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Textos_Religiosos-->NOVICIADO MEDIÚNICO -- 23/02/2005 - 18:46 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER











NOVICIADO MEDIÚNICO







MARCELO E EQUIPE










Edição da CASA DO MÉDIUM

Rua Cinco de Julho, 1184
Indaiatuba — SP



ÍNDICE

Nota explicativa ...............................................
1. De volta .......................................................
2. Pressupostos ...................................................
3. Exercício revitalizador ........................................
4. Homenagem ......................................................
5. Confissão ......................................................
6. Terrorismo .....................................................
7. O bom caminho ..................................................
8. Carta ao escrevente ............................................
9. O benefício da dúvida ..........................................
10. Para encurtar o caminho ........................................
11. Aos médiuns principiantes ......................................
12. Esperanças .....................................................
13. Súplica de sofredor ............................................
14. Prece para os aflitos ..........................................
15. Normas de trabalho .............................................
16. Compromissos ...................................................
17. Socorrismo preventivo ..........................................
18. Prever para prevenir-se ........................................
19. Incentivo ao escrevente ........................................
20. Meditação ......................................................
21. Regalias do médium .............................................
22. O dia de hoje ..................................................
23. Revelando objetivos ............................................
24. Instruções particulares ........................................
25. Quadro vivo ....................................................
26. Diante de uma dúvida do médium .................................
27. Diante de outra dúvida do médium ...............................
28. Advertência ....................................................
29. Esclarecimento .................................................
30. Enriquecimento lícito ..........................................
31. Também o homem é criatura de Deus ..............................
32. Próximo passo: socorrismo mediúnico ............................
33. Participação socorrista ........................................
34. Sob inspiração de Emmanuel .....................................
35. Ainda sob inspiração de Emmanuel ...............................
36. Novas instruções ao escrevente .................................
37. Fraternidade ...................................................
38. Socorrismo vivo ................................................
39. Início de jornada ..............................................
40. Diante do mal ..................................................
41. Assistência fraterna ...........................................
42. O cálice das ilusões ...........................................
43. Perigo real ....................................................
44. Leituras necessárias ...........................................
45. A alegria dos socorristas ......................................







NOTA EXPLICATIVA





A Escolinha de Evangelização encarregou o irmão Marcelo de elaborar pequena obra de estímulo a quantos encarnados se sentissem chamados para os trabalhos da mediunidade ativa, designando-lhe escrevente que se encontrava inativo há cerca de nove anos. Através do preceptor Manuel, deu-se início à imantação e orientação do médium, o qual se preparara convenientemente para a tarefa, por meio das leituras mais relevantes do kardecismo. É importante ressaltar o fato, porque as mensagens que se vão ler tomam o escrevente como símbolo do noviço, muito embora esta seja a quarta obra por ele transcrita, havendo, nesta data, outras muitas prontas para a editoração.
O período englobado pelas mensagens vai de 26/9 a 1.o/11/89, tendo sido mantida a ordem dos ditados.
Quanto à qualidade dos textos, em seu aspecto formal, relevem-se as falhas do noviciado da equipe comandada pelo irmão Marcelo, pois se trata de grupo de alunos da Escolinha.
No que respeita ao conteúdo moral, procurou-se dar ênfase aos temas mais próximos dos leitores ainda não totalmente convencidos de sua possibilidade de intermediar os planos carnal e espiritual, na tentativa de demonstrar-lhes que a hesitação é natural, mas o trabalho, obrigatório. Nada melhor para ilustrar o fato do que o que ocorreu ao escrevente, o que vai ler-se a seguir.







1

DE VOLTA





Quando a pessoa se oferece para a vida, deveria estar alertada quanto aos possíveis fracassos e desilusões. No entanto, a quanto aspire, se compromete a não arrefecer, embora não saiba com certeza se vai evoluir ou simplesmente estacionar. Incrédulo é, e será sempre, todo aquele que sofre do desespero de não alcançar seus objetivos maiores.
Vimos, no transcorrer de nossas experiências carnais, toda sorte de mazelas, de enojos, de vilipêndios e a obsessão mesma de não poder traduzir em palavras as preces de antanho, da era em que estávamos somente envolto nos mantos sutis e etéreos do corpo espiritual, do perispírito. No mais, não temos outras observações, pois somente quem está a fim de materializar emoções e desejos pode, com segurança, afirmar se o caminho tomado corresponde à verdadeira origem, ao ponto de inércia inicial, de onde partiu para a confrontação. Não percamos o impulso e prossigamos para o bem de nós mesmos, uma vez que o arrependimento apenas marca as hesitações e os desconcertos da estrada da vida.
Ainda que estejamos propensos à revolta, temos de nos conformar com as necessidades cambiantes, já que a natureza enforma nossas possibilidades de desenvolvimento. A formosura é perecível, é transformável, é ilusória. Mais que tudo, precisamos conter nossos desarranjos mentais, para podermos usufruir em paz as benesses que nos foram oferecidas pela Divindade. Daqui para frente, só nossos mais puros sentimentos serão objeto de nossas preocupações, de sorte que possamos proporcionar-nos segura evolução rumo às categorias espirituais superiores.
Não veja nestas afirmações, meu amigo, nada que não seja a verdadeira justiça divina, pois o homem encarnado costuma atribuir a estas mensagens mediúnicas valores meramente especulativos. Não pense você assim. Saiba que a vida não se limita. Após o descerramento da individualidade encarnada, o espírito sobe para outros páramos de aspirações mais profundas, mais abrangentes, mais promissoras, a tal ponto que a simples referência ao fato de poder retornar à esfera da carne é motivo para que haja estremecimentos e desalentos. Entretanto, tudo o que nos advém deve ser, por certo, analisado, pesquisado, compreendido, já que nada deixa de ter sua causa superior.
Não esmoreça, pois, ao contatar conosco. Faça seu trabalho com benemerência, com boa vontade e você poderá sentir-se bem melhor, mais útil, mais próximo das verdadeiras causas que lhe deram origem à vida no orbe. Assim vai bem, mas é preciso ainda mais: é preciso honrar compromissos anteriormente assumidos, já que o encarne não se deu à toa. Existe toda uma gama de afazeres e seu espírito deve preparar-se para eles.
Convido-o a realizar prece de agradecimento a Deus e suplico-lhe que se disponha com freqüência possível a assumir esta posição de recebimento mediúnico. No mais, estamos sempre disponíveis, de modo a preparar textos de importância psicológica, não de méritos universais, mas com o escopo de advertir para o restabelecimento do vínculo com a verdadeira vida. Virtude extrema, enaltecimento de vigorosa capacidade não prometemos, mas sim a dúbia satisfação do dever cumprido.
Este cansaço de hoje, aos poucos, irá sendo eliminado e você ainda terá seus momentos de reflexão e repouso. Confie-se ao trabalho e organize sua vida com discernimento. Prepare seus apetrechos e não tema ser enganado, pois o amparo que nós lhe damos está configurado no plano de estímulo dos mentores espirituais que se encaminham para Deus, segundo princípios cristãos. Não tema e receba nossos fluidos para recuperação física e mental. Atenda à sua família, mas não olvide a sua extensa família que se situa neste nosso plano.







2

PRESSUPOSTOS





Este despertar visa à elaboração de prisma diferente, de visão global, a moldar nova fisionomia e novo arrebatamento. É inconsistente verificar-se se as ignomínias provêm de origens humanas ou de perversidades espirituais. Não importa se se sabem as causas dos crimes; o importante é saber quais as conseqüências para investimentos futuros de benemerência e cristianismo. Não se atenham a histórias miríficas, aterradoras. A calma e a tranqüilidade devem transparecer e as aparências não devem iludir. Ontem, quem carregava os fardos mais pesados eram tantos quantos faziam por merecer. Hoje, não só a ignorância medra, como também a maldade prevalece. Quem não estiver preparado para as injustiças humanas há de sofrer com horror.
Não se veja nestas palavras o augúrio de males insuportáveis. Antes, queira-se apenas entender que o homem está ao capricho de entidades malignas e poderosas, agrupadas e organizadas, à procura de esconder a luz que se espalha por todas as partes provinda da Divindade. Cada qual tem o dever de assumir seus compromissos, mas é inútil insistir: desacostumados com as verdades morais, muitos desacreditam, perdem a fé e se submetem ao jugo aterrador daquelas forças. Acabemos com isso, se pudermos, pelo menos dentro de nós mesmos, e sejamos capazes de compreender que o homem precisa mais de amor e de trabalho do que de justiça.
Valemo-nos desta pena para disseminar idéias de contenção, para que o homem progrida com maior presteza, maior felicidade e segurança. Vale a pena tentar. Não desanime você que está a meditar sobre a existência. Avance seguro, pleno de fé: Jesus propiciará o caminho, a verdade e a vida. Não receie comprometer-se com o evangelho e busque satisfazer as necessidades espirituais mais importantes, tais como a caridade e a benemerência. Não estabeleça vínculos com a maldade, pois o comprometimento com ela é mais tenaz, mais obrigado, mais cobrado. Não se valha de benefícios em desespero, mas das preces elevadas, que irão proceder à religação do homem com o Senhor.







3

EXERCÍCIO REVITALIZADOR





Marinheiro de primeira viagem, eis-me aqui para tentar transmitir algumas idéias que aprendi recentemente, junto às entidades educativas que cuidam de mim. Venho, há tempos, tentando prestar auxílio socorrista dentro de alguma organização espirítica conveniente, mas meus recursos, por serem pobres e parcos, têm sido relegados a segundo plano, de sorte que não acho nunca meio de facilitar o meu acesso a essas casas. Hoje, vejo-me em condições de atender a alguns princípios, segundo o critério de amigos que cuidam de pessoas em vias de se precipitarem nas sombras, através dos vícios mais grosseiros que se encontram junto aos homens.
Vamos revelar, então, um princípio revitalizador, qual seja: deve-se unir os dedos em torno da nuca e pressionar durante alguns segundos. Depois disso, encham-se fortemente os pulmões e deixe-se o ar sair aos poucos, durante tempo não superior ao dobro do que se usou para encher os pulmões. Em seguida, sem tirar as mãos da nuca, abaixa-se a cabeça até atingir os joelhos, estando naturalmente o indivíduo sentado. Deve-se repetir por meio minuto tal exercício.
Os resultados são surpreendentes. Calma tal adentrará seu organismo que você estará apto a recriar todos os momentos de sua vida, aceitando com muita harmonia qualquer sofrimento que, por carma ou missão, esteja obrigado a suportar.







4

HOMENAGEM





Dedos grossos do trabalho diuturno, mente aberta para os valores espirituais mais elevados, este é Chico Xavier, mestre em mediunidade, argonauta do saber, desbravador do mistério, nosso sempre bom amigo. Vai ele logo mais descobrir por si as verdades que lhe são reveladas a todo instante pelos amigos do Alto. Quem dele se aproxime agora pode usufruir paz e misericórdia, luzes emanadas de poderosa mentalidade universalista. Quando, porém, estiver aqui, a nosso lado, sua luz se expandirá em borbotões de luminosidade e não será fácil aproximarmo-nos dele, tão fortes e envolventes serão as emanações de sua personalidade. Mas quanto trabalho ainda está esperando por ele! Quanta misericórdia! Quanta bondade!
Hoje, as agruras do mundo perturbam-lhe a serenidade e sua vocação muitas e muitas vezes padece de socorro. Mas, depois, desligado das circunstâncias carnais, poderá, com muito maior vigor e força, deixar seu espírito ocupar-se das verdades maiores, de sorte que a pujança de sua alma o elevará para píncaros celestiais.
Não estamos dizendo isto por bajulação; não. É preciso distinguir, desde logo, nossos objetivos dos objetivos humanos. Estamos verificando tão-somente realidade que, de resto, é semelhante a muitas de outros espíritos igualmente sublimes. Queremos agora descartar-nos desta humilde tarefa de constatar fatos e desejamos imprimir, em nossa mensagem, a admiração profunda que temos pelo trabalho operoso, diligente, insano, desse trabalhador do evangelho, desse amigo do Cristo.
Que receba de todos os mais vivos agradecimentos e honras que cabem a quantos se disponham a cumprir, com modéstia, os ensinamentos de Jesus. A Chico, realmente, devemos atribuir grandezas de santo, pelo sacrifício pessoal desinteressado, pelo arguto conhecimento das leis divinas, pelo avançado e irrepreensível desenvolvimento de seus poderes de percepção da vida humana.
Rezemos por ele!







5

CONFISSÃO





Nesta jornada, nós propomos a nossos inimigos trégua de amor e de carinhoso ressarcimento de dívidas. Agora não temos mais pretensões a vingar-nos de cometimentos que outrora nos pareceram ter por objetivo prejudicar nosso bem-estar em proveito deles. Quiséramos que tal não tivesse ocorrido, mas o que está feito, está feito. É preciso ressarcir os prejuízos morais e espirituais causados por nós em vendetas de que não nos orgulhamos mais. Houve um dia em que tivemos a impressão de estar por cima, de ter ganho as batalhas. Vemos, entretanto, que perdemos a guerra, que estamos em profundo débito com muitos seres tão divinos como nós, isto é, de origem divina, criados por Deus.
Seria plausível se pudéssemos encontrar-nos com tais seres, que, sabemos, estão encarnados e espalhados pela crosta. Sendo impossível, queremos deixar registrada nossa disposição para este entrevero de amor para reatamento dos vínculos meramente espirituais,, no mais puro objetivo de evolução para todos nós, pois quem perdoa ganha méritos muitos para prosseguir em seu caminho para o Senhor. Sem isto, entretanto, jamais poderemos alçar-nos a novas esferas de progresso e ficaremos a marcar passo eternamente.
Só a confissão desse desejo não basta, mas prenuncia humilhação capaz de liberar de compromissos negativos, sem, contudo, afastar o dever maior de pagar o débito em sofrimento, quer em futura encarnação, quer através de muito trabalho socorrista, no plano espiritual. A tudo estamos dispostos, pois somos capazes de vislumbrar luz no fim do túnel.
Desejamos ainda emitir um último pensamento: a justiça divina é grandiosa e se realiza totalmente, quer na sublimação dos pecados, quer no castigo moral restaurador.







6

TERRORISMO





Quando clareou o dia, Nicodemos olhou através da vidraça embaciada e notou estranho movimento lá fora. Pessoas se aglomeravam em torno de pesado objeto que repousava no leito da rua. Imaginou logo que pudesse ser um meteorito, pois, durante sua vigília noturna, reparara em intensa claridade que, súbito, se apagara, acompanhada de estrondo muito forte. Pensara que pudesse ter sido bomba colocada por guerrilheiros para vingança. Não supusera outra coisa. Agora estava com impressão diversa. Já não mais lhe aturdia o fato de que alguém pudesse espalhar sofrimentos a seus irmãos, indiscriminadamente. Seu egoísmo, inclusive, anelava por fatos dessa natureza, que poderiam motivar sua vida, no sentido de dar-lhe emoções fortes e definitivas.
Correu para fora e percebeu que se enganara. O que estava ali jazendo no meio da rua era, na realidade, um corpo de homem, mutilado, quase irreconhecível. Era seu pai. Frêmito de angústia perpassou por todo seu ser. Pôde, então, saber que a dor que sentia naquele instante já fora sentida antes por milhares e milhares de outras pessoas cujos entes queridos tinham sofrido iguais atentados. Num relance, percebeu que precisava mudar de atitude, que precisava reagir a tais desvarios, que tinham por objetivo obscurecer as mentes através do medo, do terror.
As pessoas que assim agem estão organizadas e amparadas por forças do mal, que atuam no sentido de restabelecer elos anteriormente rompidos de ascendência e de poder. Não têm noção do mal que estão praticando contra si mesmas e não vêem, no resultado de tais ações, mais que atos necessários para cumprir desígnios nefandos.
Hoje, já não mais se vê Nicodemos desocupado: está percorrendo o país, pregando paz e união fraternal. Vive para ressarcir as faltas alheias e para trazer aos semelhantes mensagem de amor e esperança. Sabe que sua luta é inglória, que poucos resultados conseguirá sozinho. Embora. Sonha com o dia em que poderá apresentar-se ao Senhor e dizer:
— Não tive medo, enfrentei os desafios da guerrilha e cumpri o meu dever. Sei que pouco consegui mas tenho a consciência tranqüila. Faça-se em mim segundo os desígnios do Senhor. Amém, Jesus!







7

O BOM CAMINHO





O catálogo dos bens morais que ao homem é dado considerar sobrepuja em muito a tudo quanto pôde ser oferecido aos antevos, aos que viveram, sem terem perspectivas além das produzidas por sua imaginação e desejo. Quantos foram perturbados pela antevisão de castigos intemporais, a que estariam sujeitos, se transgredissem certas normas estabelecidas pelos sacerdotes de suas respectivas religiões!
Hoje, não. Agora ao homem são fornecidas pistas muito seguras, rotas de bem viver em harmonia com princípios salutares ditados e administrados por entidades espirituais de grande preeminência nas esferas superiores, pois estamos aptos a retransmitir conceitos de virtude e de excelsitude divinas. Claro está que, em todos os tempos, tivemos nós, enquanto mortais, a possibilidade de agir segundo normas morais de boa magnitude. No entanto, dadas as falsidades de que muitas vezes se vestiram tais regras, quase sempre se podia desviar do bom caminho, sob o amparo da comunidade religiosa investida de direitos temporais.
Ao homem se fornecem preceitos amplos que podem informá-lo de como proceder, na vida em sociedade e no campo individual, com total discernimento. Não há, pois, como se recusarem as boas razões, no intuito de se desviar dos caminhos retos. A evangelização é bem genérico e cabe a cada um, tendo um mínimo de espírito crítico, procurar a orientação segura que o levará a trilhar o bom caminho, segundo as normas do Senhor. Ainda que os meios tecnológicos modernos se ponham a serviço das hordas malfeitoras interessadas em interferir nos trabalhos de evolução e de captação de espíritos para as sendas do bem, ainda que muitos se dediquem a produzir vícios que embriagam e alienam muitos jovens, que se tornam indefesos às garras dos que, avidamente, os desejam para seus espúrios objetivos, ainda assim é possível vislumbrar as luzes que o evangelho do Cristo poderosamente emana e safar-se dos ataques e das ameaças dos demônios. Vamos concretizar, se possível ainda agora, nossa tendência ao bem, pois fomos criados à semelhança de Deus.
Será oportuno acrescentar que pessoas infelizes tentam, a todo momento, influenciar-nos para a prática do mal. Será justo orar por elas e procurar auxiliá-las realisticamente, mostrando-lhes que os ensinamentos do Cristo não são de pequena importância, mas sim de proveito para a vida além da morte, uma vez que o que se plantar será objeto de colheita.







8

CARTA AO ESCREVENTE





Meu amigo:
Saiba que aqui estamos a seu lado para cooperar com seu desenvolvimento espiritual. Muito temos feito para o progresso de várias entidades encarnadas. Você não ficará ao desamparo, a menos que queira, sozinho, enfrentar os duros labores da vida. Não seja, no entanto, renitente e vacine-se contra os vírus insidiosos do mal. Não precisa esforçar-se no sentido da compreensão da vida. Basta ser bom, ser generoso, amável, gentil, em suma, sábio, da esperteza dos estudiosos e dos que se dedicam ao próximo, na insana e, muitas vezes, ingrata tarefa de alinhar os benefícios possíveis da virtude, a quem não se importa com a própria existência e com a própria alma. Não inveje, não calunie, não assuma ares doutorais, deixe a pena fluir sobre o papel, rápida, sem medo de estar escrevendo em vão ou necedades.
Nós não temos desenvolvimento suficiente para ditar páginas de grande expressão estilística ou com o vernáculo apurado. Nossa vontade é de trazer algumas idéias repetitivas mas nem sempre seguidas. Basta olhar por aí, pela janela talvez, para perceber que algo não está de acordo com o que deveria ser, segundo a orientação divina.
O homem se perde, muitas e muitas vezes, observando tão-somente a aparência das coisas, sem aprofundar-se no exame das verdades que operam seu real significado mais no fundo, no cerne mesmo dos problemas e das situações. Vamos arrefecer nosso ânimo tão açodado por ideais menos nobres e ficar com idéias mais simples e mais humildes, de sorte a propiciar caminho seguro para almas também simples e humildes. Não importa quão elevado seja o intelecto; o que importa é a possibilidade de progresso quanto ao aspecto moral. Cada pessoa deve procurar ser digna de receber as mensagens, trabalhando com afinco para o bem geral, seja em grandes tarefas, seja em cometimentos de pouca monta. O que interessa é o bem que se possa realizar e como.
Veja, por exemplo, as formigas, que correm em seus afazeres mais comezinhos. Todas estão voltadas para o objetivo comum do formigueiro. Nem todas realizam seu trabalho, muitas se perdem no caminho, outras são desviadas e massacradas, mas todas estão solidárias com o bem comum, de forma que não se afastam de receber os mesmos benefícios.
Assim também os seres humanos que se desviam do rumo traçado sem, entretanto, desmerecer da glória do Senhor, porque guardavam no espírito os ensinamentos e, se não cumpriram a missão, ainda assim trabalharam pelo bem comum.
Vamos agradecer a Deus a possibilidade de entendimento de suas leis e de seus desígnios, e purificar o coração, afastando para bem longe a maldade, o egoísmo e os vícios, que tornam os indivíduos dependentes e, portanto, inválidos. Busquemos o melhor para a saúde física, mas não descuremos da saúde mental, moral e espiritual. Façamos mais leituras dignas e procuremos auxiliar nossos irmãos onde quer que se encontrem. Não é preciso ir a centros de recuperação para prestar socorros; basta que mantenhamos em nós os princípios da solidariedade e do amor ao próximo.







9

O BENEFÍCIO DA DÚVIDA





Eis-nos a percorrer esta longa estrada de trilhos sobre o papel. Nada existe mais gratificante do que chegar ao final da jornada mediúnica e encontrar página cheia de palavras instrutivas e de boa formação. É pequena vitória, cheia de vibração e de entusiasmo. Cada vez mais, nós nos empenhamos em elaborar textos claros e cheios de pequenas orientações, que possam vir a ser úteis para quantos os lerem e seguirem. Hoje nos dedicaremos a assunto de interesse geral: o benefício da dúvida.
Sempre que estiver a pessoa diante de boatos, é bom que não dê crédito às palavras ouvidas, pois poderão estar cheias de mentiras, de descaminhos. Poderão estar certas, mas isso raramente acontece. A maior parte das vezes, o boato visa a interesses subalternos, de sorte a desfavorecer o indivíduo-alvo. Cada vez que você estiver nessa situação, não hesite: procure meditar sobre seus sentimentos e veja se consegue atingir o cerne da própria dúvida, de modo que venha a compreender com exatidão o mal-estar, se estivesse na pele da vítima. No mais, aja segundo os ensinamentos que vimos assinalando e divulgando, todos fundamentados no evangelho que nos trouxe o Cristo Redentor, irmão maior e filho do Pai Eterno.
Por hoje, basta este pequeno capítulo despretensioso. Fique em paz, meu filho, e boa fortuna!







10

PARA ENCURTAR O CAMINHO





Quem resistir aos sistemas de informação deste lado da realidade humana deverá sofrer percalços muito sérios, a tal ponto que, mais tarde, se veja impedido, ele mesmo, de tentar, por sua vez, a comunicação, frustrando-se as suas expectativas. Cada vez mais, urge que as pessoas se predisponham ao contacto espiritual que vise a ensejar oportunidades de reflexão e aprendizado. Quem se recusar a isto impedirá, sistematicamente, o seu próprio avanço, no campo das conquistas espirituais, no sentido maior da compreensão da vida e da existência. Essa compreensão é essencial à evolução, dentro dos limites impostos à nossa natureza.
Afetivamente, intelectualmente e moralmente, o homem tem recursos para progredir sozinho, desde que cumpra os preceitos evangélicos mais comezinhos: os do amor ao próximo, da morigeração, do altruísmo, da abnegação, do desprendimento. Mas o avanço espiritual, aquele que nos leva ao contacto mais íntimo dos verdadeiros objetivos de nossa existência, esse deve fluir dos ganhos à exaustão dos bens que transmitimos diuturnamente em nossas mensagens.
Todo dia, estamos transferindo conhecimentos para a humanidade. Quando dizemos estamos, referimo-nos a toda essa imensa constelação de espíritos luminosos de grande magnitude, que se esforçam, em todo o orbe terrestre, por dotar os homens de conhecimentos quase científicos, conhecimentos possíveis baseados em estudos e experiências que só a vida do além-túmulo pode oferecer. Quem resistir a esses ensinos poderá ficar à margem de muitos conhecimentos importantes, que lhe dariam amplitude maior, que lhe abririam a mente para posteriores reflexões, que bem rápido lhe trariam benefícios no campo evolutivo.
Marchar para a frente, sem cessar, intimoratamente, é imprescindível para a realização dos desígnios maiores do Criador. Deus, em sua excelsa sabedoria, permitiu-nos avançar com rapidez. Aproveitemo-nos disso e perlustremos caminhos mais curtos, porque muito viajados e extremamente batidos. Caminhar por si pode levar o homem a paragens pedregosas, íngremes, abruptas, sem saída muitas vezes, de forma que fica muito mais penoso, o que pode favorecer o desânimo, a incompreensão e o desagradável encontro com as forças do mal, sempre prontas a desviar-nos do caminho da verdade.
Amigo, vamos trilhar juntos este caminho. Vamos percorrer quilômetros e quilômetros de mãos dadas, sem fugirmos ao nosso compromisso de acrescentar cada vez mais conhecimentos ao nosso pequeno acervo de sabedoria. Vamos, companheiro, por essa estrada da vida afora, pois lá estará, ao final da jornada, a luz do Senhor, perene e tranqüilizadora, a nos esperar para a glória da realização do ideal maior.







11

AOS MÉDIUNS PRINCIPIANTES





Eis-nos reunidos de novo para cumprirmos nosso compromisso de encaminhar mensagens de paz, amor e esperança. Aos poucos, vai-se configurando modesta ligação, mas eficaz, de sorte que ambas as partes já cumprem, com alguma eficiência, o ato mediúnico.
Basta ir preenchendo o papel, com as idéias que vamos ditando, que tudo estará bem. Fique sossegado. Relaxe. Não pense em aproveitar-se de imediato das idéias que lhe vão brotando na mente. Basta escrevê-las com desenvoltura. Concentre-se apenas nas palavras, uma a uma, que o texto terá sua formulação consagrada, terminada, acabada. Não esmoreça, não desanime e também não pretenda antecipar as idéias que vamos sugerindo. Assinale tão-somente uma a uma as palavras que vão surgindo, que vão como que brotando em seu espírito. Não queira corrigir nada agora. Talvez, mais tarde, se houver imprecisões, aí sim você poderá refazer pequenos trechos, substituindo, acrescentando ou eliminando uma ou outra palavra, para tornar a idéia ainda mais explícita.
Esta mensagem se destina exclusivamente a quantos queiram ajudar no mister de anotar os ditados que os espíritos prepararam no campo do estudo ou como fruto de sua experiência. No mais, iremos definindo, aos poucos, os percalços possíveis e iremos demonstrando como proceder para enfrentá-los e superá-los. Não se preocupe demasiadamente com o valor literário dos textos. É suficiente que sejam claros, inteligíveis e, sobretudo, honestos e moralmente elevados. No Evangelho, Jesus nos aconselhou a perdoar setenta vezes sete; pois chegou a vez de perdoarmos a nós mesmos, sem, entretanto, favorecer novos deslizes. Amanhã, quem sabe, teremos conosco a possibilidade de novos cometimentos no campo da intelectualidade e do conhecimento.
Vamos sustar aqui a nossa mensagem, desejando muitas felicidades a todos e agradecendo a boa vontade com que nos estão recebendo. A leitura será proveitosa, se o espírito se preparar convenientemente para receber as mensagens, isto é, se a pessoa realmente deseja, do fundo do coração, entender a realidade da vida e da existência.







12

ESPERANÇAS





Quando a superfície da Terra estiver toda ocupada pelas forças do mal, aí, e só aí, é que se poderá falar em orbe de dor, de desespero, de morte. Agora, ainda restam esperanças para a Vida, para o Sol, para o Amor, para a Formosura e para o Esplendor. Não vamos vaticinar atrocidades, catástrofes, hecatombes, pois estão por toda a parte. Inútil seria insistir no que estão todos a ver. Abrir os olhos, entretanto, para o avanço das forças malignas é mister de suma importância, para quantos se preocupam com o bem-estar da humanidade, para que possam evoluir nas sendas do Senhor Jesus, para a glória maior de Deus.
Hoje, vislumbramos esperanças de salvação, mas, dentro em breve, fenecerão até esses parcos e míseros sentimentos e aí a humanidade conhecerá verdadeiramente a dor. Não queremos ser mensageiros do desamor, não; isso não! Só queremos influir no sentido de que cada qual obtenha para si a felicidade possível, que advirá fatalmente do labor diuturno dedicado à salvação dos que perambulam incertos nos caminhos do infortúnio, mas aptos ainda a colher algumas rosas à beira da estrada do bem.
Caminheiros das sendas do Senhor, reúnam-se em torno da luz divina e poderosa daquele Mestre inolvidável, que nos trouxe o conhecimento da salvação. Reúnam-se em favor dos pobres de espírito, daqueles que pecam sem compreender a extensão do próprio pecado. Reúnam-se para salvaguarda dos princípios do evangelho e terão, vocês mesmos, garantida a partilha dos bens do Senhor. Favoreçam o coração, orando em benefício de todos. Não discriminem aqueles para quem forem pedir, mas realizem fervorosa prece, com o coração pleno de beatitude, de candura e de inocência. Visitem os enfermos em seus leitos de dor; procurem os encarcerados em seu martírio de isolamento; prendam os que pedem perdão, jungindo-os à corrente fraterna do amor divino, na esperança de atá-los definitivamente à cadeia amorosa do evangelho do Cristo. Favoreçam vida simples, cheia de pequenos progressos e conquistas morais. Preocupem-se com sua atitude no campo espiritual, para que possamos nós, por nossa vez, atendê-los em seus pedidos e orações, intercedendo em seu favor, na busca gloriosa do bem maior, junto às entidades que já culminaram sua evolução na esfera do orbe terrestre.







13

SÚPLICA DE SOFREDOR





Ontem, ainda estávamos presos a vários descaminhos, a vários males que provocamos. Agora, estamos redimindo-nos, em busca de conforto que possa tranqüilizar-nos, amparando nosso caminhada, fruto de muito padecimento e de muita dor. A atmosfera em que respiramos necessita de ares mais frescos e, por isso, estamos vindo para suplicar a vocês que nos amparem em nosso trajeto de redenção.
Rezem por nós, elevem suas preces com amor e solicitem que sejamos gratificados com intercessões cada vez mais poderosas, para que possamos realizar nosso destino de amor, na fé suprema que nos seduz e que nos ampara. Vimos, com todo o respeito, solicitar de vocês ato de carinhosos afeto para almas que ainda há pouco estiveram ligadas à carne e que se desprenderam em falta. Atendam a nossa solicitação e serão, vocês mesmos, beneficiados, pois nenhum ato de caridade será esquecido e vocês terão sua recompensa junto ao Senhor.
Fiquem com o Cristo e felicidades!







14

PRECE PARA OS AFLITOS





Cansados que estejam, vocês devem continuar prestando-se ao contacto mediúnico. Nós temos capacidade e possibilidade de restaurar as forças daqueles que se exaurem pela mediunidade. O consumo de energia é pequeno e o refazimento dela se faz por simples passe magnético, para o qual estamos aptos. Coragem, amigos, e fé no trabalho, que só ele será capaz de nos elevar e promover nosso desenvolvimento. Que cada um se conscientize dos méritos do seu mister e busque auxiliar a todos os que o procuram, sem medo de estar provocando destemperos no campo da espiritualidade.
Aqui nós nos organizamos em grupos socorristas, em que cada qual se ajusta a uma tarefa, segundo seu grau de desenvolvimento, seus méritos pessoais e sua experiência, sem exigências de outra ordem que não seja o puro desejo de servir, consoante as normas evangélicas ditadas pelo Cristo, em seu ministério de amor e paz. Mais tarde, poderemos encontrar-nos deste lado da existência e poderemos discorrer abertamente sobre o desempenho atual, estabelecendo as censuras cabíveis e as corrigendas possíveis, para superação das falhas a que todos estamos sujeitos, especialmente em se tratando de espíritos de tão pouca luz e de encarnados de tão poucos conhecimentos.
Agora, simpaticamente, propomos trégua para os nossos entreveros e solicitamos elevação das mentes para prece cheia de amor e carinhoso afeto por aqueles espíritos que nos procuraram, solicitando, implorando mesmo intervenções junto a familiares perdidos nos descaminhos das glórias mundanas.

Senhor, pai e amigo, vinde socorrer a todos nós, especialmente aqueles que, com tanta fé e confiança em vós, elevam as vozes e purificam os corações para receberem-vos em paz e harmonia. Senhor, amparai-os e dai-lhes vossa bênção de amor, segundo vossa santíssima vontade.
Gratos, Senhor, por todos os benefícios de que temos sido aquinhoados. Aceitai nossa humilde oferta de sacrifícios, em prol de todos os que padecem por seus entes mais caros. Aliviai-os de suas penas e dai-lhes a consciência do dever cumprido, para que compreendam com exatidão a necessidade da dor para o reerguimento moral e para o ressarcimento das dívidas.
Fazei de nós, Senhor, servos fiéis e cumpridores de nossas obrigações, de modo a facilitar a nossa própria redenção.







