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Cartas-->A voz que fala por dentro X - Os fantasmas - Parte 2 -- 25/01/2003 - 00:52 (DENIS RAFAEL ALBACH) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muitas coisas ouvimos e muitas coisas guardamos dessas vozes que vêm de dentro. E a maioria das coisas que mais damos atenção é a que mais nos prejudicam. Temos ouvidos vozes dos nossos demônios internos. Conselhos que trazem sensações negativas. Por vezes é preciso que caiamos no buraco para realmente nos sentirmos no chão. Por vezes somos levados à beira de um buraco e somos jogados nele por atendermos as vozes que vêm de dentro. São tantas vozes, como saber qual é a certa?
O certo é que tudo o que polui nosso interior,esses fantasmas arraigados em nossa mente, nos oferece a depressão. As coisas que deixamos acumuladas no nosso porão, um dia acabam explodindo. São tantas bagagens que viemos trazendo.Tantas inflamações não curadas. Feridas não cicatrizadas. Palavras que foram colocadas no lugar errado, decepções, etc., tudo cresce e chega a dominar.
Os fantasmas tentam nos livrar de toda nossa boa chance. Tudo o que trará um resultado positivo ou nos fará nos sentirmos melhor,eles tentam nos impedir. Mas para aquilo que será facilmente consumido, eles nos tentam a dizer SIM quando o melhor é dizer NÃO. E a sutileza com que ouvimos isso é a responsável por boa parte de nossas dores e feridas. A tristeza vem desse argumento: termos dito SIM quando devíamos dizer NÃO.
As oportunidades chamativas parecem serem poucas e por isso somos levados a experimentar cada vez uma coisa diferente ou experimentamos coisas iguais para ver se trará um gosto diferente. Por exemplo, vamos imaginar uma pessoa que busca um grande amor, mas não sabe quem ele é ou onde ele está; então qualquer tentativa de poder descobri-lo, vai levá-la sempre a algum lugar diferente para tentar achá-lo. E vai passar por pessoas diferentes como se cada uma fosse uma tentativa nova.Após todas as experiências, vai ver que tudo aquilo foi em vão e não trouxe o resultado esperado. Depois de noites de idas e vindas, encontros e decepções, surgem as dúvidas, os temores, o fracasso, a tristeza, a dor e o arrependimento. No final irá perceber que se tivesse dito NÃO para tantos encantos oferecidos, muita coisa teria sido evitada. Seria muita dor a menos.Muita decepção e ilusão a menos. Nossos fantasmas nos apóiam e nos levam até o lugar do fracasso, e nos abandonam no fim da estrada. Eles não querem nos ver felizes.São demônios que trazemos. São conseqüências de causas do passado que nos fizeram sentir dor e sempre farão isso até existirem.
A ilusão na vida vem junto com esses fantasmas. Eles nos proporcionam uma ilusão interna. Por vezes sabemos que estamos iludidos mas não queremos acreditar.Já alguma vez criamos esperanças vãs por alguém ou por algo que nunca tivemos. É possível que a grande maioria tenha sustentado em sua vida um amor platônico. Idealizamos a pessoa amada e fizemos planos ao seu lado, no futuro, para que o amor nos trouxesse felicidade.No íntimo sabíamos que algo não daria certo ou não seria assim. Mas deixamos passar desapercebida essa intuição. Por que fechamos nossos olhos justamente quando o problema surge à frente? Fechamos nossos olhos e ouvidos para não ver e não ouvir. Assim sustentamos uma esperança vã, que um dia não realizada nos traria a frustração e o insucesso.
Os demônios que nos atingem logo são nossos inimigos íntimos. E nos acostumamos com eles. Chegamos a deixá-los íntimos de nós mesmos.Eles nos conhecem melhor do que nos conhecemos e sabem o caminho que pode nos levar ao bem ou ao mal, a um lugar bom ou ruim. Mas o mais cômodo para eles é querer nos deixar como estamos, sem tentativas de mudança. Quando nada muda acaba estragando. Quando as coisas estragam afetam as outras ao redor. Quando todas as outras coisas estão afetadas vem o conformismo, a preguiça e o desânimo em mudar. E é isso que nossos fantasmas querem. É isso que eles querem plantar em nossa mente e coração.Continue como está,eles nos dizem.; Para que mudar? Para que a diferença? Pode ser um caminho árduo, eles nos falam. E todo conselho de alerta, quando atendemos, não causa nenhuma transformação e o caos se abre abaixo dos nossos pés. Tudo volta e continua como antes. As mesmas ilusões, as mesmas promessas falsas, as mesmas tentativas frustradas acontecem senão procuramos nos modificar.
