A HIERARQUIA NO CORDEL
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
Hoje estive pensando
Que o CORDEL poderia
Do jeito da capoeira
Ter graus que indicaria
O tempo que o cordelista
Levou pra chegar na lista
Dos mestres da poesia
O iniciante da arte
A faixa seria branca
Primeiro grau no terreiro
A rima bastante franca
O seu batismo primeiro
O seu cordel verdadeiro
A porta faltando a tranca
O iniciante, aprendiz
Garra e tenacidade
Pratica no dia-a-dia
Sua criatividade
Ouve do mestre o conselho
A palavra como espelho
O crescer com humildade
Assim vai desenvolvendo
Até que a esperança
Que começou na cor branca
A faixa verde alcança
A grama em harmonia
Pinta o chão da confraria
Vai ganhando confiança
Subindo mais um batente
Mais uma etapa vencida
Falando de amor e de paz
Compõe no mote da vida
Com muita graça e talento
Voa nas asas do vento
Continuando a subida
Avança cada vez mais
Já conhece o caminho
Acumulou sentimentos
Já anda quase sozinho
A jornada é comprida
Leva quase toda a vida
Entre rosas e espinho
Depois de um tempo passado
A cor agora é celeste
Azul é o seu novo grau
Já representa o nordeste
Já começa a fazer frente
Com um bocado de gente
Gente boa do agreste
Seu cabelo é grisalho
Recebe a faixa amarela
A faixa mais preciosa
De todas, é a mais bela
Equivalente ao ouro
A faixa vale um tesouro
Verdadeira aquarela
A faixa dos grandes mestres
De cores e de histórias
Dos que escrevem na hora
Improvisos de memórias
São verdadeiros artistas
Sonhadores, realistas
Merecem todas as glórias
Pois os mestres são perfeitos
Ao pintar as aquarelas
Não demoram com as rimas
Brilhantes e amarelas
Lapidadas, sem retoque
O talento a reboque
Abrem portas e cancelas