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NORMAS DE TRABALHO





Temos mais um pedido para fazer. Ponha-se à nossa disposição com o coração aberto e, cada vez mais, teremos oportunidade de oferecer mensagens sem máculas, transmitindo, sem interferências, nossos sentimentos e nossos textos de fraterna e pura amizade no Cristo. Não se preocupe com o que estiver escrevendo, se tem sentido, se as palavras estão adequadas, se o verbo está escoimado de falhas ou erros. Deixe para depois ou nunca mais, pois o que importa é cumprir o trabalho mediúnico. Quando você estiver sem medo de captar as mensagens, somente prestando atenção ao movimento de seu pulso, aí poderá ficar mais sossegado, vendo que a tarefa não é tão difícil. Bastará abrir o coração para os amigos que o cercam e ficar aguardando os elogios, que fartamente seremos capazes de fazer. Não pense, contudo, que os encarnados terão qualquer admiração pelo seu trabalho ou que a glória lhe subirá à cabeça. Cada vez mais, você se compenetrará de que o trabalho vale por si e não por méritos que possa estar tendo.
Vamos ficar por aqui, aguardando para amanhã outra sessão, que poderá vir a ser mais produtiva, se você se abstiver de intrometer seus juízos de valores nos textos que estamos ditando. Vá devagar, se quiser, mas fique à disposição tão-somente para redigir seguindo os impulsos eletromagnéticos que estamos imprimindo ao seu cérebro. Não é tarefa fácil para nós; colabore, portanto, de sua parte, não procurando interferir nem julgando ou comentando mentalmente. Vá escrevendo, simplesmente, mesmo que a caligrafia não fique boa. O razoável será mais tarde, quando estiver com tempo espiritual propício, refazer ou passar a limpo as linhas, que ficarão para sempre impressas nestas folhas de papel. Vá com calma e anime-se para receber mensagens cada vez mais extensas e cada vez mais seguras dos princípios espirituais.
Receba abraço afetuoso e cheio de vibrações positivas, pois estamos vendo que, aos poucos, você está liberando a mente para aceitar sem restrições as linhas que produzimos. Não se preocupe com picuinhas e com garridices estilísticas. Vá em frente e escreva, somente. Boa sorte! Buona fortuna! Não queira reproduzir textos em línguas estranhas para seu conhecimento. Nós também não temos esses mesmos conhecimentos e muito erraríamos se pretendêssemos aventurar-nos por caminhos desconhecidos, impróprios e alheios ao nosso dia-a-dia.
Como vemos que você está entusiasmando-se, no mau sentido, que você está achando que seu trabalho é cansativo, vamos por ora suspender nossas mensagens para não fatigá-lo demasiadamente. Vá aos seus exercícios, ao seu sol acolhedor e volte amanhã, com bastante vontade de apanhar das parcas migalhas que caem de nossa mesa; mesa que não contém mais do que essas mesmas migalhas, embora nosso desejo de riqueza espiritual seja muito grande, para o que estamos estudando com afinco e com amor ao próximo, pois todos os nossos ganhos se prendem ao que podemos fazer de bem.
Adeus, amigo, e predisponha-se ao trabalho.







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COMPROMISSOS





Aos poucos, vamo-nos integrando ao mundo carnal, de forma que estamos compreendendo, cada vez melhor, o nível de aspiração do povo; assim, cada vez mais, podemos afirmar que entendemos os desatinos que cada qual pratica, até muitas vezes em nome das verdades espiríticas. Isto acontece quando a pessoa se presta ao usufruto dos bens materiais à conta de espirituais, ou seja, pequenos confortos na interrupção do trabalho, como se fossem meditação profunda a respeito dos bens maiores, como se fossem internação de experiências importantes da mente.
Cada um deve ater-se a cumprir os seus precípuos deveres para com a profissão, para com a família, para com os amigos em particular e a sociedade em geral, de modo que faça jus ao benefício de momentos de repouso, nos quais poderá expandir seus desejos de ganhos espirituais, de bens imateriais e intangíveis. Agora, sem que o dever seja cumprido, não há como aspirar a bens maiores, pois estes estão intimamente ligados àqueles, sem dúvida nenhuma, através de liames muito fortes anteriormente estabelecidos, quando da confecção dos planos de vida, de comum acordo acertados entre os indivíduos e seus mentores e protetores.
Mesmo quando a pessoa está inconsciente dos eventos para os quais está sendo preparada, ainda assim resta, no fundo da consciência, desejo de progredir, uma vez que ninguém aspira ao mal, indefinidamente, quando se trata de si mesmo. Para os outros é que os males são desejados com intensidade, pois suicidas em espírito não existem, só quando integrados ao ambiente dos encarnados. Sendo assim, não se pode, em sã consciência, falar em encarne sem objetivo, dado que está sempre definida, no plano espiritual, a meta a ser atingida. Qualquer desvio de rumo poderá ser fatal para o cumprimento dos compromissos anteriormente assumidos, de sorte que as pessoas podem vir a ser impulsionadas para novas encarnações, com objetivos muito parecidos aos das encarnações frustradas.
Vamos revelar que os espíritos se prontificam a ajudar a quem se ajuda a si mesmo, quer sacrificando-se por ideais de amor e justiça, quer buscando a realização de benemerências e favores aos que, de alguma forma, padecem, sejam males físicos, sejam espirituais. O conhecimento espírita deve servir como base para o procedimento, de maneira que, aos poucos, as pessoas possam ir compenetrando-se de seus méritos e ir realizando tarefas cada vez mais importantes, sem, contudo, descurar de si mesmas, na concretização do trabalho a que estão moralmente jungidas. Cada interrupção poderá representar pequeno atraso e cada atraso será deplorado como perda de oportunidade de progresso.
Assim, solicitamos a todos que reflitam bastante a respeito de nossas palavras, que busquem realizar cada vez melhor as suas tarefas mais comezinhas, para obterem, ainda encarnados, a possibilidade de progresso que nos oferece o bom Pai celestial.







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SOCORRISMO PREVENTIVO





Agora há pouco, estivemos observando cena que se passou na rua, aqui perto. Pudemos sentir, porque fôssemos alertados para isso, que duas pessoas se encontravam em espírito, como se seus corpos jazessem em sono profundo. Estranhamos, pois, a esta hora do dia, tal fato é difícil de ocorrer, a menos que tais seres sejam capazes de transportarem-se a longas distâncias. No entanto, eram pessoas cujos corpos estavam a pouca distância e bem despertos. Ficamos intrigados e fomos investigar o que sucedia.
Na verdade, o encontro não fora fortuito: as pessoas haviam planejado encontrarem-se a essa hora, durante a vigília, para combinarem ato de verdadeiro suicídio moral: um assassinato. É claro que, de imediato, buscamos interferir, para que não se concretizasse a intenção. Parece que obtivemos êxito, pois protetores e amigos dessas entidades se puseram logo em ação, para coibir o latrocínio, pois o que se almejava era matar para roubar.
Como a humanidade está eivada de maus pensamentos! Já não se pode sequer repousar um pouco da insana tarefa de frustrar intentos malignos. Os indivíduos estão desarvorados. Já não se colocam freios morais e as pessoas não encontram em si meios de contenção dos instintos mais baixos a provocarem necessidades psicossomáticas de ordem inferior, de modo que o crime está generalizando-se demasiadamente. É preciso, à vista disso, ir à praça pública pregar contra os infandos atos de tortura mental a que são as pessoas submetidas pela divulgação insensata dos casos mais tenebrosos de carnificinas, de assassinatos, de roubos, de estupros e demais atividades criminais.
Graças a Deus, existem seres bondosos que se oferecem para ajudar a sanar tais dificuldades. Ainda agora, recebemos recado de que mais um crime está em andamento e, por incrível que pareça, envolve policiais, pessoas cuja missão é a de evitar a realização desses atos malignos. Pretendemos atender com presteza e já grupo de socorristas se afasta em direção ao local em que a vítima, assaltada por impressões premonitórias e temendo ser violentada, está emitindo vibrações de muito sofrimento.
Vamos deixá-lo por aqui, bom amigo. Não se preocupe com os casos que expusemos. Servem só para ilustrar como é importante pôr-se a trabalhar pela melhoria do nível de vida dos encarnados, de molde a propiciar-lhes oportunidades de crescimento moral, em busca de sua própria felicidade.







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PREVER PARA PREVENIR-SE





Aconteceu o esperado: o terremoto. Evidentemente, surpreendem os vaticínios de Nostradamus, mas devemos reportar-nos a previsões anteriores, às decorrentes dos atos dos apóstolos, às de que, mais ou menos tarde, o Sol se aproximará da Terra, segundo sua própria expressão, ou vice-versa, causando transtornos ainda maiores, pois a Terra fenderá em muitos lugares, devendo a humanidade toda sofrer com a catástrofe.
A previsibilidade dos acontecimentos está intimamente ligada às tendências do homem de querer calcular o intangível, de providenciar (no sentido de se tornar, ele mesmo, a providência divina) o poder de contatar o mistério, como se fosse entidade de supremo valor e conhecimento. Agora poderá sofrer com os eventos previstos, mas não tanto quanto sofrerá com os que ainda estão por vir, pois a humanidade sofre de mal maior, que está inserido em seus mecanismos de reações, em relação à moral. É preciso deixar de lado o desejo de levar tudo em vantagem, de querer aproveitar-se fisicamente do momento que passa. É preciso abster-se de contentar-se com a epiderme, para ir mais fundo na carne e sangrar o coração dos sentimentos, principalmente dos que decorrem do amor ao próximo, dos que vêm desenvolvendo-se a partir dos princípios emanados do evangelho do Cristo. Prevenir-se em lugar de vaticinar, de querer ser o condutor dos destinos da humanidade. Prevenir-se para poder deter em sua mão o poderio maior de ficar bem estabelecido diante do Criador, que, ele sim, pode tudo prever e considerar.
A humanidade percorre descaminhos: falsos profetas arvoram-se em sibilas capazes de prever fatos de importância, mas poucos sabem que são eles mesmos os feitores de seu destino, a facilitar o advento de premissas para o seu bem e de seus parentes, amigos e conterrâneos. Hoje, nós sofremos, com a humanidade, o penoso desastre desse terremoto; amanhã, estaremos encarnados, sofrendo, na própria pele, os terremotos morais, que advirão para todos os que não desfraldarem sua bandeira de paz e de amor pelo próximo.
Mais tarde, teremos oportunidade de falar sobre as leis que regem os fenômenos psíquicos e sobre aquelas que orientam os fatos materiais. Hoje, vamos ater-nos à pura pregação do bem, antes da lamentação: cada qual deve abster-se de prodigalizar idéias de desventuras e de desfavor dos benefícios. Antes, o incentivo que devemos dar ao amor é a alternativa possível, que nos conduzirá à salvação de nossa alma, no sentido de apurarmo-la, com a esperança de atingir o bem maior prometido pelo Senhor a seus filhos fiéis.
Graças a Deus, estamos atingindo progressos maravilhosos nos campos da ciência humana, capazes de levar a humanidade a previsões científicas sensatas e racionais, de sorte que poderão os homens considerar-se felizes por estarem prevenidos contra as desgraças físicas, podendo cada qual optar por safar-se ou por pregar a paz e a harmonia. Mais tarde, teremos oportunidade de observar a validade de nossas palavras, quando o mal tiver atingido a todos, sem distinção, mal que se esconde nas doenças e venenos morais.
Vamos orar, irmãos, para que possamos amenizar esse desassossego, sem pessimismo, mas otimistas de que nem tudo estará perdido, confiantes em que todos estão, a seu modo, evoluindo, na direção proposta pelo Senhor. Evidentemente, é bem suave tal movimento rumo à paz, mas é incessante e abrangente. Todos detêm alma capaz de aparentar seus desejos de fé, mas nem todos estão aptos a enfrentar o duro labor de procurar a salvação, através do desprezo de sua vontade passageira, em prol de ideais de fé, de esperança e de caridade.
A humanidade padece de males ainda insignificantes. Males maiores poderão ser individualmente evitados, desde que cada qual se compenetre da necessidade de realizar o bem, segundo os princípios evangélicos de Jesus, o qual padeceu por nós, enquanto encarnado, quando teve oportunidade de observar as agruras da injustiça e as dores do martírio, muito mais moral que físico, muito mais intelectual e espiritual que carnal. Hoje, somos capazes de compreender tal sacrifício, pois temos a nossos dispor as lições dos irmãos mentores que, a cada instante, sem se preocuparem com cansaços ou com desassossegos, saem a pregar as verdades que fluem de Deus.
Caros irmãos, pode parecer-lhes que nossa linguagem se apresente confusa. Saibam, no entanto, que iremos, mesmo assim, insistir, pois desta contumácia é que poderão sair os cometimentos mais saudáveis e ousados, em prol da humanidade. Parece pouco, é verdade, mas é muito quando se sabe que a pessoa deverá investir em si mesma, passando por cima das imprecisões lingüísticas ou da expressão pobre de que somos dotados. O valor está no apoio que estamos dando e nas providências que poderão ser tomadas para a divulgação das idéias em si e não apenas das palavras que se projetam, como jorro que descai da montanha e vai formando um lago, no vale abaixo. Esse lago irá aprofundando-se e estendendo-se, se as águas forem abundantes e constantes. Mas, se elas secarem, aí sim o lago também sofrerá e não mais estará apto a crescer.
Por enquanto, basta. Vamos retirar-nos, crentes de que, dia virá, nossas mensagens chegarão a grande número de pessoas, podendo abrir-lhes os corações para vida mais segura, segundo os princípios do Cristo.







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INCENTIVO AO ESCREVENTE





O sacrifício que lhe pedimos será louvado por você mesmo mais tarde, pois tudo que se faz em nome de Jesus e em benefício das pessoas não é desperdício, mas provoca lucros espirituais de elevado valor junto às entidades que presidem o mundo.
Vá devagar e escreva mais lentamente, se quiser, mas não deixe de assinalar os benefícios que estamos gerando em prol de todos. Por isso, você deverá divulgar as mensagens, que estão cada vez mais endereçadas às pessoas em geral, porque não nos interessa trazer notícias individuais. Nossa missão é a divulgação das idéias que levem a atitudes generosas, à procura de instituir, como princípio moral e como roteiro de comportamento, o amor maior pregado por Jesus. Não estamos solicitando publicação em periódicos, mas divulgação em caráter íntimo, para pessoas queridas. Estas, por seu turno, uma vez informadas e conscientes dos bens que se integrarão em suas personalidades, irão atuar em seus campos de ação, multiplicando o conhecimento de que se servirão para auxiliar o próximo, estendendo-se o benefício, bem aos poucos, paulatinamente, para todos os homens de boa vontade.
Não pense que esteja acrescentando palavras. Escreva simplesmente, pois estará revelando o nosso impulso magnético, aquele que estamos desejando imprimir à sua mão para conhecimento de todos.
Boa sorte, querido irmão! Volte constantemente ao trabalho mediúnico e saiba que seu desenvolvimento se fará sem interrupções, se você assim desejar e se estiver pronto para atender a este chamamento. O importante é não esmorecer e receber-nos em seu coração, com alegria e fé em que nosso trabalho é honesto e elevado.
Graças a Deus! é a expressão com que habitualmente encerramos nossa mensagem. É expressão cheia de carinhoso afeto e agradecimento ao Senhor, pela sua bondade de conceder-nos o privilégio de podermos realizar trabalho de mérito para nós e para quantos tenham dentro de si aspirações a crescer no âmbito da espiritualidade.
Vamos deixá-lo, agradecidos pela disponibilidade, fazendo-o saber que, para você, cada vez mais haverá afetuoso lugar em nosso coração. Podemos, finalmente, revelar-lhe que esta plêiade de espíritos que o cercam é constituída de amigos de outras encarnações, companheiros de venturas e desventuras, espíritos amigos capazes de propiciar-lhe momentos de paz e de alegria. Futuramente, quando nos encontrarmos em condições iguais, quando de seu desencarne, aí você poderá reconhecer-nos e aplaudir sua disposição atual em favor da psicografia.
Graças a Deus, irmão! Fique em paz!







