Usina de Letras
Usina de Letras
146 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62265 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10379)

Erótico (13571)

Frases (50654)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4776)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6203)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Livro Urbano das Horas -- 16/11/2003 - 00:46 (José Ricardo da Hora Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seis horas da manhã

A lua ainda não deitou

E a cidade furiosa já abre os primeiros olhos.



Sete horas da manhã

E o galo já acordou o sol.

As padarias estão vazias

Após terem vendido pão, biscoito, leite e trabalho.

A cidade sibila freneticamente

E os carros lentamente correm para o trabalho.



Oito horas da manhã

Todos os ônibus trafegam ilógicos

Nos vasos sanguíneos da urbe monstruosa.

O dióxido de carbono recobre o horizonte

E as redações estão cheias de motícias.



Nove horas da manhã

E as lojas estão grávidas de consumidores.

Os Office-boys passeiam pelo centro

E as filas cruzam as fronteiras.



Dez horas da manhã

E os restaurantes são fornalhas

produzindo alimento para turba faminta.

Cuidado, pardalzinho!A cidade tem fome!



Onze horas da manhã

E ondas humanas quebram-se

Na falésia de concreto e aço.

As estações atiram seus ônibus pelas ruas

Como uma metralhadora sedenta de velocidade.



Meia dia e meia

O sol a pino frita a metrópole,

Que digere seus habitantes

Com loucura, colesterol e estafa.

Desejos libidinosos povoam

O santo repouso das refeiçõs.



Uma horas da tarde

A loucura recomeça com estômagos

Diglutindo uma última gastrite.

Um corpo infartado na rua não

Comove mais a telerepórter da tarde.



Duas horas da tarde

Vai, turba insana das metrópols!

Esmaga-te nas viraças inúteis do escritório!



Três horas da tarde

A cidade não para,

O tempo não para,

O dinheiro não para,

A solidão esmaga.



Quatro horas da tarde

As fábricas em curto-circuito

Aliena seus escravos operários,

Que não percebem o arco-íris

Nascido no céu após a garoa.



Cinco horas da tarde

Corre, manada de robôs,

Corre para seus estábulos.



Seis horas da tarde

O sol bate seu ponto de turno

Para entregar os desejos à Lua.

O carrossel de luzs no Centro

Recora que a cidade continua faminta.

A cidade não para!

O tempo não para!

O dinheiro não para!



Sete horas da noite

E os jornais lutam para fechar

A próxima edição.

O amanhã é ontem

E o tempo é agora.



Oito horas da noite

E os apertamentos estão ligados na TV.

Os bares estão repletos de almas vazias

E os vampiros passeiam à paisana

Nos escritórios, a procura de mais fortuna.



Nove horas da noite

As ruas residenciais começam a serenar.

As ruas boêmias começam a fervilhar.

Nos hospitais em plantão esperam hieráticos

A próxima catástrofe, alheios a tragéida

Diária da vida humana.



Dez horas da noite

Os comboios de ônibus serpentiam

Em direção das garagens para dormir.

A viatura policial passeia como um anjo noturno

Espada não mãos, guarda as ruas

Para pressão nossa de cada dia



Onze horas da noite

Os últimos boêmios esperam pela madrugada.

A metrópole dorme mecânicamente

E os sonhardores ainda não acordamos para o dia.

A cidade não para!

O tempo não para!

O dinheiro não para!

E a morte espera.



Meia noite

Longe da fumaça e da loucura,

As fadas e duendes, ninfas e sátiros

Vivem a vida alegremente,

Longe da necrópole de concreto das cidades

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui