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Poesias-->Cabeça-de-vento -- 18/11/2003 - 18:11 (Rose Oliveira) |
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Cabeça-de-vento
Era a terceira
dos nove rebentos.
A mocinha da casa
e agia
como se fosse varão.
Cabeça-de-vento!
Zombavam os irmãos.
Moleca
brigava
jogava gude
empinava pipa
batia peteca
tecava castanha.
...coisa estranha
ver essa guria
levada da breca!
Maria-João!
Provocavam-na em coro.
Seu brinquedo favorito:
subir no morro
sem temer caco de vidro
sentar de calcinha
em cima do papelão.
Descer desbandeirada
a ribanceira
braços abertos
olhos fechados
curtindo a sensação.
Doida varrida!
Gritava a mãe.
Sentindo falta da filha
procurava-a no oitão
e de lá via a cena
morrendo de aflição.
Que situação!
Menina sem juízo!
— Quer me matar do coração?
Se tivesse um vidro ali
no meio daquela ladeira
cortaria você de cabo a rabo!
Diabo!
Esbravejava aflita.
Escuta o que digo,
teimosa!
A filha
que seria
mimosa
linda princesa
coquete
agia feito moleque!
A garota, sorrindo,
abraçada às pernas da mãe
ronronando falava:
faço mais não!
Séria.
Como se prestasse atenção.
E no instante seguinte
vivendo de rojão
já aprontava
e corria
em intensa estripulia.
Ela,
a moleca que
...não emendava.
Rose Oliveira |
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