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MEDITAÇÃO





O dia está destinado ao recolhimento espiritual. Todos nós devemos meditar com propriedade a respeito dos eventos mundanos mais simples, pois todos estão marcados de significados os mais diversos, de forma que a boa interpretação das ocorrências poderá levar-nos a adequada observação do motivo da existência, da razão que Deus imprimiu em seu ato de criação. Vamos ater-nos aos mais comezinhos fatos que podem desorientar-nos, se ficarmos apenas observando-os na superfície. Assim, eventos como um pássaro cantando ou farfalhar de folhas ao vento podem significar a presença augusta e majestosa da Divindade.
Até há pouco estávamos preocupados com a possibilidade de não receber a mensagem. Não é verdade, companheiro? Agora que estamos céleres escrevendo e a caneta desliza pelo papel, ilustrando ato mediúnico de psicografia, agora sabemos que Deus nos ampara e protege, de sorte que nele devemos confiar, entregando-nos ao nosso destino, com fé em que nossos problemas estão sendo pensados e orientados, de modo a facilitar-nos a solução deles, sem que nossa sensibilidade possa ficar prejudicada, aumentando nosso sofrimento neste verdadeiro vale de lágrimas. Ainda há pouco não sabíamos que rumo tomar e agora, elucidados pela meditação a que nos impusemos, somos capazes de vislumbrar soluções que nos trarão grandes júbilos, pois nosso espírito se anima e passa a trabalhar com entusiasmo, com denodo e até com tenacidade.
Ainda que em sofrimento e dor, o homem pode abster-se de lamentar a sua sorte, pondo-se inteiramente à disposição para trabalhos de elevado nível moral e espiritual, de maneira que, aos poucos, irá compreendendo que a eficácia das preces se traduz na verdadeira orientação que lhe é dada para superação de seus males, quaisquer sejam eles. Agora podemos ficar tranqüilos pois, através de nossa meditação, podemos suportar melhor a dor e o sofrimento, pois compreendemos a sua verdadeira natureza, talvez não tanto sua causa, mas os benefícios que como conseqüência nos trarão. Ainda uma vez podemos verdadeiramente entender o significado do desespero, quando parte de corações feridos para a glória maior do amor ao próximo, segundo sua intenção, sua extensão e sua compreensão. Não vamos desenvolver temas filosóficos de capital importância. Vamos, sim, simplesmente, estabelecer, de modo prático, o valor moral da meditação em momentos de dor, qual seja, o poderoso reequilíbrio que leve mesmo a avanços morais, pois a cada um é dado suportar, uma vez que a dor é adequada à força que se encerra em nossa personalidade.
Calma, tranqüilidade, confiança e fé em Deus e nos depositários de suas ordens são princípios que devem reger o nosso comportamento, quando afetados estivermos por preocupações ou por obstáculos de qualquer natureza. O nosso prisma de visão pode estar obstruído por enganosas interpretações dos fatos cotidianos, tais como moléstias em família, desarranjos financeiros, frustrações profissionais e demais itens que soem aborrecer os seres encarnados. Tais preocupações não devem ser evitadas, pois são do natural humano, são recursos até de que se servem as entidades mentoras do orbe para favorecer o desenvolvimento de cada um, dentro dos limites, é claro, das possibilidades morais de que o arcabouço de sua personalidade está formado.
Queremos registrar que nunca será tarde para se compenetrar o homem de seu poder de reerguimento, por mais que sofra. Basta, para isso, contar com o concurso de seus amigos em ambos os planos da realidade. Se recorrer aos encarnados, encontrará abrigo nos corações generosos que se prontificam ao auxílio com boa vontade, desprendimento e muito amor ao próximo. Se for em busca dos amigos da espiritualidade, conhecendo, portanto, fatos da vida espiritual revelados mediunicamente, terá poderosa ajuda, amparo de grande significado, pois as vibrações que emitimos são capazes de restaurar perispiriticamente qualquer desajuste. É necessário para isto, entretanto, que a pessoa saiba comportar-se, saiba proceder em harmonia com os ensinamentos do Cristo, que se encontram registrados nos Evangelhos e são constantemente lembrados e repetidos nos centros espíritas, quer nos estudos que preparam as sessões, quer nas comunicações dos doutrinadores, dos mentores e dos guias. Quem se dispuser a isto terá amparo amigo de prece coletiva, de vibração maior, para que venha a se compor com a natureza humana, para que venha a se ajustar ao equilíbrio que lhe é exigido para poder superar suas deficiências e adentrar, cada vez mais, nas esferas do amor divino e da compreensão infinita do bem maior.







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REGALIAS DO MÉDIUM





Satisfeitos estamos com sua disposição. Não é preciso aguardar orientações específicas para cada texto. Basta ficar atento e deixar, como repetidamente colocamos, a sua pena trabalhar para nós. Saiba que, aos poucos, nossas mensagens irão aperfeiçoando-se, pois também nós estamos em fase de aprendizagem. E não poderia ser de outra forma, pois imperfeitos somos todos, nos dois lados da realidade. Não escreva senão através dos impulsos que transmitimos. Deixe para interpretar a mensagem durante a leitura que, posteriormente, com certeza você fará. Agradeça a Deus a possibilidade do trabalho e manifeste sua alegria com sorriso amigo nos lábios, enaltecendo o que de valor você vir na realização do próximo e censurando, criticamente mas com a promessa de solução e de recomposição, na busca do aprendizado do bem maior. Não force interpretações. Não torne dúbia sua mente, mas proteja-se dos maus pensamentos, através da oração e da meditação. Este conselho, evidentemente, será de proveito seu, mas todos os mortais podem aproveitar-se dele, pois encerra princípio de ordem bem geral. Ainda ontem preocupava-nos a sua irresponsabilidade no campo da mediunidade. Agora estamos satisfeitos e prontos a encetar trabalho de grande fôlego.
Não se preocupe em realizar tarefas gratificadas ou obras de escritor. Caso queira, assim poderá proceder, pois, para isso, Deus lhe deu o seu livre-arbítrio. Mas saiba que ficaremos contentes com algum tempo que possa destinar a nós, o que virá a justificar nosso trabalho socorrista, o qual se prestará a quantos se dispuserem a compreender qual é o segredo da vida.
Não se atormente tentando encontrar palavras mais apropriadas para interpretar nosso ditado. Você poderá fazê-lo mais tarde. Escreva com a desenvoltura de que seja capaz, que nós faremos a nossa parte. Vá escrevendo palavra por palavra e deixe para mais tarde o refazimento das frases, adequando-as ao vernáculo. Procure não deturpar o sentido, imprimindo novos valores aos termos; pesquise antes modo de usufruir, você mesmo, a bem-aventurança, a regalia de obter informações de ordem espiritual e prepare-se para sua divulgação, iniciando pelos seus familiares, expandindo as informações aos poucos. Para nós, o importante é transmitir o texto. Se for passado ao conhecimento dos humanos, será ainda melhor e nosso mister se completará. Não se preocupe, no entanto, com a segunda parte. Ponha-se à disposição para os ditados, que nós acharemos meio para cumprir a divulgação.
Gratos, amigo! Fique na paz do Senhor!







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O DIA DE HOJE





Amanhã será outro dia. De certo, porém, o que se poderá dizer sobre ele? Que o Sol nascerá radioso? Que a Lua brilhará, iluminando a escuridão da noite? Que os homens trabalharão e progredirão? São generalidades. Mas de modo particular, preciso, definido, justo, impecável? Sem dúvida nenhuma, nada com certeza, pois o amanhã será o advento de nova jornada, será mais um dia a ser acrescido, a ser contado e somado, e não ainda pronto, acabado, determinado. Hoje, temos certeza do ontem e do agora, mas do amanhã, só o Pai, que é eterno, da eternidade incompreensível para nossa pobres mentes pouco evoluídas, só o Pai pode, com total precisão, indicar à criatura, se for de seu desejo, quais os eventos que ficarão gravados como característicos daquele dia.
Agora, mais que nunca, devemos preocupar-nos com o dia de hoje, o dia em que crescemos ou estagnamos, o dia em que temos de estudar para progredir, o dia em que nosso trabalho poderá vir a frutificar em nosso benefício. Oremos, pois; ergamos súplicas e preces para que sejamos amparados em nossa journée (em francês, para não nos confundirmos com a precariedade do termo em português), em nossa caminhada rumo àquele dealbar majestoso que espera por nós, após nossos atos de benemerência e de amor.
Façamos como na Bíblia se determina: façamos tudo que está a nosso alcance, aqui e agora, para podermos justificar nossos títulos e honrarias que, esperamos, estejam à nossa espera, quando se efetuar o cômputo de nossos méritos, após a nossa despedida. Andemos atentos para com nossos compromissos morais. Tenhamos perto de nós a medida do saudável, do plausível e do desejável. Saibamos dosar nossas atitudes, para podermos controlar nossos sentimentos e nossas paixões. Desempenhemos o papel que nos foi reservado e aceito, com boa vontade, com descortino moral e espiritual. E salvemos nossa pele, no sentido de pautar nosso procedimento em harmonia com os ditames das leis de Deus e do evangelho do Cristo.
Coragem, irmão, e fé nas possibilidades de nossa personalidade. Controlemos nossos desejos e saiamos dessa avidez que nos aflige, quando estamos em vias de tomar decisões que possam vir a prejudicar-nos ou a facultar lucros materiais. Saibamos distinguir, em nossos critérios de julgamento, o que irá redundar em malefícios do que irá propiciar avanços morais imperecíveis, grandiosos, grandiloqüentes, no sentido de serem os nossos porta-vozes, para a contagem a que acima aludimos. Tenhamos fé na justiça de Deus, confiemos em que se dará ao término de nossa jornada e preocupemo-nos, definitivamente, tão-somente com o dia de hoje.







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REVELANDO OBJETIVOS





Os temas técnicos ou científicos, que são caros à mente dos encarnados, pois fazem com que se sintam assombrados, estão reservados para uns poucos espíritos de muita luz e vibração. Nós, no geral dos espíritos que roçam o plano carnal, estamos ainda muito distantes dos necessários méritos, para podermos delongar-nos a respeito de temas tão precisos e tão difíceis. Hoje, mais que nunca, temos por obrigação restringir-nos a pequenas orientações de caráter moral, que são o alicerce com que podem contar os homens, para erguer seus lares e suas casas de assistência.
Caso nossos amigos maiores queiram fazer uso deste instrumento para marcar conhecimentos novos no campo científico, só a eles cabe decidir sobre se será útil ou perniciosa tal atitude. Às vezes, as pessoas se sentem diminuídas por servirem para contactos mediúnicos de pequena intensidade. Tal não deve ser sua preocupação, pois toda manifestação servirá para o enaltecimento dos trabalhos e para o acrescimento de méritos para o cômputo ao final do encarne.
Agora, devemos ater-nos aos nossos objetivos, limitados, evidentemente, por nossa capacidade e pela judiciosa deliberação que vem dos espíritos maiores. Aguarde o dia em que fenômenos de maiores extensões poderão ocorrer ao seu derredor. A nós, cabe apenas satisfazer princípios de ordem moral elevada, buscando não iludir, fazendo projeções que possam, mais tarde, se não concretizadas, ser motivo de desalento.
Vamos, como estamos acostumados, levando a nossa vidinha, escrevendo nossos pequenos e singelos textos, na busca de revelar ao homem encarnado apenas e tão-somente as mais comezinhas verdades, as quais, parece-nos, estão encontrando dificuldade para serem compreendidas pela maior parte dos encarnados. Não é fácil esta tarefa e é grandiosa, pois, a partir da compreensão dessas verdades espiríticas, é que o homem comum poderá empreender sua recuperação, por meio da eliminação de seus defeitos, do saneamento de suas falhas, do perdão de seus pecados. Agora, é trabalhar com afinco e aguardar novas instruções, pois, quando o trabalhador está preparado, trabalho não há de faltar.







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INSTRUÇÕES PARTICULARES





Ao amanhecer do dia, estivemos reunidos para considerar o auxílio que temos recebido e temos a grata satisfação de poder prepará-lo para novas tarefas. Aguarde novas comunicações para os próximos dias. Permaneça com o espírito atento para não prejudicar seu desempenho e saiba que procuraremos, cada vez mais, efetuar ditados mecanizados, desta forma como está ocorrendo agora. Aguarde palavra a palavra, não se precipite e escreva desenvoltamente, buscando cumprir sua tarefa com proficiência.
Veja se é capaz de empreender leitura mais escorreita e atenta da obra que está sobre a mesa . Possivelmente, ela lhe servirá para a compreensão do que vimos dizendo a respeito da mediunidade. Vá com calma e procure alternar momentos de lazer com a leitura, para vir a restaurar suas forças e possibilitar aos espíritos que o cercam o conhecimento de novas luzes, de novos ideais, de novos métodos e rumos que possam vir a ser impressos em nossos contactos com os viventes.
Acima de tudo, procure conter os impulsos de rancor e de ódio, mesmo que sejam generalizações, e abstenha-se de comentar fatos políticos ou de ordem geral que ocorram sobre a crosta, sem, contudo, ficar isento de observar, de analisar e de criticar o que esteja sendo feito por maldade, por vício ou má fé. Não arrede pé de seus afazeres, daqueles compromissados e constantemente assinalados por nós, mas fique liberto para poder desenvolver-se, quer mentalmente, no sentido da compreensão da vida, quer moralmente, no sentido da compreensão dos fatos espirituais, que, no fundo, são os mais importantes, pois são os que o homem carrega consigo quando vai falar com as autoridades que presidem ao desenvolvimento da vida humana, quando se dá o reatamento das realidades.
Vamos ditando texto improvisado, por isso essa sua dificuldade de compreensão, mas não precisa ficar preocupado. Você verá, daqui a pouco, que existe nexo a atrelar as idéias, assim como carro e animal não se parecem entre si, mas, quando juntos, prestam inúmeros favores ao homem. Vá devagar e veja que pode atingir princípios de benemerência, que pode conseguir satisfazer os seus desejos de antes do encarne.
Vamos ficar por aqui, augurando-lhe um bom dia, bem proveitoso, e disposição para o trabalho que estamos preparando. Fique com o Cristo!







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QUADRO VIVO





Vamos proporcionar-lhe uma das experiências mais importantes do espiritualismo redivivo: a materialização dos benefícios que são proporcionados pela Divindade e que se realiza nos cursos de treinamento metafísico e metapsíquico. Até ontem, não sabíamos direito como realizá-la. Agora, temos certeza de que é possível e de que virá a ser de grande auxílio para a humanidade.
Junte-se a nós nas preces que estamos elevando a Deus e concentre-se no seu trabalho de escrita mediúnica. Não pense que vá sair da linha. Vamos simplesmente juntar nossas mãos e depô-las sobre sua cabeça em vibração uniforme, de forma que sua pena deslizará fluente por sobre o papel, sem que o impulso de seu braço possa sequer desviá-la do ritmo que lhe é impresso. Vá soletrando as palavras e não se atenha aos aspectos meramente físicos do fenômeno. Aos poucos, o encanto irá crescendo e poderemos jungi-lo a nós outros, de sorte a mantê-lo em estado de meia catalepsia. Suspenda agora seu escrito e aguarde pacientemente.
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Volte a escrever que iremos, paulatinamente, fixando, através de sua mente, o que se passou.
Alguns espíritos de luz desceram de seus postos de vigilância, em forma de inspiração, naturalmente, e se colocaram ao nosso lado. Então, luz de intenso brilho se fez e pudemos observar quadro de excelsa beleza que representava cena de candura e extrema pureza moral: era retrato de mãe chorando pelo filho. Mas não era pranto de dor. Ela chorava porque o filho ascendera a páramos celestiais, prestes a ingressar nas hostes angelicais do Cristo. Essa figura de mãe, ternamente reconhecida, não era mais que o próprio símbolo do agradecimento e a expressão máxima da felicidade que um ser possa alcançar, porque vibrava inteiramente pela vitória de outro ser, de espírito de sublimes virtudes que, em várias encarnações, pôde conviver com ela, sendo que, na última vez, na posição de filho querido e bem amado.
Não que tal simbolismo possa significar algo em relação a nós outros, mas estamos tentando indicar nossa admiração diante do poderio do amor, quando proveniente das profundezas mais íntimas do ser que ama, do ser que respeita a vida e a existência de outrem, do ser que busca a felicidade alheia, mesmo que à custa de muita dor, de sacrifícios incontáveis, de desprendimento contínuo, de esquecimento da própria participação existencial nas esferas em que estiver.
A inserção deste tópico ao lado de nossas anotações vai servir para esclarecer ponto de muita dúvida junto às entidades encarnadas, ou seja, aquele segundo o qual os seres não se podem prestar ao serviço de outras criaturas sem desenvolverem, eles próprios, capacidade de profundo interesse psíquico para a evolução natural que os aguarda em seu regresso ao campo de atuação desmaterializado.
Agora que conhecemos os recursos de que dispomos para operar em favor dos nossos semelhantes, prendamo-nos ao nosso trabalho e ergamos em fé nossos pensamentos a Deus, para agradecer-lhe a ampla possibilidade que nos destinou de evoluir e superar nossos fracassos, em busca de abrirmos frentes novas para nossa atuação moral. Embora não acreditemos que todos os seres estejam aptos a realizar tais tarefas, pois a cada um é dado trabalhar segundo suas forças, pensamos que, aos poucos, a humanidade irá exercendo seus poderes de superação e de obtenção de novos atributos, de sorte que todos e cada um de per si poderão sonhar com o dia em que irão olhar para o quadro de sua vida e ainda poder serem vistos em quadros concernentes a outras entidades, no momento mesmo em que estiverem adentrando em júbilo outras esferas de mais amplitude de benemerência, com maiores recursos evangélicos, com mais luz e mais amor.

