UM  C0MPLICADO JOGO DE XAGREZ

João Ferreira

Um texto que nos deixa perplexos:

“O Conselho de Segurança da ONU tem “como mandato zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional.

É conhecido também por autorizar o desdobramento de operações de manutenção da paz e missões políticas especiais”.

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I

Repare bem, estimado leitor, a sinuca em que estamos metidos.  

Descobrir os objetivos de Putin ao invadir a Ucrânia e entender os segredos que estão retardando a resposta do Ocidente, é o segredo da sinuca de quem está querendo entender toda a crise criada pela guerra da Ucrânia. Vamos ver algumas pedras do tabuleiro de discussão.

Temos um Conselho de Segurança da ONU criado para proteger os países mas que na realidade teima em proteger apenas os Grandes Senhores que fazem parte do Conselho e deixa que os Pequenos Senhores sejam agredidos sem as necessárias medidas de proteção.

Querer racionar neste contexto é difícil.

II

Estamos verificando que a lei dentro do Conselho de Segurança vale apenas para Putin que invade e agride um país soberano investindo contra as leis que regulam a ordem mundial e é protegido pelo Conselho de Segurança.

III

A lei da ONU que obriga todos os países do mundo a respeitar a carta das Nações Unidas não vale no Conselho de Segurança para obrigar a Rússia a suspender sua invasão da Ucrânia...

IV

O veto exercido dentro do Conselho de Segurança da ONU mostra que a moral internacional está visivelmente em descrédito.

V

É certo que houve recentemente exemplos de imoralidade na invasão da soberania de países soberanos pela URSS, Estados Unidos e outras potências :

1 – invasão do Afeganistão pela URSS em 1979 com 8.500 homens destituindo do poder, e fuzilando alguns dias depois,  Affizullah Amin, empossando em seu lugar o títere soviético Babrak Karmal.

2- invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990 na disputa pelo petróleo, desta vez com um conselho de segurança ativo que autorizou a formação de uma força internacional de intervenção que gerou a chamada guerra do golfo em 1990-1991;

3-  invasão do Iraque pelos EUA em 2003;

4 - invasão do Afeganistão pelos EUA e aliados em 2011;

5- invasão da Líbia em 2011 por forças armadas de vários países apoiando a oposição na  guerra civil para derrubar o governo de al-Gaddafi, operação autorizada pelo conselho de Segurança da ONU. Putin vem repetindo esta imoralidade política legada pela própria URSS e  outros países aproveitando a débil reação ocidental para tentar se expandir, aparentemente interessado em reconstituir as antigas fronteiras da União Soviética.

VI

Vladimir Putin cujas intenções desconhecemos  aproveita com cinismo para expandir suas fronteiras invadindo,  bombardeando, destruindo, matando e conquistando cidades ameaçando até com armas nucleares.

VII

Para resolver a crise da guerra haveria três fronteiras a considerar  neste complicado jogo de xadrez.

VIII

De um lado está  a agressão russa em desobediência a todas as normas da ONU que regem o convívio civilizado entre as nações e os Estados.

IX

De outro lado, está a Ucrânia invadida e sofredora, seus pedidos de ajuda ao mundo livre e o sofrimento e a invocação da ilegalidade perante a invasão, cerco, e destruição.

X

Como terceiro elemento e como xeque mate neste jogo de xadrez estaria, de direito,  a  terceira fronteira que é o Conselho de Segurança da ONU.

XI

Estaria...Mas não está...

XII

Na contramão do direito internacional de países e cidadãos, é aí que está o busílis. No Conselho de Segurança.

XIII

O Conselho de Segurança que tem como razão de sua existência  “ zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional”.

XIV

Desmoralizando a essência desse mandato de zelar pela manutenção da paz, o Conselho, como está, exerce a imoralíssima norma de veto das potências que fazem parte do Conselho quando envolvidas em fatos ou crimes em que o Conselho é chamado a deliberar.

XV

Há saída¿

XVI

Acho que não há. Mas haveria, claro.

Não há porque há desigualdade e subversão de poderes. Há corrupção de uma lei que teria que ser para todos e vale apenas para os Grandes do Conselho. Não há porque em vez de lei de defesa da paz e da segurança internacional, na prática o Conselho prioriza privilégios dos mais fortes contra os mais fracos.

XVII

No fundo, há um alarme...

Na verborreia desencadeada em torno desse massacre do povo ucraniano, há um cenário que aparenta desolação.

XVIII

A gente pergunta se o Ocidente está com medo do ditador ou se está apenas cauteloso para não acirrar mais os instintos do ditador invasor que ameaça com armas nucleares.

XIX

Não sabemos se o ditador está blefando quando ameaça com armas nucleares ou se está apenas tentando realizar todos os seus objetivos de conquista e de vingança para com a Ucrânia e o Ocidente.

XX

Alguém me pergunta o que estão fazendo Biden, a União Europeia, a ONU, a OTAN¿ que não dão sinais de incômodo com as ações do ditador imperialista.

XXI

Diante do sofrimento e da crua destruição dos símbolos nacionais da Ucrânia, o meio político europeu e americano parece encontrar grande motivo para reuniões e discursos. Mas nada está sendo dito a não ser a ameaça de sanções.

XXII

Estamos numa guerra que não tem dia para acabar e com sérias ameaças de continuar por muito tempo.

Aguardamos as cautelas e as decisões corajosas do Ocidente que provavelmente já está de posse de dados fornecidos pela "intelligentsia" ocidental...dados que nós não temos...mas que provavelmente significam que estão esperando a exaustão do ditador ou outras ações mais perigosas que deverão ser enfrentadas... pelos líderes ocidentais.

João Ferreira