A expectativa que o ser humano traz está arraigada a uma ilusão. É na verdade uma esperança vã,mas que por um tempo o deixa feliz. Talvez junto com essa expectativa venha toda sensação de comodismo e conforto; um conforto frustrante na verdade. Os demônios são cheios de jogos e matutam cada plano para nos confundir. Como somos acostumados a ficar cegos e surdos para o que eles mostram e falam em meio aos seus esquemas, somos levados ao caminho da espera.A esperança. A esperança vã que ilude.Aguarde e confie, eles nos dizem. Mas acontece que nada muda se nós não mudarmos. Nada vem em nossas mãos se não formos ao seu encontro.Eles só nos levam ao lugar errado para sentirmos sensações estranhas e nos dotarmos de sentimentos ilusórios para mostrar o tamanho do nosso vazio.Eles são terríveis!Mas a culpa ainda é nossa.
Que perigo corremos em suas mãos! Eles dominam nossos pensamentos,logo nossos passos e vão formando um caminho para nos levar ao abismo. Tudo é muito sutil. Primeiro vem todo poder de sedução. Eles mostram a maçã. A fruta bela e desfrutável que causa sensações conhecidas em nosso coração.Mas a maçã está do outro lado, lá fora num lugar escondido que não sei onde está. Há o vazio por dentro, a fome, a vontade de saciar e preencher este espaço. Mas se a fruta está lá só basta ir ao seu encontro. Por que não fazê-lo? A fruta está lá. Já é certo que esteja! Qual erro? E se não for das melhores, mas como saber senão experimentar? Só basta seguir o caminho,vê-la, encontrá-la, apalpá-la, pegar com as mãos, tocar e por último experimentar. É fácil. O produto estava pronto. Mas depois retorno para casa e a fome volta novamente. Não posso trazê-la; Mas onde encontrá-la de novo?Acho que ela não mais existe. Era uma só. Apenas uma vez. Tudo foi rápido. O tempo passou, veio a gula, mas acabou.E o que fazer com o vazio que ainda existe?
Nossos pensamentos vãos, esses fantasmas inquietos que nos atribulam, nos levam ao lugar exato de onde podermos errar e nos ferir. Com o vazio ainda existente, passamos a prestar mais atenção nessas vozes que vêm de dentro. Pois é claro, toda e qualquer tentativa de amenizar a dor será algo bem recebido. Não tem importância de onde nem de quem venha, nos momentos de carências, que nos sentimos abandonados, qualquer mão serve para consolar,qualquer voz serve para ouvir, ainda que sejam vozes estranhas e falem coisas absurdas.
O ponto máximo que podemos chegar do pior que possa acontecer,o lugar mais profundo do abismo, é a autodestruição e a autonegação. Mesmo quando não conseguimos definir de onde vêm as vozes, isto é, a causa primária delas, sabemos que elas estão ali para nos infernizar. São lembranças que sustentamos de momentos,dias tristes, pessoas que nos magoaram, pessoas que não nos amaram, amores perdidos, desilusões, decepções, paixões não conquistadas, etc. Tudo isso que alimentamos, tumultua-se em nossa mente e coração, e torna grandes instantes de nossa vida num caos.
Atacar a própria imagem que trazemos desde que nascemos é a maneira mais fácil de nos ferir.Quando tudo isso que trazemos, todo nosso aspecto que convivemos dia a dia é tocado de forma hostil, abre-se uma ferida no vazio. É a forma de dar canivetadas nas nossas cicatrizes.É a forma de furar os nossos calos até sair sangue dos olhos. É deixar uma marca para sempre, para nos sentirmos deprimidos, aprisionados, abatidos,tristes e incapacitados. Destruir nossa auto-imagem é a tarefa fundamental desses demônios, porque desde que somos criados à imagem e semelhança de Deus, sermos destruídos dessa forma,denota a idéia de ferirem a imagem de Deus que trazemos em nós, Sua presença, a parte dEle que existe em cada um.
Quando o complexo sobre as partes ou alguma parte do nosso corpo vem à tona, quem sofre não são as próprias partes, mas a dor fica por dentro. É assim que a baixa-estima traz sintomas de depressão. O Deus triste e ferido em nosso interior. O Deus calado.Nosso ego ferido. A separação entre o Criador e a criatura.
São tantas as mentiras em que acreditamos. Tantas vozes a que demos ouvido e as aceitamos como algo real. São mentiras que muito as sustentamos e passamos a crer nelas como se fossem verdades. Quando algo já vai mal, passamos a procurar por defeitos.