Ave, Maria, senhora dos anjos, caminho do Senhor! A vós destinamos a nossa prece, a vós, que carregastes a carne de Jesus, o Salvador, a vós, que nos protegeis a cada instante, sempre instando junto às entidades para o nosso conforto e a nossa salvação, a vós, que não descansais no socorro às vítimas das grandes tragédias que se abatem sobre a humanidade, a vós dedicamos nossas preces de agradecimento e louvor e erguemos, em vossa intenção, nossos mais puros sentimentos, nossos pensamentos mais isentos de malícia, mais altaneiros, para clamar ao Pai, que venha em vosso auxílio, para que nunca vos falte a necessária luz, para iluminar os caminhos a vossos pupilos, na incessante procura do bem maior. A vós, Maria santíssima, nosso mais profundo voto de eterna ventura junto a vosso filho divino, nosso mestre e nosso guia, nosso irmão maior, que por nós sofreu as agruras da carne e padeceu a dor da miséria humana, na ignóbil crucificação que lhe impusemos. Mãe santíssima, perdoai, por vossa vez, os nossos infortúnios, os nossos pecados, as nossas faltas e mazelas e possibilitai-nos, sempre e sempre, arrependimento cheio de promessas de recuperação, para que, mais tarde, nós mesmos possamos ser recebidos por vós, na ventura de usufruir existência mais condigna, mais efetiva e mais laboriosa. Gratos estamos e sempre pretendemos ficar, sem restrições, pois vós sois, caríssima irmã, vós sois o apanágio, a figura excelsa da mulher—mãe, que, antes e acima de todas, pôde ver, nos quadros magnetizados, o vosso filho ascender em ventura para os píncaros mais elevados desta galáxia, em busca dos universos maiores a que Deus assiste. Gratos, Maria santíssima, virgem imaculada, por todos os vossos misteres e doações!
Destes vossos filhos, sempre gratos, amigos e fiéis servidores:







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DIANTE DE UMA DÚVIDA DO MÉDIUM





Incoerentes seríamos se nos prestássemos a maquinações de angustiosas e odiosas farsas mediúnicas, uma vez que estamos a serviço da felicidade alheia. Mais de uma vez reclamamos de sua pouca experiência, mas sempre estaremos aqui para prestar auxílio, em cada fase do trabalho. Vamos corrigir alguns defeitos, mas isto será aos poucos. Ainda é cedo — você irá concordar conosco — para empreendermos vôos de grandes amplitudes e solicitar-lhe trabalho de fôlego. Não se desespere, contudo, e aguarde pacientemente, trabalhando, para que venha a fazer jus a tarefas mais extensas.
Não se limite a ficar aguardando somente. Leia, estude, procure compreender o fenômeno mediúnico. Continue a leitura atenta iniciada e vá, devagar mas com segurança, alcançando estágios de maior produtividade. Veja como está fluente este texto. Vá enfrentando as dificuldades, que estaremos apoiando os seus esforços e iremos aperfeiçoando o nosso ditado.
Sempre ficamos gratos aos médiuns, pois deles dependemos para que nossas comunicações se dêem em harmonia com os princípios da evangelização. Não esmoreça, pois, e prossiga trabalhando, já que a todos se estará oferecendo a possibilidade de progresso. Ainda agora você interferiu. Não o faça. Vá, simplesmente, escrevendo e fique feliz com o resultado. Saiba, entretanto, que não cessará o trabalho facilmente, pois existe toda uma extensa gama de tarefas a realizar e, se você fraquejar, nós não teremos outra opção senão recorrer a outros médiuns, em outras paragens. Agora, atenda o nosso chamamento e fique tranqüilo, pois o nosso cabedal não é dos maiores. Estamos desenvolvendo juntos o nosso trabalho e nós ambos estamos necessitados de novos conhecimentos e estudos, para que possamos completar nossas tarefas mediúnicas.
Felicidades, amigo, e fique na paz do Senhor! Um abraço deste velho companheiro de muitas jornadas, em encarnações anteriores e mesmo fora delas. Roberto, o amigão, que lhe deu alguns sustos, quando você estava caminhando por sobre as folhas espalhadas pela praia. Não pretenda recordar-se, fique com essa impressão e leve-a com você, para que, mais tarde, possa vir a reconhecer aquele que agora o abraça.








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DIANTE DE OUTRA DÚVIDA DO MÉDIUM





Não é preciso ter o espírito muito arguto para perceber quando a comunicação não tem valor. Nesse caso, afaste-se do trabalho de escrita e fique apenas meditando e orando, para que o espírito infeliz possa vir a ser afastado pelas entidades que presidem o momento de envolvimento mediúnico. Às vezes, é necessário que isso aconteça, a fim de que se obtenha certeza de que tudo está caminhando segundo os roteiros traçados pelo grupo de socorristas que aqui se apresenta. Vamos incutir em sua mente, cada vez com maior intensidade, o conhecimento da importância do trabalho que está sendo realizado. Procure conscientizar-se do auxílio que você pode dar e fique alerta para possíveis danos. Em qualquer situação, o que se espera de você é prece e responsabilidade.
Graças a Deus, amigo, que você está cada vez mais sábio, mais modesto, mais afeito ao trabalho que estamos solicitando. Continue escrevendo sem participar, sem acrescentar, diminuir ou julgar. Assim que estiver preparado, irá verificar que o trabalho cresceu em tamanho e em importância, de forma que não mais restarão sombras de dúvidas de que é de sólido valor, sobretudo para a fase de sua vida em que você estará cada vez mais à disposição, pois terá muito tempo para poder empregar em favor destas convocações e em benefício dos irmãos que precisam de suas forças e de seus conhecimentos, tendo em vista que o trabalho que você realizou durante sua vida está sendo útil no emprego que dele podemos fazer.
Veja como é fácil escrever sem ficar prestando maior atenção ao significado geral da frase, mas simplesmente ficando atento às palavras que, uma a uma, estamos despejando em sua mente. A reflexão virá depois, quando de seu tempo de lazer e quando sua maturidade permitir-lhe. Não fique assustado com os rumos que tomarem os seus textos. Compreenda somente que o trabalho tem de se realizar e fique atento para os chamamentos que faremos. Nem sempre o cumprimento de determinado horário marcará o nosso encontro. Sempre que estiver disponível, você verá que haverá quem esteja disposto e necessitado, deste lado, de utilizar-se de seus mecanismos de escrita, para pôr no papel alguma mensagem de amor e de agradecimento.
Não se assuste com as palavras; mais tarde talvez você possa vir a compreendê-las todas. Fique alerta e não se prejudique buscando a compreensão imediata que todo médium quer ter do texto que está escrevendo. Por isso, a mediunidade consciente apresenta certas dificuldades. Mas você está a pique de receber mecanicamente; basta que se desligue de seus próprios pensamentos e fique pronto para nós, com o pulso cada vez mais solto e o coração cada vez mais solidário. Não arrefeça e proponha-se a acompanhar-nos, já que de grão em grão...
Agora é descansar para não ter que se recompor a cada momento. Vá em frente, amigo, e deixe-se levar pelo entusiasmo de auxiliar a quem necessite. Vá com confiança e fique em sintonia conosco, que estamos trabalhando também por você.
Íamos retirar-nos, mas percebemos que você queria confirmação nossa da validade do trabalho de hoje. Fique sossegado, pois o texto relativo às mães será burilado e retransmitido mais tarde, para que fique mais claro e consentâneo com os demais que brilham da luz das verdades eternas, que neles, por acaso, conseguimos imprimir. Esta assertiva poderá ser melhor compreendida quando inserta em estrutura mais ampla, de sorte que não espantará o leitor, se, porventura, dissermos algo que poderá parecer vitupério. Antes de você, todos nós temos a preocupação de não extravasar sentimentos menos nobres, que possam revelar nossas profundas falhas, pois o coração ainda nos bate em uníssono com os dos encarnados e poucos graus temos de evolução, diante da imensa escala que nos aguarda.
Ainda uma frase plena de humildade: vamos ficar durante bom tempo presos a este nível em que nos situamos, pois está chegando a hora de verificarmos qual será o nosso destino, em futuro próximo. Quer parecer-nos que volta ao campo da carne está sendo preparada para nós, o que muito nos alegra, pois nossos débitos são grandes e alguns poderão ser saldados com mais essa incursão pelo mundo dos mortais.
Saúde, irmão! Fique na paz do Senhor!








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ADVERTÊNCIA





Você quer receber mais alguma mensagem, mas acredite que somente trabalhador que saiba dosar a sua própria energia é capaz de oferecer tão amplas possibilidades . Fique em paz e não queira, por ora, superar deficiências que se apresentam em seu sistema neurológico, sob o ponto de vista espiritual. A mente do médium fica saturada com o trabalho que excede ao limite de suas possibilidades. Vá com calma, pois o mundo, Deus não o fez em um dia apenas.







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ESCLARECIMENTO





Um aluvião de perguntas se faz, em detrimento da espontaneidade do trabalho. Claro está que a todas vamos responder mas, de imediato, enseja-nos a oportunidade esclarecer ponto que, parece-nos, ficou obscuro na mensagem Quadro Vivo, qual seja aquele segundo o qual o homem fica em dúvida quanto aos possíveis progressos que obtém quando se dedica ao crescimento alheio, quer seja de filho querido, quer de amigo extenuado nas lutas e agruras do caminho.
É certo que toda pessoa que almeje progredir deve preocupar-se consigo mesma, antes e acima de tudo, mas, assim fazendo, perceberá logo que, se não se dedicar ao atendimento do sofrimento alheio, pouco ganhará no percurso de sua vida, dado que perderá méritos incontestes, que adquiriria caso procedesse de outro modo. Não há alternativa possível: ou você se ajuda, ajudando a seus semelhantes, ou perderá a oportunidade de crescer aos olhos dos pais espirituais, que observam o nosso avanço, a nossa estagnação e até mesmo o nosso retardo, caso nos esqueçamos, o que é muito comum, dos deveres mais comezinhos para com os compromissos assumidos.
Atenda aos princípios do procedimento evangélico e aí poderá observar que todo artifício que usar se voltará contra você, uma vez que a atenção de nossas autoridades espirituais estará dirigida para a anotação indelével de seus atos e de sua vontade, no próprio interior de sua alma. Nada que pensamos, sentimos ou fazemos fica sem registro e, aos poucos, o nosso arquivo vai sendo preenchido. Fica fácil, então, consultá-lo para obter as informações necessárias sobre o nosso caráter, nossos objetivos, metas e conquistas, de forma que é improvável que qualquer ato nosso deixe de ser computado a nosso favor ou contra nós, no momento do ajuste de contas. Aliás, tal procedimento é natural, ou seja, não há necessidade de se organizar nenhum tribunal especial para esse julgamento, dado que a nossa consciência, alertada para a reflexão e para o discernimento de suas reais qualidades e possibilidades, é orientada para o descortino de si mesma e cada pessoa, de per si, é capaz de dizer, com relativa segurança (segundo o seu progresso e os seus méritos), qual o caminho a ser percorrido, para que se possam sanar as falhas que cometeu em sua última encarnação.
Contudo, não se afaste de seu trabalho para cuidar de verificar se está adquirindo novos créditos. Trabalhe que, dia virá, poderá atestar por si a verdade de nossas palavras. Vá com calma e assegure-se de que sua atitude esteja sempre consentânea com os ditames da consciência, que nos foi dada por Deus para estabelecer vínculo com a sua sublime justiça, dando a medida exata do valor de cada atitude. Não queira usufruir lucros que acha que obteve, mas anime-se tão-somente para prescrever-se trabalhos de fôlego e de méritos que a sua formação espírita é capaz de lhe indicar.

Graças a Deus, irmão, estamos concluindo mais um texto e ficamos contentes em verificar que sua capacidade está ampliando-se, sendo capaz de escrever, sem se preocupar com o final, se está de acordo com os princípios morais ou se está vinculado às normas gramaticais. Vá com calma e poderá atingir conosco a meta que estipulamos para o nosso trabalho.







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ENRIQUECIMENTO LÍCITO





Desde há muito, vimos observando que os homens estão ávidos por ficarem ricos através de ganhos fáceis, quer com loterias, quer com negociatas. Por qualquer modo que possam obter esses lucros, fica-nos claro que outras pessoas mais ingênuas, socialmente falando, perdem e, por isso, essas riquezas são adquiridas mediante a exploração do próximo, mais especificamente mediante a exploração do trabalho do irmão que está voltado unicamente para labor que possa sustentá-lo e à família.
Cabe-nos advertir que qualquer crescimento financeiro conquistado sem esforço gera compromissos de assistência socorrista a irmãos que permanecem na penumbra do orbe, sem recursos para cumprirem os mais simples deveres humanitários adquiridos em relação aos seres que foram designados para pertencerem à sua família. Seja como for, não queira ficar rico de repente. As tentações que essa riqueza traz são perversas, no sentido de que jungem o indivíduo a princípios de maldade, de ganância e de avareza, que costumam prendê-lo a encarnes sucessivos, para restabelecimento da ingenuidade inicial, da simplicidade, da singeleza e do amor.
Não vamos delongar-nos a respeito de possíveis apertos financeiros que soem acontecer ao comum dos mortais. Vamos ficar em considerações gerais a respeito dos bens que são consumidos assim que o desencarne se dá, de sorte que tudo o que é amealhado nada significa para o espírito que volatiliza e ascende aos páramos da vida espiritual. Queira, antes, caro irmão, plantar, no terreno rico de sua personalidade, as flores do desejo de progresso moral, de riqueza espiritual e de sucesso junto aos irmãos maiores, aos mentores e instrutores, que zelam e vigiam para que sua história venha a ser contada, para honra e glória de encarne bem sucedido. Mantenha sua esperança em adquirir só bons hábitos, abstenha-se de desejar lucros procedentes de fontes duvidosas e restrinja-se a contentar-se com o pouco que é suficiente para sua manutenção e de sua família. Vá com calma que Deus o protegerá das armadilhas que o homem tão sabidamente aprendeu a preparar, a fim de enlear seus semelhantes e a fim de poder usufruir o labor deles em benefício próprio, para crescimento de seu poderio e enriquecimento ilícito de sua organização.
Vamos deixá-lo por aqui, crentes de que demos o nosso recado e rezando para que não sejamos mal interpretados e possamos, assim, seguir nosso rumo, de trabalho em trabalho, procurando as penas dos irmãos que se disponham a escrever para nós.







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TAMBÉM O HOMEM É CRIATURA DE DEUS





É certo que a maleabilidade do couro curtido faculta bonito trabalho. Mas, e quanto ao boi, aquele animal bondoso e pacífico, que foi sacrificado, para que o homem pudesse aproveitar-se de suas partes, em benefício próprio? O sacrifício dos animais é penoso para a espécie. Chegam à face da Terra sabendo de seu destino e vêm, quais carneiros chorosos, em busca de progresso cheio de penúria. O martírio a que os submetem os homens é esperado com grandiosidade. Mas tal atitude não pode ser jogada à conta de suicídio coletivo. Cabe somente aos homens a responsabilidade do abate, como ainda opor-se, no devido tempo, a que a hecatombe prossiga indefinidamente.
Queremos esclarecer que as dietas que estão generalizando-se com os recursos vegetais são de inspiração espiritual. Cada vez mais deverá o homem adquirir consciência de que não deve subjugar as criaturas colocadas por Deus na face da Terra, para conseguirem seu progresso e sua felicidade. Assim, irá prevalecer no organismo humano aquilo que tem de vegetariano e o seu destino de caçador vai perder-se nas brumas do passado, até que fique totalmente esquecida a possibilidade de vir a alimentar-se de carne e mesmo a utilizar apetrechos extraídos dos organismos animais. Isto vale para todos os animais, inclusive os que vivem nas profundezas dos rios e oceanos e no seio da terra.
Agora, é claro, a luta está somente em algumas frentes de judiciosa magnitude espiritual. Mais tarde, todos os homens estarão certos de que não deverão mais sacrificar os animais e poderão arrefecer seus impulsos sanguinários e ficar mais pacíficos, comungando com a natureza, em equilíbrio ecológico propício a restaurar os danos que se espraiam pelo mundo todo. É fascinante poder perceber o quanto o homem irá aprender nos próximos séculos, pois a ele estará reservada a dura tarefa da restauração. O estágio atual prenuncia grandes males, mas não são irrecuperáveis, pois o homem tende a crescer moralmente, uma vez que é criatura de Deus, erigida segundo sua santíssima imagem, como nos faz crer a Bíblia, o livro dos livros. Não mais se verão abusos do poder intelectual, pois justamente aquilo que distingue o homem dos animais é que está fazendo com que, anjo caído, perca o paraíso, que tão amorosamente foi criado para sua existência em carne. Novo sol brilhará sobre a Terra e se poderá observar o crescimento das virtudes e das luzes humanas, no sentido de caracterizar o homem, cada vez mais, como criatura de Deus.







