Um liso, um frouxo e um cego
Num bar a se lamuriar
Falando de suas mazelas
Estavam quase a chorar
Noutra mesa um caneiro
Dos que bebe o dia inteiro
Falou que os ia curar
Chamou então o garçon
Bote cachaça acolá
Pode servir a vontade
Pois sou eu quem vai pagar
Se eu dormir aqui na mesa
Podes ter a certeza
Que pago quando acordar
Pra ganhar vinte por cento
O cara virou uma bala
Era um cara maldicente
E isso não atrapalha
Ganhar uma boa grana
Para servir aquela cana
É vivo quem pouco trabalha
Depois de duas garrafas
O frouxo se levantou
Se me cobrarem essa conta
Bato no Governador
Mesmo se for mulher
Eu bato em quem eu quiser
E ainda dou no Lavô
O liso se arreliou
Isso sim é que é viver
Alguém pagou a cachaça
E não era meu querer
Minha cabeça tá tonta
Mas eu pago toda conta
Que me venha aparecer
O caneiro ficou brabo
Cara você me humilhou
A conta quem paga sou eu
Pois fui eu quem autorizou
E foi um grande bate boca
Que até uma bicha louca
Logo dalí se mandou
Foi quando o cego falou
Tô vendo que vai haver tapa
Se não param a discussão
Só peço que não me bata
Se isso não for avante
Juro que de hoje em diante
Eu só bebo é garapa