SONETO BELICOSO
lílian maial
Esse olhar de fuzil a metralhar,
hoje terno, amanhã apedrejante,
hoje doce, amanhã dilacerante,
armamento que eu devo recusar.
Como a presa, de instinto singular,
sabe o som da armadilha verdejante,
eu pressinto o perigo latejante,
que essa boca anuncia sem falar.
Perdição pendurada por um fio,
tão fininho e tão frágil calafrio,
espocando qual fogos de artifício.
Calejada de espinho e danação,
bem melhor resistir à tentação,
que deixar-me lançar no precipício.
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