.
Batizaram Tsunami
uma onda de coivara
mais alta que 10 jumento
que nem bico de arara
que se dobra para frente
lambendo todo vivente
que nem capim de apara.
Quand´ela chega na praia
num quer saber de cochicho
vem arretada de longe
come casa, come bicho
a natureza é braba
e quando quer ela acaba
como se fosse um capricho.
Na Ásia foi coisa feia
o aguaceiro se deu
na Indonésia e na Ìndia
muita gente lá morreu
e esse número não pára
essa ferida não sara
se um ente assim perdeu.
Pra quem não sabe do fato
eu vou tentar explicar
dizem que o chão se mexe
quando é lá dentro do mar
arresulta numa onda
que rolando vira bomba
na praia vai estourar.
Pega menino e mulé
pega véi, pega cachorro
só num pega quem tiver
atrepado em um morro
mas se a onda for gigante
arrocha que nem barbante
num carece mais socorro.
Arregaça, vira tudo
até vespeiro ela assanha
quem num quiser vai querer
se livrar de sua manha
se num morrer nessa hora
é a maior das gulóra
mesmo assim ela lhe banha.
Quando ela vem, ela ajunta
terra e telha com janela
galinha com cinturão
diadema com gamela
defunto com gente viva
chôrôrô dente e saliva
e monturo em cima dela.
Quem tiver vivo levanta
pensando que já passou
outro banho ele leva
com a água que voltou
e fica mais arranhado
todo, todo esgulepado
com a lixa que passou.
Essa foi a explicação
de um terremoto no mar
que somente uví de longe
contada pelo jorná
tou até arripiado
depois de lhe ter narrado
a onda que deu por lá.
Eu até uví falar
numa coisa que num sei
é difícil acreditar
eu mesmo num estudei
qu´essa tal de tsunami
essa onda tão infame
até mexeu com a lei.
A lei do tempo no mundo
o eixo de inclinação
dizem que o dia perdeu
do minuto uma fração
antonce também perdi
nessa onda que num vi
vou morrer de véspa, então.
Alembrei-me do carteiro
na hora de entregar
alguma missiva nossa
pras ilhas daquele mar
levando seu matulão
30 metros de senão
pois saíram do lugar.
Disséro também que o sol
na mexida desse eixo
vai mudar a pontaria
em alguém vai passar xêxo
pode até alumiar
só num venha me queimar
bem debaixo de meu queixo.
Eu num sei direito, não
onde o mundo ia parar
s´essa onda fosse aqui
Brasília tivesse mar
assim num dia de festa
deputado com a mulesta
no jetom a se banhar.
Os jornalistas ficassem
todos muito bem calados
os brasileiros na vida
não fossem comunicados
o carro bem que andava
depois de um ano se dava
notícia dos condenados.
Na verdade quis dizer
não é minha intenção
desejar o mal querer
seja em qualquer torrão
mas já se está em tempo
de nosso voto tão lento
mudar a nossa nação.
