O sol me chama lá fora.
nem desconfia - virei sanca.
o vento sopra nas folhas,
como quem canta,
a me provocar.
cadeira de rodas
off road,
alguém conhece,
me cede, aluga,
que eu preciso demais!
ah, vou eu pulando
que não resisto
a esse sol , à brisa da tarde,
ao jasmim manga florido.
deito na rede azul,
banzativa, papo pro ar.
e os passarinhos, caramba!
primavera é fogo.
aeroporto no jardim.
é bicadinha pra cá, vôo rasante pra lá,
todo mundo querendo se pavonear.
de vez em quando, dá briga,
que amor de bicho é passional.
que fazer se não sei voar?
soubesse ao menos cantar.
Mas dessas mãos saem versos,
luminescências, perfumes,
comida boa, carinho,
que é coisa doce de dar.
fico pensando: que vida boa,
casa na roça,
meu generoso pomar,
esse jardim desengonçado
que ainda vou arrumar.
será que um anjo danado
quebrou-me a rótula de propósito?
pra me fazer aquietar?
(para meus amigos poetas, Leonardo, Nelson e Tim. E pro Sérgio, que não faz versos, mas me chamou de sanca e conseguiu me inspirar)
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