Queridíssimo diário,
Eis-nos aqui novamente,
Trazendo um assunto vário,
P’ra despertar toda a gente.
São impressões de viagem,
São dores que sinto ainda,
P’ra tudo peço coragem,
Que nem tudo a morte finda.
Coloquemo-nos à luz
Deste evangelho do Pai,
Trazido a nós por Jesus,
Com amor que não se esvai.
Se tivermos boa vontade
E uma fé mui persistente,
Será com felicidade
Que nós iremos em frente.
Não foi realmente isso
Que o Mestre nos ensinou:
Honrar nosso compromisso
Co’aquele que nos criou?!
Se conseguirmos, com sorte,
Ajuda de bons irmãos,
Seja na vida ou na morte,
Vamos ter os atos sãos.
Por isso, não nos afeta
A dor que ainda sentimos,
Pois, com Deus, em nossa meta,
Vivemos em doces mimos.
Ao olhar pela janela,
Em busca da Natureza,
Sentimos sempre mais bela,
Dentro de sua rudeza.
É que nossos olhos brilham
Daquela luz verdadeira,
Dos caminhos que se trilham,
Co’a morte por companheira.
Se são tétricos os quadros
Aos olhos dos bons amigos,
É que vencemos os adros,
Em tempos já bem antigos.
Mas se são soldados velhos,
Experientes nas lutas,
Com base nos Evangelhos,
Não fugirão das disputas.
Mas é bem triste o espetáculo
De alguns velhos trapaceiros,
Que carregam o seu báculo,
Levando os trinta dinheiros.
Raramente apedrejamos
Os queridos companheiros,
Por isso, só alertamos
Pelos crimes verdadeiros.
O cavalo da figura
Tem o cenho sempre fixo.;
É bem assim a estrutura
Do Cristo no crucifixo.
Entretanto, é bem preciso
Ver Jesus por outro prisma.;
Se nós tivermos juízo,
Veremos que tem carisma.
Se Jesus sorriu bem pouco,
Durante tão curta vida,
Jamais fez ouvido mouco
A qualquer voz comovida.
A todos deu seu carinho,
De todos foi caro irmão:
Se transformou água em vinho,
Fê-lo de bom coração.
Eu não gosto de dar curso
Aos milagres do Evangelho.;
Procuro um outro recurso:
Podem chamar-me de velho.
Muitas coisas que se dizem
Podem ser bem explicadas,
Contanto que elas não visem
Dar co’as pessoas pasmadas.
Nosso ponto é muito sério,
Nossa tese é muito rica:
Quem precisa do mistério
Em nossa crença não fica.
É bem curto o nosso dia,
Nas tardes das quintas-feiras.;
Quem precisa de poesia
Que não tem eiras nem beiras?!...
Mais à noite, finalmente,
Queremos ir estudar,
Com o coração contente,
Os temas de “Nosso Lar”.
Por isso, caro irmãozinho,
Interrompa o nosso verso,
Receba o nosso carinho,
Nas graças deste Universo.
Se quiser lembrar de Deus,
P’ra agradecer sua vida,
Recorde todos os seus,
Numa prece compungida,
Diga, depois, seu adeus
À gente aqui reunida,
Que espera, com ansiedade,
O bem da felicidade.
|