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Cordel-->Hallowen de araque -- 11/12/2004 - 00:01 (Bruno Rezende Palmieri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não sei onde ouvi a estória
guardada por teimosia na memória
para alguns era um vagabundo
outros o julgavam perigoso
fazia cara de manhoso
mudava de assunto
ficava um bocado nervoso
quando lembrava
o apelido recebido
mal havia saído
do ventre materno.
Sem nenhum exagero
ou respeito pelos pais orgulhosos
o teratológico nascituro
ganhou fama no berçário
de acidente ecológico.

Deve haver um engano
este menino não parece humano
Será que a mãe concebeu um alienígena?
Um ser vindo dos confins da galáxia?
Mistura de abutre com pelicano?
- Êta bichinho feio, disse o avô.
- É feio que dói, comentou a tia.
- Minha pobre filha, rematou a avó.
Por fim todos se benzeram
diante daquela feiura atroz.
Chamaram um padre, dois, três, dez,
por segurança,
para batizar depressa o mostrengo
antes que mais alguém se assustasse
com o protótipo de ogro
disfarçado de criança...

Graças à perícia dos cirurgiões plásticos,
aos avanços da medicina,
muita reza brava,
novenas,
trezenas,
missas pelas almas,
e muita paciência,
quando veio a adolescência,
já não era tão feio,
conservava porém nariz portentoso
indicando o epíteto
pelo qual seria para sempre conhecido:
ladrão da camada de ozônio...

Com o tempo a alcunha foi abreviada,
no lugar da frase completa,
foram surgindo expressões mais singelas:
´drão candiôzoin
´drão diôzoin,
‘drãdiôzoin...
Por fim ninguém o chamava
pelo nome que a conselho de um dos padres
e aceito pela família,
prometia fama e sucesso:
Jean Paul Belmondo!

Pasmem leitores
com o nome que lhe deram
não lhe diminuía nem um pouco
o trabuco do nariz,
mas todos esperavam vê-lo feliz,
com ares de ator famoso,
a despeito do cheirador
tão volumoso.

Como sói acontecer
em narrativas de terror
aquele tipo exótico
movido por impulso erótico
encontrou a vítima perfeita
para o ardor que o consumia.
Era Atroverona,
a mutante mais pavorosa da freguesia,
cuja graça homenageava
as impiedosas cólicas da genitora,
o medicamento para aplacá-las,
e a cidade shakespeariana
do romance proibido
entre Romeu e Julieta.

Drãdiôzoin e Atroverona
formavam sem dúvida um belo par.
O namoro foi curto,
decidiram-se casar.
Que felicidade!
Quanta harmonia!
Mudaram-se para o campo,
quase nunca visitavam a cidade.
Vieram os filhos,
um mais feio que o outro,
mas numa família dessas
espelhos e espantalhos
não faziam falta.
Ali nenhum lobisomem
mula-sem-cabeça,
ou coisa que o valha
se atreveria a aparecer.


Certa feita um dos meninos
em visita aos tios
soube pelos amigos
de um tal de “ralouim”,
a festa das bruxas,
e resolveu participar.
O coitado saiu sozinho,
a criançada tinha medo
de sair com aquele diabrete
que ademais parecia um morcego.

De susto em susto,
de casa em casa,
não sobraram doces
para a gurizada.
Quem não os tinha
ia logo para a cozinha
providenciar guloseimas
para saciar o fantasma.

Satisfez a gula
depois o trono não deixava.
Os pais foram chamados,
levaram o quiróptero glutão
para alívio do pequeno gárgula,
pois queriam contratá-lo
para a malhação de Judas,
no papel principal.

No dia seguinte
mandaram celebrar
centenas de missas
em ação de graças.
O prefeito decretou feriado,
proibindo para sempre
o festejo importado,
tal o pavor
que o filhote de assombração
havia causado.









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