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PRÓXIMO PASSO: SOCORRISMO MEDIÚNICO





Ainda que nosso ditado não seja totalmente correspondido, creia que está muito próximo de nosso pensamento e de nossas intenções. Não há necessidade de se mexer nele nem de trabalho de refacção para publicação, já que nosso relacionamento deve ser íntimo e nossa orientação pessoal, ou seja, como se fosse de pessoa para pessoa. Que nossa mensagem possa ferir o coração de quantos estejam aptos a receber estas simples informações, que qualquer mortal bem intencionado é bem capaz de observar e elaborar.
Não fique tão preocupado em escrever: já temos tido suficientes razões para crer em que sua atitude é sincera. Vá para seus afazeres e creia que estamos prontos para novos ditados e novas tarefas orientadas no sentido moral que devemos imprimir, segundo a permissão recebida dos irmãos que presidem e orientam o nosso trabalho. Vá em frente, querido amigo, e não sofra com o espírito de competitividade que está grassando no mundo material dos desejos humanos. Vá com calma e assegure-se de que seu trabalho se realize em paz e harmonia. Fique tranqüilo.
Avise seus amigos que você está pronto para os trabalhos socorristas da espiritualidade e para a solidariedade que se espera de cada ser humano. Não resista ao chamamento, embora possa parecer-lhe penoso. Fique atento ao melhor de seu pensamento e aja de acordo com a caridade cristã, que você bem conhece e à qual muitas e muitas vezes dedica suas reflexões. Peça a Deus, em suas preces, saúde, paz e harmonia, e lembre-se de que ao pó voltará e de lá retornará todo aquele que tiver deixado de cumprir sua missão. Essa a indiscutível prova de que Deus nos envia sua bondade e sua misericórdia.







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PARTICIPAÇÃO SOCORRISTA





Devemos registrar pedido especial para amigo recém-desencarnado. Tem ele grande estremecimento, por ter percebido sua atual condição. Não se perca, esperando grandes informações a respeito. Tome fôlego, irmão, e volte com disposição para este trabalho que as hostes do bem se dispõem a aproveitar. Fique com Deus e saiba que todos estamos muito felizes em poder contar com esta pena incansável e cheia de boa vontade. Fique em paz, observe suas atitudes para com seus semelhantes e exprima seus pensamentos, buscando deixar o coração o mais limpo possível de prováveis maus desejos e aspirações. Fique na paz do Senhor e atenda ao nosso pedido, pois precisamos de seus fluidos, para podermos realizar trabalho de vibração, para recomposição de princípios magnéticos que estão faltando para esta entidade que está conosco. Pare agora e, depois da prece, volte a escrever, pois desejamos expressar nossos agradecimentos.
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O grau de magnetismo que extraímos de seu ser você recuperará em breve, pois os espíritos guardiães estão aptos a devolver-lhe sua tranqüilidade e, ao seu perispírito, a organização inicial.
Gratos pela sua boa vontade e fique atento pois novos pedidos e chamamentos serão feitos, para que tenhamos a oportunidade de realizar os nossos trabalhos. Não deixe de atender-nos, por favor, pois assim poderemos protegê-lo e assegurar-lhe vida bem tranqüila, cheia de felicidade.







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SOB INSPIRAÇÃO DE EMMANUEL





Inda há pouco, tivemos oportunidade de nos defrontar com texto do irmão Emmanuel em que prega a humilde tarefa de ajudar o próximo, de acordo com os ensinamentos evangélicos do Cristo. Devemos, segundo ele, despojar-nos de nossa orgulhosa condição humana e adentrar, quanto possível, a gloriosa condição de seres criados por Deus, à sua imagem e reflexo, para podermos, de coração puro e aberto para as realizações maiores no campo espiritual, efetuar progressos que nos levem diretamente ao encontro do sucesso. Mais tarde, teremos ensejo de cotejar nossos arremessos de agora com o poderio experimentado pelos irmãos que já sofreram desalentos e não submergiram e seremos contemplados com a bem-aventurança de termos a consciência em paz e o procedimento honesto, causa e efeito, a um só tempo, das perquirições que fizermos no âmbito da contemplação aliada ao trabalho socorrista realizado em conjugação com um coração pleno de amor e de virtude.
É claro que tal merecimento só advirá no futuro, após trabalhos penosos, após dura labuta no campo da fraternidade e da caridade. Hoje, estamos apenas balbuciando as primeiras sílabas, aquelas que as crianças ainda bem infantes estão prestes a pronunciar, com o empenho, o estímulo e a ajuda de seus caros parentes. Mais tarde, vocabulário mais rico se adjungirá ao nosso cabedal, de forma que teremos méritos mais promissores e virtudes mais elevadas. Por enquanto, na nossa humilde condição de seres muito imperfeitos, caminhamos segundo as orientações preciosas que recebemos, em mensagens de amor e de conhecimento dos processos de ajuda e de progresso.
Ainda que não tenhamos completa certeza do que nos espera, mesmo assim caminhemos tranqüilos e seguros, plenamente satisfeitos, felizes e alegres, porque somos amparados pelos espíritos que se contam aos milhares e que reinam junto à seara cultivada pelo Senhor. Mais tarde, teremos nossa farta colheita, por nossa vez, e poderemos constatar que o trabalho nunca cessa, mas que as alegrias advenientes do serviço aumentam e o estímulo para o trabalho flui do próprio trabalho, desde que feito sob as graças do Senhor.







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AINDA SOB INSPIRAÇÃO DE EMMANUEL





Não quisemos comentar, na mensagem anterior, a linguagem do belo texto de Emmanuel, pois nos sentimos muito pequeninos. O que podemos, com segurança, dizer é que, das palavras ali registradas, emana potente luz espiritual, forte o suficiente para iluminar uma vida inteira, desde que absorvida com amor e constância na dedicação ao trabalho que a cada dia nos é pedido. São cento e oitenta mensagens do mais puro amor, que nos enlevam e que nos seduzem, especificamente no sentido de afirmar, cada vez com maior propriedade, a necessidade de estarmos atentos para nossos atos, para nosso procedimento. O devotamento que devemos ter para que o nosso dia-a-dia se realize segundo princípios evangélicos é a constante que se inseriu no texto da obra, e isto nos faz ver e revelar que futuro cheio de esperança se encontra ainda no dealbar desta era machucada por tantos homens imprudentes, que ferem, sem piedade e sem comiseração, os princípios mais generosos pregados pelo Senhor. Cada homem deveria investigar o coração e verificar se não se escondem ali os misteriosos motivos de seus atos impensados, se não são eles a causa mesma de sua desgraça e se sua virtude não está embotada, sem poder revelar-se, uma vez que se encontra soterrada sob mar de lama de intenções maldosas e pecaminosas.
Quanto ao mais, somos de parecer que a obra é constante auxílio, para que possa o ser humano fugir de seu destino de maldades, pois se nos configura que a leitura que se preconiza seja de muita concentração espiritual, cheia de observações da própria consciência, de autocrítica, para levar ao desafogo, à verdade, à materialização dos desejos contidos no âmago mesmo do coração e que aflorarão, revelando quais eram os objetivos, quando concordamos em vir à carne para novas tarefas regeneradoras. É tarde para lamentos improdutivos. O que se faz urgente é voltarmo-nos para o trabalho redentor, que Emmanuel não cansa de pregar, e não apenas para desejo de restabelecimento, que a nada levará, a não ser a triste preocupação e a lenta e insegura percepção da estagnação.
O tempo da revelação já passou. Agora, é fácil saber que a encarnação é mero pretexto para se levar avante plano superior da existência e hiato na caminhada rumo às esferas que nos aguardam cheias de glória e de amor. Mais tarde, subiremos a píncaros mais elevados, mas, por ora, fiquemos apenas arranhando a face do orbe, sem nos iludirmos com a aparência enganosa dos fatos materiais.
Ainda há pouco, vimos pela televisão, desfile de modas montado para a vaidade humana. Parece que seus organizadores tinham por escopo a beleza e a leveza da silhueta feminina. O trabalho em si é honesto e produtivo, mas deve conter elementos de transcendência, que visem a recompor no orbe a luz que se apaga, a virtude que se perde, o bem que acaba e a flor da esperança que fenece ao desamparo. Enquanto muitos passam por grandes dores, uns poucos se julgam no direito de esbanjar recursos com desfiles de incompetência e em desajuste com os reais princípios da vida do homem sobre a face da Terra. Dia virá em que tais desfiles terão sua razão de ser, mas não serão mais desfiles de roupas, mas de virtudes: uns terão sobre si as vestes maravilhosas do bem realizado, outros brilharão com as lantejoulas da justiça praticada, outros ainda carregarão sobre os ombros seus esplêndidos vestidos, confeccionados pelos atos de amor e de afeto que prodigalizaram, em suas santificadas existências. Vamos, então, poder contemplar a mais gloriosa carreata de amor e felicidade e, desse modo, o coração da humanidade poderá rejubilar-se, no gozo das mais excelsas virtudes, pois, de seu trabalho, advirá era de aproveitamento de vida superior e todos terão oportunidade de aplaudir e ser aplaudidos, na manifestação mais original, mais condigna, mais humana, mais racional, mais sentimental, mais amorosa, mais consentânea com os princípios evangélicos, que estarão disseminados por todo o espaço, considerado aqui como a união das entidades encarnadas com os espíritos, em luz e paz.
Mais tarde, poderemos usufruir as benemerências a que fizermos jus por nosso trabalho e por nosso sacrifício. Tal destino de glória, no entanto, não nos deve deixar estáticos. É preciso saber que a realização dele só se dará através de muito esforço, de muita concentração no estudo e na confecção de benefícios ao próximo, de muita realização no campo do socorro, quer às vítimas da intempérie, quer às da ignorância e da ignomínia. Vamos deixar para depois a compreensão dos destinos maiores. Restrinjamo-nos a perlustrar caminho humilde, pedregoso, cheio de obstáculos, para fazermos jus aos progressos que se destinam a elevar-nos gradualmente na trilha interminável do amor. A conquista dos valores morais irá consolidar o nosso avanço e nos trará segurança espiritual só comparável às mais destacadas realizações humanas no campo esportivo. Seremos todos campeões olímpicos, mas o esforço que a eles se pede será centuplicado no pedido a nós. Cada vez que alguém se ausentar de seu labor, cada vez que o homem se afastar de seu destino, no caminho da redenção, mais se acrescerá a obra a ser realizada, mais teremos de correr atrás de pequenos reajustes de meta, mais teremos de sofrer na busca do restabelecimento. Sendo assim, é preciso ficarmos convencidos de que nosso trabalho é necessário e de que a luta só cessará completamente, quando todos estiverem devidamente conscientes do dever cumprido. Tarefa grandiosa, imensa, capaz de levar muitos ao desespero, mas tarefa de muitas gratificações e de muitos votos em favor do bem comum.
Vamos orar, irmãos, para que os homens readquiram sua paz e reacendam em seus corações o amor, a justiça e a vontade de beneficiar a todos com o conhecimento da verdade. Graças a Deus, estamos prontos para auxiliar, mas, mais do que temos feito, não faremos, pois limita-nos o nosso poder a capacidade de recepção de nossas mensagens. Cabe, por conseguinte, a cada um verificar onde aplicar seu cabedal de conhecimentos, para que possamos realizar o nosso destino, como comunidade de espíritos e de encarnados que se agruparam para favorecer o bem comum. Ajude-nos você, caro leitor, que só a você estamos interessados em ajudar. Saiba, dentro do coração, que o bem de todos é o seu próprio bem e que Deus ampara e zela por todos os seus filhos, na glória eterna.







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NOVAS INSTRUÇÕES AO ESCREVENTE





Caro amigo, escreva mais, vá devagar e vibre conosco. Saiba que aqui estamos para auxiliá-lo. Não queira precipitar-se e se ampare na fé de que tudo que dissermos estará sendo registrado e estará de acordo com os ditames do evangelho. Asseguramos-lhe que bons espíritos velam por nosso trabalho e, caso não entenda bem os nossos objetivos, não tem importância: dia virá em que tudo ficará esclarecido e você poderá rejubilar-se pelo trabalho hoje executado.
Escreva como você está fazendo, buscando ser correto, é verdade, mas, antes e acima de tudo, expresse com fidelidade o nosso pensamento. Não fique desanimado se, por acaso, o nosso ditado estiver aqui e ali confuso e mal redigido. Não se prenda a minúcias. Mais tarde, você terá oportunidade de corrigir o que não estiver de acordo com a gramática e ainda poderá escoimar o texto das falhas aparentes. Agora, restrinja-se a captar nossas vibrações e transponha-as para o papel, na forma de escrito cada vez mais fluente e revelador de nossas intenções.
Graças a Deus ainda temos encontrado trabalhadores que se dedicam a este mister, pois a nossa necessidade é muita e os espíritos encarnados se resumem a ficar na expectativa de que tudo caia do céu, como se os milagres pudessem ajudar o homem a superar suas deficiências e dificuldades.
Não fique preocupado com nossa expressão, mas vá, lentamente, preenchendo os espaços vazios, de modo que a pena venha a correr mais celeremente, comandada pelo nosso magnetismo, pelo nosso constante e incessante fogo interior. Não se restrinja a contar as páginas, mas se atenha a manter aceso o seu próprio fogo e destine sua energia para trabalho cada vez mais eficaz e dada vez mais produtivo.
Gratos, irmão, e vele para que tudo saia de conformidade com o que estamos programando. Fique em paz, reze para o ressarcimento das dívidas que contraímos em nossas desventuradas vidas anteriores e não se aborreça conosco, porque estamos constantemente fazendo referências a seu trabalho mediúnico. Reze, coloque-se à disposição da psicografia e você terá muitas e crescentes satisfações.
Não se prenda por nós e ative seus músculos, contraindo-os e soltando-os em seguida para que a respiração fique mais leve e para que a circulação sangüínea não venha a atrapalhar a escrita. Você vê os dedos enrijecerem-se, você tem a sensação de que não conseguirá mais escrever, no entanto, ainda agora sua pena está deslizando e o texto está sendo construído com clareza e com oportunidade.
Fique com Deus, irmão!







