Na larga estrada da minha vida,
Cobertas de poeira pelo vento soprado
Quantas pessoas amigas encontrei
Nos estreitos e muitos caminhos andados,
Ainda me lembro dos rostos e das vozes
Na memória dos olhos e ouvidos cansados.
O sol, brilhante, a queimar o meu corpo,
Encheu-me de vincos o peito e a face,
São as rugas das muitas batalhas travadas,
Já não tenho muito mais o distante passado,
Já não tenho muito mais o eterno presente.
O meu tempo agora é escasso.
Quem dera pudesse eu sentar bem tranquilo
À beira da minha estrada e olhar
Pra longe, bem longe, pra lá, bem distante,
Lá onde essa estrada vai dar
E saber ficar à espera, sorrindo,
Daquela que um dia virá.
E quando ela chegar, sendo bela e fagueira
Linda qual flor da montanha ao abrir,
Num sorriso, não fale nem peça em troca
Ao cumprir sua missão, bem sutil,
Que me estenda sua mão, feito ponte,
Me ajudando a cruzar esse rio.
E na margem oposta, quem sabe,
Possa eu altaneiro virar a cabeça
E olhar para trás e ver longe, bem longe,
Todo o imenso caminho andado, a luzir,
Pois alegre e sorrindo, afinal, fui embora,
Carregado nos braços de quem seduzi.
Oh!, meu bom Deus, quanta sorte terei
Se houver esse dia à minha espera,
Cavalgando qual um paladino da vida
E mostrando a todos o quanto vivi
Nem me importam as rugas na face
Se me deres a oportunidade de rir.
Um sorriso alegre, bem solto, bem forte,
Que eu possa dizer sem nenhuma ironia:
Eu vivi toda essa minha vida contente,
Aprendi a amar, a sofrer e a chorar,
Já não sinto sequer mais nenhuma tristeza
Pois o amor foi de sobra ao chegar. |