Ø Quem me aceitaria tendo essas sardas que tenho?
Ø Eles ficam me olhando porque alguma coisa deve estar estranha com meu vestido!
Ø Ele jamais me namoraria, veja o meu rosto,meu cabelo, acha que ele vai querer alguém assim?
Ø Ah, veja só se posso sonhar em ter um grande amor, sou gorda, e as pessoas geralmente não se atraem pelas gordas.
Ø Posso até tentar essa oportunidade,mas se as outras pessoas forem melhores que eu?
Ø Perdi minha namorada porque o outro era mais alto e mais bonito.
Ø Ah, vocês acham que eles vão prestar atenção no que uma pessoa de 1,45cm,magrinha, meio rouca como eu vai falar?
Ø Eu posso ser o mais alto da turma tendo 1,90cm de altura, mas qual a graça nisso tudo se tenho um nariz grande. Eles ficam reparando só no meu nariz.

Bem, agora é preciso de um espelho. Não para você quebrá-lo. Mas para se olhar nele e deixar esquecidas as mentiras camufladas e tomar como verdade que: você é bem melhor do que aquilo que sempre acreditou. Você não é aquilo que as vozes lhe disseram. Você não é aquilo o que pensa que você é. Mas você é a imagem e semelhança de Deus.
Muito do que sentimos nos leva mais longe de nos aceitarmos como pessoas completas. Somos completos.Os defeitos que vemos em nós são o motivo de estarmos defeituosos por dentro, porque algo nos invadiu e algo nos fez pensar diferente. Os fantasmas existentes dentro de cada um, realmente atormentam. Eles não são apenas personagens coadjuvantes. Eles são nossos antagonistas e querem se dar bem no final. Nessa tentativa de se sobressaírem ilesos de todo estrago, jogam a culpa em nossas costas.
Ao nos julgar eles nos dizem:
- Quem mandou você olhar para a maçã? A maçã estava ali, mas quem disse que era para você olhar?
- Bem, mas se não era para ser olhada,por que a maçã estava ali?
- A maçã era apenas uma fruta naquele lugar. Uma fruta tranqüila ali. Quem lhe disse que esperava você? E quando foi que falamos que ela era boa e desfrutável?
- Vocês mostraram a maçã. Eu pensei... eu fiquei com vontade de mordê-la.
- Você estava com fome? Estava com vontade?
- Sim e por isso que fui ao seu encontro...
- Mas se a fruta estivesse estragada? Se ela estivesse envenenada?
- Bem, eu não pensei nisso na hora. Eu queria provar a maçã. Desejei-a.
- Ah, então você assumiria toda culpa?
- Culpa? Que culpa?
- A culpa se a fruta fosse um veneno e fizesse mal.
- Não acreditei nisso. Ela era bela. Boa, gostosa. Eu fui ao seu encontro vê-la, peguei nela, apalpei, segurei e a mordi.
- Foi fácil?
- Foi muito fácil! A fruta estava boa e não estava estragada.
- E o que você sentiu depois?
- O que eu senti? Eu voltei para casa, mas me voltou a fome outra vez. Senti desejos.Tive vontade de mordê-la de novo.
- E o que você fez?
- Iludi-me. Não foi como pensei. Nunca é como penso. Dessa vez eu pensei que seria diferente e nunca mais voltasse a fome. Mas sempre quando retorno, vem o arrependimento de não ter sido diferente e ter errado mais uma vez
- E o que você vai fazer agora?
- Eu nem sei o que vou fazer.
- Ah, então por que você não espera outra maçã?

A ilusão cai como uma luva toda vez que estendemos a mão. Você já pensou quem é a tua maçã? A fruta desejável pode ser qualquer coisa que possa saciar teus desejos e suprir sua carência. É a própria fruta que preenche o seu vazio. Quem ou o que pode preencher esse vazio?Percebemos que toda vez que vamos buscar lá fora a resposta para nosso problema, voltamos cansados, amargurados e desiludidos mais uma vez. Talvez nunca nos demos conta que temos um jardim em nosso coração e nele está plantado um pomar. Por que sempre buscamos a fruta do vizinho?Por que sempre cobiçamos a maçã do outro lado da cerca? É de se pensar até onde nossos fantasmas nos levam. Eles nos levam a lugares desconhecidos e nos apresentam pessoas estranhas. A maçã sedutora é o principal alimento que sustenta nossos fantasmas.


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