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FRATERNIDADE





Eis a questão: ser ou não ser bom; bom no sentido de ser o melhor possível. Não há homem encarnado que não tenha noção do ser em existência de realizações, a título de proveito próprio ou com a intenção de provocar avanços do próximo, rumo ao encontro de Deus.
Eis a questão: ser ou não ser bom; bom da bondade superior, que não vê sacrifícios, que não pede sacrifícios aos parceiros, aos companheiros, aos amigos; daquela bondade maior, plena do espírito de solidariedade e de amor ao próximo; daquela bondade que vê, no Sol, amigo leal, pois não se afasta nunca de seus compromissos e pende com constância, sempre de modo certo, para iluminar o necessitado de luz, para aquecer o necessitado de calor, para enaltecer as virtudes do que sofre por encontrar-se na situação de devedor ou de perdedor, frustrando, sempre que pode, idéias de desconsolo, amparando os que tendem para o vício, sobejando, com larga margem, aos pedidos e reclamos das individualidades menos dignas, providenciando socorro mesmo para quantos não tenham sequer noção de seu próprio pecado, de seu desesperado grito de angústia, de dor, de sofrimento e de paixão.
Quero participar minhas idéias quanto à fraternidade que todos devem carregar em seus corações: se o homem não se compenetrar do esforço que lhe é exigido ou solicitado e pairar a distância de seu destino retificador, ver-se-á na penosa condição de necessitar do arrimo dos seres que conseguiram ultrapassar as barreiras das próprias limitações e atingir estágio mais avançado com relação ao comum dos mortais. Com isto, pretendo, sem equívocos, demonstrar, à luz da razão evangélica, que o homem está perdido em sofismas, em ideais de grandeza material incompatíveis com o desenvolvimento que almejava antes de partir para mais uma aventura sobre a face da Terra.
Quem quiser aproximar-se da sua verdadeira identidade e conseguir atingir os seus ideais, decididos anteriormente ao encarne, deve submeter-se de boa vontade a lavagem de ideologias carnais, que lhe são insufladas na mente por a nos a fio de convivência dentro de sociedade cujos valores maiores são o enaltecimento do ego e a idolatria de títeres, que são manufaturados com predeterminação de ganhos materiais e sob a tutela de seres que se comprazem em se divertir com os descaminhos que conseguem junto aos humanos. Muitos seres existem nessas condições subumanas de desvario cármico, pois não se deixam levar por seus instintos mais primitivos, que lhes dariam conforto mental e moral de grande capacidade regeneradora, pois próximos estariam de sua própria natureza, soprada pelo Divino Hálito e na qual estão quantos se dedicam a absorver, com propriedade, as ternas e amorosas observações do Cristo, em sua passagem pela carne. Dia virá em que muitos terão de compreender à força o destino que lhes estava reservado antes de ingressarem nesta sociedade perniciosa e de má catadura.
Ambos os planos da existência estão eivados de conflitos dessa natureza, pois a mentira e o disfarce estão por toda a parte, fazendo seu papel de enganadores do povo, ajudando, no sentido de, sempre e cada vez mais, iludirem os ingênuos, que se julgam capazes de discernir pelo melhor para si, mas apenas buscam, inconseqüentemente, artifícios para se manterem vivos, experimentando e experimentando, sem nunca chegarem a lugar nenhum que não seja a dor e o desespero. É preciso acender uma luz, apagando a vela da corrupção, luz de verdade, luz íntima, que fique acesa dentro do coração, luz que se expanda de pessoa para pessoa.
Cabe-nos tão-somente advertir para esses descaminhos em que a humanidade se encontra, onde a ganância, a cobiça e o bem-estar material são buscados com frenética intensidade. Calma, amigos: vamos realizar primeiro os desejos que advêm de nossa natureza, para, em seguida, ficarmos atentos ao que virá, pois nada deixará de ser anunciado nos prenúncios que vão ficando claros ao homem, se for capaz de analisar, com detida atenção, os fatos que estão a dizimar populações inteiras, ou seja, doenças incuráveis, catástrofes e incêndios, terremotos e maremotos, erupções vulcânicas, tempestades e tormentas, tudo a demonstrar que ao homem tornará todo o mal que está causando à natureza. Iremos, em breve, saber os motivos disto; por ora, satisfaça-nos a constatação do fenômeno através do alerta das mensagens que, por toda a parte, os espíritos comunicam aos encarnados, através de multíplices formas: psicografia, fala direta à consciência ou transposição de idéias para mentes mais afeitas à percepção das vibrações mediúnicas.
Alheios a tudo, estão os homens invigilantes, que se mantêm inflexíveis, erigindo em estátua de barro o que deveriam banir de suas vidas: o luxo, a concupiscência, a luxúria, o desamor, o desregramento dos prazeres mais grosseiros e mais perniciosos. A avidez com que se atiram aos vícios, aos experimentos com o próprio corpo, embotando a sensibilidade para a percepção dos valores mais altos, é sintoma evidente de que caminham para a destruição dos valores anteriormente fixados e aceitos.
Cada homem que se recupera, no entanto, causa enorme satisfação no campo espiritual, fazendo com que vibrem os sinos da esperança no dealbar de mais uma promissora alma, que se juntará às outras, primeiras no trabalho de recompor e reconquistar os valores mais altos, que se situam no topo mais elevado da mais elevada montanha da fé. Caminhemos, irmãos, para isso, mas saibamos, sem duvidar, sem alterar nossa disponibilidade a favor do trabalho, que essa conquista não será conseguida em poucos dias, sem muito esforço e sem dedicação.
O nosso desespero maior é considerar o trabalho perdido, quando almas mais renitentes no mal perseveram em seus péssimos objetivos, na busca de perfazerem roteiros cujo alvo, inconsciente embora, é a alienação dos deveres assumidos. Esse nosso desespero, entretanto, não nos afasta de nossa missão de reajustar os princípios, de refazer as metas e de auxiliar nos caminhos, nos como e nos porquês, na reflexão, na meditação, no acompanhamento dos arremessos que, fracos, de início, vão acentuando-se e tornando-se mais produtivos e mais promissores.
É imperioso que alguém faça este trabalho de limpeza de ideais, que, apesar de sujo, pois lida com a miséria humana, nos faz progredir no caminho de nossa recuperação e salvação; trabalho que não nos deixa satisfeitos por ter de fazê-lo, mas que nos alegra o coração sempre que bem sucedido; trabalho inspirado nas obras de Jesus, que não deixou, apesar de criatura superior, de adentrar os mais toscos e humildes tugúrios, nem de ir a locais de pecadores, para levar a luz e possibilitar a recuperação dos que jaziam em abjeta lama moral. Tais princípios revelam, com toda a força, com o poderio da sabedoria maior, que o trabalho deve ser constante e que será recompensado na medida mesma do ajuste que o trabalhador tenha entre seus méritos passados e sua intenção de agora. É evidente que muitos acharão que este trabalho é cansativo e pouco lucrativo, mas tal raciocínio não deve afastar o trabalhador, pois méritos restarão e vibrarão em favor dele.







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SOCORRISMO VIVO





Cada pessoa que encontramos na rua pede-nos, encarecidamente, que intervenhamos, quer em favor delas mesmas, quer de amigos, companheiros e familiares. Essas pessoas anseiam, muitas vezes, por terem notícias de entes queridos, de seres com os quais partilharam momentos de felicidade e de dor, pessoas que se ajudaram mutuamente a crescer no campo das obrigações e das tarefas comuns. Não sabem, entretanto, que pouco podemos fazer para atendimento de suas reivindicações e que melhor fora se se dispusessem a procurar trabalho junto a equipes socorristas que existem realizando tarefas de grande mérito, quer entre os encarnados, quer entre os espíritos liberados do peso da matéria. É duro observar que muitos desses corações estão empedernidos e gotejam, pouco a pouco, o fel de suas más intenções. É doce, entretanto, perceber que muitos, à nossa orientação, voltam de bom grado as mentes para a realização dos objetivos que propomos, o que faz com que mereçam receber o auxílio implorado. É quando nosso destino se cumpre e nós exultamos em poder estar com a consciência tranqüila pelo dever cumprido.
Hoje mesmo, não longe daqui, uma mulher solicitou-nos abrigo junto ao nosso grupo, pois estava sendo acossada por indivíduos estranhos, que desejavam perpetrar nefando crime: queriam induzi-la a cometer assassinato, que vingaria morte na família. Claro está que procedemos segundo as orientações recebidas e descartamos a possibilidade de se cumprirem esses desígnios maldosos. Mas ficou-nos impressão de penosa angústia, pois refletimos que teria sido bem melhor que essa mulher pudesse ter desenvolvido resistências morais que fossem capazes de afastar a horda que a assediava. Tais resistências seriam adquiridas sem grande esforço, se tivesse o hábito de auxiliar as pessoas, de sofrer dores de desprendimento, se não quisesse, sempre e sempre, ficar lucrando com todos os mínimos atos de benemerência que pudesse ter feito.
Assim é que se logram as virtudes: é trabalhando com afinco, com denodo, sem, entretanto, deixar de lado a meditação, a reflexão a respeito do que nos serve estar em existência. Essas perguntas que devemos fazer obtêm sempre resposta, se nos dedicarmos com serenidade e contumácia à leitura de textos sagrados, ao estudo e discussão com amigos dos pontos a que devemos aplicar nossa atenção, no intuito de virmos a conhecer, com exatidão, todos os dogmas que regem, inalteravelmente, a nossa vida espiritual. Quem não se satisfizer com isso, que se entregue a profundas reflexões a respeito da vida, mas não fique tão-somente solicitando auxílio, pois o que espera que se lhe dê é, quase sempre, o que nos negamos a dar
Temos ainda uma informação: a tal mulher que nos procurou cortejava fronha de linho azul, atrás da qual se escondia seu desejo de manter relacionamento impuro, que já durava alguns meses e que lhe tirava o sono, sempre que buscava prejudicar a parceira de seu amante. Tal conjuntura a levava, freqüentemente, a mentalizar situações embaraçosas para a tal pessoa, plasmando-se, finalmente, situação sem saída aparente, pois tudo a fazia crer em que seus direitos de outra deveriam prevalecer. Tal soberba se lhe apossou do coração, que não se apercebeu que estava insuflando em espíritos desejosos de vingança, plano que envolveria as personagens do drama e jogaria todos nas malhas da justiça divina, devendo responder por mais um delito, no processo da restauração.
Esses defeitos assim desvendados levaram-nos a concluir que era de nosso dever organizar grupo de socorro, antes que o crime tivesse progredido tanto que os compromissos obrigassem à ação delituosa. Não nos foi fácil antever os movimentos dos facínoras, pois estavam emboscados e disfarçavam-se quais entidades benfazejas, prontas para o auxílio. O seu reconhecimento, no entanto, se deu, e nós pudemos afastá-los com a ajuda de equipes de resgate que se prontificaram a assistir-nos. Mais uma vez estivemos a pique de presenciar um crime, mas logramos êxito na tarefa da interrupção, já que nos preparamos convenientemente, elevando preces e concentrando nosso poder de percepção na alma daquela criatura que nos pedia socorro. Não sabia ela, verdadeira e conscientemente, os perigos que corria, produzidos pelos próprios desejos e ansiedades. Conseguira tão-só entrever que era assediada por perseguidores, que queriam fazer com que assumisse triste papel de criminosa. No entanto, foi auxiliada como se pura fosse, pois, diante de Deus, todos somos criaturas suas.
Com ou sem débitos, devemos ficar atentos às alucinações e aos desejos sórdidos que constantemente nos assaltam, pois, no fundo de nossos seres, se situa invisível vilão, em meio do crescimento dos perversos pensamentos que nos fazem duvidar da lealdade e da bondade das pessoas, o que nos favorece tecer idéias que têm por objetivo frustrar planos que, imaginamos, outras criaturas tenham elaborado para nos prejudicar. Mais tarde, teremos oportunidade de debelar esses impulsos, matando-os no nascedouro. Por ora, devemos produzir em nós resistências morais, através do nosso trabalho honesto, do nosso amor ao próximo e, principalmente, da consideração superior que devemos dar ao estudo dos textos e das situações, procurando insuflar em nossa consciência a necessidade de conter nossos desejos e de buscar a felicidade e o bem-estar nos ideais de solidariedade, de benquerença, sem fixar preço ou remuneração, sem objetivar lucros. Vamos, amigos, sanar nossos defeitos, para podermos, com maior vigor, realizar, com méritos crescentes, os trabalhos que nos estão reservados.







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INÍCIO DE JORNADA





Dia virá em que eu, sublimado em minhas aspirações, dono de meu potencial energético, deverei assumir posto de gloriosa expectativa junto aos mentores. Isto quer significar somente que tenho consciência de minha situação atual, qual seja, de ser em desarmonia, de espírito impuro, cheio de defeitos, de aspirações imperfeitas e de impulsos impróprios para a realização daqueles ideais. É claro que me disponho a aceitar o meu destino e a assumir qualquer trabalho que me seja indicado pelas entidades que presidem ao meu desenvolvimento. Mas sei, com a certeza dos fortes, que tenho de muito insistir, para que possa vir a fazer jus ao progresso a que aspiro.
Veja, meu amigo, como é triste o fado daqueles que não tiveram em si poderes de prevenir e que realizaram atos falhos. Agora sofrem, sabendo que estavam errados e que se deixaram levar por ilusórias conquistas de bens materiais, que nenhum valor apresentavam diante da importância das benemerências que se deixou de fazer. Ainda há pouco tempo, enquanto estávamos encarnados, não sabíamos distinguir com nitidez a diferença entre ganhos materiais e lucros espirituais. Deixamo-nos levar por impulsos de baixos instintos, sem nos socorrermos dos conhecimentos que estavam sendo espalhados pelos espíritos vanguardeiros, na emissão de mensagens psicografadas e impressas por generosas criaturas, mais afeitas ao próximo do que a si mesmas, no que diga respeito às comodidades materiais. Quanto aos aspectos morais, evidentemente, o conhecimento dos valores mais nobres sobrepuja qualquer intento de baixa extração, qualquer idéia de vilipendiar os progressos da humanidade.
Agora que me vejo fadado a prosseguir na jornada de dor e sofrimento, ainda acrescento mais sofrimento e dor, quando me lembro que estive à beira de falir e que fui ganancioso, jogando todos os meus amigos e sócios na penúria de vida miserável, sem recursos, o que lhes causou imensos transtornos, desajustes e desacertos. Quero penitenciar-me pelos meus crimes e antevejo, com precisão, que muito terei de realizar para restabelecer os vínculos que tão egoisticamente rompi e tão sofregamente deixei para trás.
Veio-me à idéia fazer prece por eles e desejo convidar a quantos estejam confraternizando com este meu regresso ao círculo dos socorristas, para que elevem seus pensamentos a Deus, em favor da superação dos males por mim causados, para que não se extraviem aquelas criaturas, como sói acontecer com quantos se vejam na situação de perder o que com tanto sacrifício e esforço tinham conquistado, pois muitas vezes se pensa que é definitivo o meramente provisório.
Agradeço ainda ao instrumento, ao meu cavalo, que, com tanta dedicação e prontidão, está a traduzir em palavras os sentimentos que, com tanta dificuldade e emoção, estou tentando transmitir. Grato, amigo, e saiba que lhe fico reconhecido. Quando encarnado, tive bastante instrução, por isso minhas palavras brotam com facilidade, sobejando até para que o texto fique de certa forma legível, entretanto, o meu estremecimento é tão grande que sofro para redigir estas poucas linhas. Quanto ao início do texto, tem você o direito de melhorar, pois foi o momento mais maravilhoso por que já passei, após várias décadas de sofrimento.
Devo dizer que só tomei consciência de minha realidade graças à dedicação dos amigos que estão cercando-me e amparando-me, enquanto persisto em levar à luz dos homens, sentimento de afetuoso reconhecimento por quanto fizeram por mim, tirando-me da sarjeta e devolvendo-me a esperança que estava perdida.







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DIANTE DO MAL





"Livrai-nos do mal, Senhor!", é o que todos pedimos, a toda hora, mas devemos considerar não só o pedido e a prece, como também o compromisso que tal pedido acarreta, uma vez que temos de nos submeter, constantemente, a atribulações, às quais somos impelidos por sagrados impulsos de regeneração, que devem ser atendidos em harmonia com a justiça divina, que preside nossos atos e vela por que nos sejam oferecidos serviços condizentes com as nossas forças. Se tivermos o poder de bem compreender esse princípio de revitalização de nosso organismo perispiritual, aí saberemos que nunca a nossa prece será atendida em seu sentido literal, mas de acordo com prisma dinâmico e histórico, segundo o poder que tivemos na escolha de nossas provas e na capacitação para a determinação da missão a que, de bom grado, nos submetemos, quando admitimos encerrar-nos na carne, em busca das virtudes que pudessem arremessar-nos para outros quefazeres de mais larga amplitude e profundidade. Agora, reiteradas vezes, elevamos a Deus essa prece de sublime inspiração, mas devemos controlar nossos impulsos de resguardo, para não termos de acrescentar aos nossos orientadores tarefas mais espinhosas, pois seria inútil admitir processo de restauração, para depois suprimi-lo, com medo do próprio desfecho, descrentes das forças que temos e das que nos amparam em luz.
Queremos exprimir nossa satisfação por encontrar muitos mortais acatando o seu destino, a sua própria predeterminação, cumprindo, com muita proficiência, as tarefas que lhes trarão novos vigor e satisfação em investir em encarnações promissoras e alentadoras. "Hosana!", bradamos, Senhor, e enaltecemos os feitos de inúmeros companheiros que se revigoram nas preces e obras, elevando-se às categorias dos anjos e dos espíritos de sublimidade excelsa. Cada vez mais a população aumenta nesses campos de restauração e de trabalho e o homem tem a esperança de vir a gozar das regalias que lhe prometem o seu próprio labor e a sua dedicação, estimulado pelas leis naturais do amor, do trabalho e da caridade. Em suma, temos a nos rejubilar o fato de que estamos presenciando inumeráveis êxitos de entidades encarnadas que buscam cumprir, em louvor a Deus, os misteres santificados a que se destinaram.
Vamos arrefecer o ânimo sempre que ouvirmos prece verdadeiramente medrosa, que solicite fuga ao trabalho, pois estaremos constrangidos a considerar como de fraca decisão o pedido que evoca também falha na crença na perenidade da justiça divina. Teremos aí, então, o nosso mister, que consistirá em reconduzir, ao caminho primitivo, as almas em infortúnio, em decréscimo de intenções, aquelas que ignorarem, ainda que momentaneamente, os compromissos assumidos. Não iremos debandar e deixar tais indivíduos à própria sorte, mas clamamos ao Senhor:

Dai-nos, ó Pai, a nós, humílimos servidores de vossas hostes mais humildes, força e conhecimento para a realização de nossas tarefas e não nos afasteis do mal, se puder ser sanado para benefício de todos. Dai-nos o poder de manifestarmo-nos junto aos médiuns de boa índole, para que mantenhamos aberto canal de comunicação que, dia virá, poderá servir como marco inicial das tarefas de recondução aos caminhos tracejados e muitas vezes perdidos. Dai a todos nós, Senhor, a capacidade de percepção de nossa missão; não nos abandoneis à nossa sorte mas protegei-nos de nós mesmos, para que possamos servir-vos em vossa glória.







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ASSISTÊNCIA FRATERNA





Temos mais uma irmãzinha contribuindo para os nossos trabalhos psicográficos. Veio pedir-nos que nos permitisse participar deste ato mediúnico, pois, de há muito, vinha procurando grupo socorrista que mantivesse contacto com o mundo dos vivos. Pede-nos, encarecidamente, que o irmão abra o coração e aceite pedido especial, que não deverá assustá-lo, pois deseja entrar em contacto meramente espiritual com entidade recentemente desencarnada e que paira ao léu, sem saber encontrar seus amigos e protetores. Pede-lhe ela, caro amigo, que se disponha a escrever encorajadora mensagem, que deverá, através da luz que procuraremos emitir, provocar vibração de mesma intensidade da entidade buscada.
Vá com calma e ofereça-se ao trabalho.
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Meu irmão Antônio:
Espero que você esteja em paz, pois nós todos que o amamos estamos tristes mas confiantes. Sabemos que seu desencarne se deu com muita dor e sofrimento, pois seu aparato físico sofreu impacto muito forte com a explosão do botijão de gás. Nossa preocupação é recuperá-lo e curá-lo convenientemente, para que você possa reconhecer-nos e integrar novamente a nossa família, que anseia pelos momentos de felicidade que já usufruímos em sua companhia.
Venha, meu irmão, encontrar-nos aqui e agora, pois estamos todos unidos, realizando prece em seu favor, e queremos que nos atenda, de modo que tenhamos possibilidade de auxiliá-lo.

Nosso cavalo está temeroso, prejudicando-nos um pouco. Fique bem calmo e aguarde com paciência, que lhe traremos notícias a respeito do que está acontecendo.

Uma entidade está aproximando-se. Vem toda enleada em cordas de finíssima tecitura, em cordões de luz, pois tem várias partes de seu corpo perispirítico em lamentável estado. Quero crer que se trata de meu irmãozinho, pois várias entidades se acercam e desfazem os laços que o prendem. Posso perceber que está chorando, soluçando, com muita dor, e vários amigos estão vibrando ao seu redor, de modo a atenuar-lhe as impressões dolorosas e o medo que está infundido em seu coração.
[...] Já não mais está sentindo dor e pode articular algumas palavras, alguns monossílabos, formulando perguntas, perquirindo sobre seu estado, a respeito do local em que se encontra, fazendo com que todos nós fiquemos sumamente penalizados com seu sofrimento. Não temos dúvida quanto à sua identidade e estamos gratos ao médium por nos auxiliar neste trabalho socorrista. Iremos conduzi-lo a um hospital, para que seja internado por período suficiente para sua recuperação.







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O CÁLICE DAS ILUSÕES





A imobilidade aparente da matéria não reflete o bulício em que se encontram os seus componentes, eletrões e demais ingredientes que compõem o campo atômico e molecular.
Assim também as pessoas. Muitas não querem expor sua verdadeira dor, o seu penoso estado de alma, o coração e os sentimentos, guardando para si os seus problemas, as causas mais íntimas que as levam a situações de tortura mental e de grande ansiedade e desequilíbrio. Tal atitude tem como conseqüência material inúmeros tipos de doenças, de distúrbios orgânicos capazes de conduzir a estágios dolorosos e à própria morte. Mas o mais perigoso nesse procedimento é o fato de a pessoa guardar para si o fel que a dor destila, o medo, a irresponsabilidade, a inconseqüência moral, de sorte que a penalidade espiritual, muito mais grave, acentua os problemas, acrescentando mal ao mal, constituindo círculo vicioso de difícil interrupção. Quem estiver nessas condições deve fazer profundo exame de consciência e procurar confessar de si para si ou a algum irmão de boa vontade, qual o sofrimento que o atinge, de que natureza, quais os limites da dor, qual o poderio da estagnação moral a que o está conduzindo, de forma a liberar os sintomas e a detectar as causas, evitando o desastre maior.
Não quero dizer que todos os seres estejam nessa situação, mas muitos buscam esconder seu sofrimento e ficam acrescentando dor à dor. Para superar tais dificuldades, deve o indivíduo buscar consolo nas palavras do Cristo, no Horto das Oliveiras, quando elevou o pensamento ao Pai e lhe pediu que afastasse de si o cálice das ilusões e das tentações, uma vez que estava servindo para lhe acrescentar dor à dor. Tinha o Cristo consciência de seu sofrimento e não afastava de si o sacrifício que lhe era pedido. Queria, isto sim, afastar a dor acrescida, inútil e desmoralizante. Queria afastar a sobrecarga, pois acatava seu destino, em harmonia com os preceitos divinos de emancipação do homem pela revelação do Messias.
Assim devemos proceder, afastando a nossa sobrecarga de dor, para que realizemos nossas tarefas, segundo o nosso poder de suportar, poder que é imanente a nós, pois é característica de nossa personalidade e integra o nosso ser. Ainda que tenhamos imperecível fé na assistência diuturna de nossos protetores, ainda assim não lhes cabe cumprir por nós a nossa missão. É imprescindível que nos atenhamos a nosso trabalho, realizando todo o esforço possível para conseguir ultrapassar as barreiras de nossa limitação. Estaremos, então, empenhados em sublime realização, em estado de graça, atendidos todos os preceitos da lei do Senhor.







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PERIGO REAL





Quero deixar palavra de estímulo para meus irmãos, para aqueles que comigo enfrentam o duro labor de acompanhar o desencarne das pessoas, afastando os sugadores das forças, não permitindo a aproximação dos espíritos mais grosseiros, que querem fazer, desse sublime momento, motivo de riso e de pantomima. É dever nosso resguardar as pessoas contra a usurpação de seus bens mais importantes, pois, nesse momento, estão indefesas, confusas e, muitas vezes, inconscientes. Se não houver equipe socorrista formada de amigos e de experimentados servidores, muito provavelmente hordas de malfeitores se apossarão dos que não tiveram suficiente precaução e chegaram a este nosso lado em estado de desespero e de dor, no desconhecimento do que se passa, ignorando até o próprio desenlace.
Ainda ontem estivemos próximos a um desastre, pois um ser recém-desencarnado pensou que estivesse sendo seqüestrado e ficou uma fera conosco, pois não era capaz de enxergar em nós a luz que emitíamos para orientá-lo. Com muito esforço, convencemo-lo a seguir-nos e a se conformar com o novo estado. Por pouco não nos abandonou, quando um grupo, maldosamente, passou chamando por ele, usando o seu último apelido e tentando dissuadi-lo com promessas falsas de recondução rápida ao corpo, como se fossem capazes de ressurreição.
Hoje se encontra sendo atendido em instituição de caridade e tem consciência de seu estado, não tendo de enfrentar perigos ou ameaças. Seu restabelecimento se dará para breve, quando receberá as orientações adequadas a seu estágio de desenvolvimento, para poder prosseguir em sua caminhada rumo ao seu destino maior.

Não estou acostumado a ditar textos, por isso peço que me perdoe as hesitações e receba carinhoso e agradecido abraço deste humilde servo da equipe.







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LEITURAS NECESSÁRIAS





Em paz estamos com o desenvolvimento de nosso trabalho. Mais não pedimos, pois sabemos dos sacrifícios que se exigem para serem bem captadas as nossas vibrações, que devem transformar-se em palavras, que encerram idéias, que resumem pensamentos de superior sabedoria, a qual vamos, diariamente, sorver, como água milagrosa, nas mais puras fontes do conhecimento, que se colocam a nosso dispor nas preleções dos mestres que se ocupam do nosso desenvolvimento e do nosso saber. É evidente que são migalhas diante do conhecimento universal, mas satisfazem-nos, a nós que mal deixamos nossas fraldas, que envergamos ainda o uniforme de escolares, analfabetos procurando a luz nas primeiras letras. Não há nada mais vulgar que se buscar preparação na experimentação empírica, nas realizações mais simples do ser humano, quando se está impregnado de fatores de submissão ao meio carnal, frustrado e angustiado, já que se sabe de seus limites mas não se tem força para se alçar em mais largos vôos, na serenidade de capacidade conscientemente adquirida através da seriedade do estudo, preocupado por se ver no pólo mais distante da excelência.
Eis-nos diante do fato de ter de revelar difícil aprendizado, pois nossa preparação não se está adequando aos caminhos traçados pela mente humana, dominada por mesquinharias, por impulsos de ordem inferior, despreocupada com o plano da vida eterna, a que realmente vale a pena viver. O mundo do pecado está bloqueando sua evolução, pois não lhe assegura meios que capacitem a assenhorear-se dos conhecimentos maiores que, inequivocamente, levam à conquista do bem-estar eterno. Clamamos, em nossos escritos, por mais segurança e mais discernimento por parte de todos e encaminhamos à senda do Senhor, não produzindo miraculosos textos, que contenham ensinamentos transcendentais, pois se nos afigura que é mais fácil ao homem comum, perlustrar os caminhos ditados por Jesus em sua jornada e registrados nos livros sagrados do espiritismo.
Leiam, irmãos, os livros de Kardec, especialmente O Livro dos Espíritos e, com muito amor e devoção, O Evangelho Segundo o Espiritismo, obras que condensam, com muita precisão, as noções mais lúcidas que devem pautar os procedimentos humanos, quer no que se refira a seu relacionamento social, quer no que diga respeito à sua atitude pessoal diante da própria evolução. Dessa leitura atenta, brotarão árvores frutíferas, que serão capazes de alimentar a todos em seus momentos de fome, de santa ganância pelo bem-estar espiritual, que a todos deve atrair, com sua força e com seu mistério.
"Misterioso amor", diz a ária conhecida, cantada em múltiplas ocasiões e que desperta no coração humano vibrações de paixão e de sentimentalismo. Mas nosso misterioso amor deve ir ainda mais longe, na profundeza do mistério maior que se encerra no ato da criação e no desígnio da busca incessante do eterno bem.
Agora que estamos despertos para a confecção de tecido maravilhoso de fios de luz e de amor, agora que buscamos realização de transcendental importância, devemos dedicar-nos, com intensidade, à procura dos ideais mais próximos da imperecível formosura da mente que se eleva a Deus, sem receio de vir a se ferir nos espinhos mais agudos. Não é de hoje que buscamos, embora sem saber, tal objetivo, e não será outra nossa missão, mesmo que venhamos a encarnar-nos sucessivamente, pois tal missão é, definitivamente, aquela pregada pelo Cristo, quando dizia que cada homem deve esperar de si sempre mais, devendo ficar com os seus, auxiliando no que for possível.
Tal auxílio deve aperfeiçoar-se, pois não nos é dado revelar o ponto de evolução em que cada um se encontra. É pacífico que tal conhecimento se dará. Por ora, estamos impedidos de discorrer sobre tal tema. Não nos iludamos, entretanto, acreditando que temos muitos pontos adquiridos na escala geral do progresso. É mais cômodo, mais útil, mais oportuno, que nos imaginemos muito pequenos (o que, de resto, é sempre verdadeiro diante do mistério), para que não fiquemos paralisados, aguardando que do céu caiam as bênçãos particulares de que nos julgamos merecedores. Rezemos, irmãos, em paz, e não nos esqueçamos de que muito ainda teremos de caminhar para alcançar o reino do Senhor.







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A ALEGRIA DOS SOCORRISTAS





Diante da bondade de Jesus, tudo cessa, todas as ambições, todos os infortúnios, todos os desejos de grandeza e de poder. Que existe de mais belo do que a bondade de Jesus?! Que vibrações poderão ser mais nobres, mais dignas, mais abrangentes e mais puras?! Que almas conterão em si mais mistérios e mais fé que a alma do Cristo, quando encarnada e sofredora?! Quem poderá, em sã consciência, afirmar que está em nível evolutivo tão superior, que não sinta a importância da bondade de Jesus, em sua peregrinação pelo orbe?! Quem se atreverá a dizer que ainda mais sofreu ou ainda mais realizou em benefício da humanidade, quando sabemos que o Cristo, o cordeiro de Deus, o filho dileto, foi quem se prontificou de boa mente ao infortúnio e quem produziu mais progresso para todos com o sacrifício da vida?!
De sua inesgotável paciência, temos tirado proveito dois mil anos depois. De seus ensinamentos temos haurido com avidez, para melhor compreendermos a nós mesmos, no nosso íntimo, no mais profundo do nosso ser. Ainda agora, no momento mesmo em que escrevemos, vibra-nos aquela impressão do poder que a fé que o Cristo nos legou nos impõe e nós nos sentimos bem, como se realizando estivéssemos o ato mais importante de nossa vida. Queiram, queridos amigos, por favor, tentar sentir esta mesma emoção, pois gostaríamos de poder transmitir, através do nosso pensamento e do nosso sentimento, a mesma sensação que nos fez o sangue correr mais veloz e o coração pulsar mais forte.
Nossa predisposição para o trabalho emana da compreensão da felicidade que adquirimos ao saber que podemos, nós outros, pequeninos e imperfeitos, ser capazes de produzir mensagens de apoio, de revitalização, de consolo e de esperança, mensagens que, vindas de seres desencarnados, representam indiscutível padrão de procedimento para os homens e a certeza de que a morte não é o ponto final, mas a porta que se abre após a vida na Terra para a verdadeira vida, a vida em espírito, que está mais próxima da criação e, portanto, da perfeição. Não se veja nesta assertiva definição absoluta, pois sabemos que muitos passos ainda devem ser dados, para que se possa caminhar para a eterna luz.
Fiquemos por aqui, pois a mais não nos atrevemos, sem que incidamos em erros e em invencionices, porque nosso conhecimento é muito limitado. Basta-nos afirmar que o espírito humano deve estar atento para o que vem realizando ao longo da vida, pois tudo servirá para moldar o perispírito, na busca de outra encarnação regeneradora. Valha-nos a perfeição do pensamento, enquanto realização de pequena importância. Cada idéia encerra em si um objetivo, especialmente se considerarmos a nossa missão, a nossa tarefa, o nosso trabalho, o nosso mister, o nosso ofício, a nossa intenção. Sem que soubéssemos com exatidão o que nos aguardava, não poderíamos oferecer estrada segura a ser percorrida por quantos estejam presos nas paredes da carne. Fique como solução para o problema o nosso amor e o nosso discernimento, o nosso medo de errar e a nossa angústia por saber que poderemos não ser compreendidos, por mal interpretados.
Eis as questões que nos são colocadas: ser ou não ser bom, ser ou não ser honesto, ser ou não ser respeitador dos direitos alheios, ser ou não ser judicioso, para pautar nossos procedimentos com justiça e com denodo, para enfrentar os bloqueios que a sociedade cria e coloca diante de nós, no caminho redentor que temos para percorrer. Ainda há pouco, tínhamos a intenção firme de traçar caminho cheio de realizações, nos campos do amor ao próximo e do auxílio caritativo e desinteressado. Agora, antevemos dificuldades e sentimos desejos de recuar. Por que essa hesitação e esse desalento, quando sabemos o que é melhor para nós? Por que pequenos ganhos imediatos nos fazem preterir tão desarrazoadamente as nossas virtuosas intenções?
Cremos que o que nos impele ao mal seja a incerteza de que temos o poder nas mãos para debelá-lo. Muitos se encontram em situação de mando, de poder manipular os outros em benefício próprio. Muitos outros, a maioria, não têm condições de perceber que poderiam, se quisessem, através de simples ato de vontade, reverter a situação, ajudando seus mandatários a refletir a respeito dos próprios atos. Muitos explorados são, na verdade, exploradores, pois acomodam-se e tentam passar toda a responsabilidade aos mandantes dos atos menos dignos, como se eles mesmos não fossem responsáveis pelas realizações. Não é o dono da fazenda, por exemplo, que põe pessoalmente fogo na floresta: são os seus empregados, que são prebostes de seus patrões no ato insano de fazer cessar a vida natural naquela região. Mas os empregados produzem as queimadas com a desculpa cega de que foram mandados, em insensata tentativa de livrarem-se de suas responsabilidades.
Assim age a maior parte da humanidade, na busca de comodidade material que lhe trará conforto durante certo trecho de sua caminhada, mas que, ao final, será a própria dificuldade a ser enfrentada, quando se deparar com a necessidade de expor os atos à consideração dos espíritos encarregados de sentir o grau de desenvolvimento que cada qual adquiriu nesta vida. Os percalços serão assinalados e, quando o indivíduo se tiver inteirado, em plena consciência, dos males que produziu, aí se arrependerá, mas será tarde, uma vez que deverá retornar à estrada no ponto mesmo em que a abandonou. Não vale a pena deixar-nos levar por tão pouco, em descaso de todo o conhecimento que adquirimos. Soframos as restrições que nos impusermos, sabendo que tal sofrimento é um bem e um ganho para o espírito e seu invólucro mais sutil, pois o sofrimento na carne representa, muitas e muitas vezes, impulso para o crescimento espiritual, que produzirá luz mais intensa a emanar do perispírito.
É assim que nos sentimos: felizes com os textos que produzimos, pois temos certeza de que deles brotarão idéias que propiciarão aos leitores o desejo de realizarem obras que aprimorarão seu desenvolvimento e facilitarão desencarne em paz, quando chegar a hora. Mais tarde, teremos oportunidade de encontrar-nos em outras condições e poderemos abraçar-nos agradecidos, um pelo trabalho do outro, uns lembrando-se da preocupação dos irmãos orientadores, outros satisfeitos pelo desempenho originado de sua expectativa. Querem algo mais grandioso do que a tarefa realizada? Nada pode trazer alegria maior, quando sabemos, do fundo de nossa consciência, que salvamos mais um companheiro que se encontrava embrenhado nas matas cerradas dessa selva de pecados que é o mundo.
Fiquemos na paz do Senhor e agradeçamos-lhe a possibilidade de refletir a respeito de nossa condição de entidades sofredoras das misérias próprias da encarnação. Agradeçamos a bênção de poder usufruir conhecimentos tão seguros que nos conduzirão, com certeza, para realizações de importância. Agradeçamos as benesses de nossas colheitas e tenhamos na consciência o ensino do Cristo:
"Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos!"




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