Usina de Letras
Usina de Letras
293 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Padre Quevedo desmascara os charlatães -- 22/08/2021 - 08:17 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Padre Quevedo desmascara os charlatães



Quevedo ataca os curandeiros, considera os gnomos uma grande bobagem, e vê a Parapsicologia como a única solução contra a superstição e os excessos de seitas e religiões



Em uma época em que os livros de misticismo e esoterismo são os mais lidos e as pessoas deixam-se influenciar por astros, pirâmides e gnomos e bobagens do gênero, o “caçador de bruxos”, Padre Oscar González-Quevedo, continua a sua luta contra as “superstições”, “milagreiras” e “charlatanices”.



Quevedo é conhecido por suas posições polêmicas em relação ao “sobrenatural”. Confronta-se, frequentemente, com curandeiros e feiticeiros e, mesmo entre os católicos, suas ideias nem sempre são bem aceitas. Convencido de que “as aparições não passam de visões, criadas pelo inconsciente das pessoas” ele afirma, também, que o Brasil é o país mais supersticioso do mundo e por isso com maior crescimento de “insanidade mental”.



Jesuíta espanhol, Quevedo foi um dos fundadores do Centro Latino-Americano de Parapsicologia (CLAP), em São Paulo, do qual é diretor-presidente. É também professor de Parapsicologia da Faculdade Anchieta e membro honorífico do Instituto de Investigações Parapsicológicas de Córdoba, Argentina. Escreveu vários livros, entre eles, O que é Parapsicologia, A Face Oculta da Mente, Antes que os Demônios Voltem, e a coleção Os Mortos Interferem no Mundo? (em cinco volumes).



De passagem por Florianópolis, onde ministrou dois cursos sobre Parapsicologia, Padre Quevedo recebeu a reportagem do Zero para uma entrevista exclusiva.



Entrevista: Pablo Claudino e Jaime Moraes



Zero – Qual a contribuição que a Parapsicologia pode dar à sociedade?



Padre Quevedo – Ela contribui tirando superstições. Hoje, o povo está escravizado por crendices como astros, pirâmides, runas, mau-olhado e energias negativas que andam por aí. Tudo isso é bobagem, sem fundamento. Diante de tanta poluição de religiões, seitas e superstições surgiu a Parapsicologia, que é o conjunto de ramos da ciência que estuda o misterioso, o extraordinário, os fundamentos verdadeiros ou falsos de todas as religiões.



Zero – Então, o homem tende a buscar o misterioso, o extraordinário?



Quevedo – Sim, essa tendência é boa, só que por um caminho errado. O mundo ficou materializado, ateu. As pessoas deixaram de lado essa transconsciência, essa tendência sobrenatural inata no homem. Então surgiram tantos grupos, seitas, religiões, falsas doutrinas, para alimentar essa necessidade do homem. Como são religiões sem fundamentos aparecem os falsos milagres de curandeirismo, sugestão e fanatismo. Assim a telepatia, a psicografia, o movimento de objetos, tudo isso que a Parapsicologia explica é interpretado como milagre. A Parapsicologia procura distinguir em cada fenômeno o que é natural, humano, em todas as épocas, religiões, seitas, daquilo que é verdadeiramente um milagre superior. Esses milagres só têm acontecido em ambiente religioso-divino.



Zero – O senhor falou em psicografia. Chico Xavier e outros médiuns dizem que recebem mensagens de pessoas já mortas. E possível essa comunicação?



Quevedo – A psicografia provoca-se através da sugestão, da hipnose, em qualquer estado de consciência. Há quase um século que a Parapsicologia desafia dois médiuns a psicografar, cada um, cinco linhas alternadas de um mesmo texto. Um escreve a primeira linha, o outro escreve a segunda, depois o primeiro escreve a terceira linha, e assim sucessivamente, até que cada um tenha escrito cinco linhas. Até hoje já tentaram várias vezes, mas nunca conseguiram. Chico Xavier e Divaldo Franco dizem sempre que escrevem e falam inspirados pelos espíritos dos mortos. Se fosse um morto o que lhe custaria ditar as dez frases a um e a outro psicógrafo? Essa é a prova de que não são os mortos, que é o inconsciente dos médiuns. Eles dizem que os espíritos dos mortos se reuniram no além, em congressos internacionais, para convencer os céticos e parapsicólogos. Fizeram desafios de todos os tipos, prometeram quantias enormes de dinheiro. E realmente conseguiram nos convencer: os mortos nunca fizeram nada. Outro exemplo envolvendo Chico Xavier: ele diz que recebe mensagens do espírito de São Luiz Gonzaga, rei da França. Ora, são muito ignorantes esses espíritos dos mortos. São Luiz Gonzaga, jovem jesuíta italiano, não tem nada a ver com São Luiz, rei da França, da época das cruzadas. Ele ouviu falar em São Luiz Gonzaga, depois ouviu falar de outro São Luiz, rei da França. Misturou as coisas e criou São Luiz Gonzaga, rei da França. Apesar da sua boa vontade, deu uma amostra de ignorância total. Assim poderemos ver coisas mais absurdas ainda. O nosso romancista Monteiro Lobato deixou duas senhas antes de morrer: uma com Godofredo Rangel, diretor dos jornais O Dia e A Noite, do Rio de Janeiro; e outra com Ruth Fontoura (do Biotônico Fontoura), de São Paulo. Lobato não revelou as senhas para mais ninguém. A intenção do escritor era que, se depois de morto alguém afirmasse ter recebido alguma mensagem dele, teria que aparecer as senhas – “se não aparecer a senha, não sou eu”, concluiu. Morreu Monteiro Lobato e Chico Xavier “psicografou” um texto imitando o estilo do escritor, mas não apareceu nenhuma das senhas, nem sequer adivinhou que elas existiam. Isso demonstra que é mérito de Chico Xavier e não tem nada a ver com os espíritos dos mortos. Ele imita os estilos dos autores porque o seu inconsciente foi treinado para isso. Não é capaz de escrever música ou fazer uma pintura, somente literatura. Ao contrário, o médium Gasparetto só pinta, não escreve literatura ou música. Isso prova que são as tendências desenvolvidas no inconsciente de cada um.



“Aceitei o desafio da Manchete e da Rede Globo. Demonstrei que Uri Geller era um falsário”



Zero – E as curas “milagrosas”? Zé Arigó, por exemplo, ficou famoso por essas curas. Como a Parapsicologia explica isso?



Quevedo – Explica facilmente: exercício ilegal da medicina. No meu livro O Poder da Mente na Cura e na Doença, cito um slogan da pesquisa internacional: “o curandeiro é sempre perigoso, e quando cura, criminoso”. Por exemplo, Márcia, filha de Juscelino Kubitscheck, tinha uma doença na coluna vertebral e procurou Arigó. Com a confiança que depositou nele e o poder do psiquismo e da sugestão, ele tirou a dor, mas não a doença. Como deixou de sentir os sintomas, Márcia acreditou que estava curada. Juscelino mandou tirar Arigó do cárcere, onde estava porque muita gente morreu por doenças que qualquer enfermeiro teria curado. Foi publicado em todo o mundo que Márcia tinha sido curada pelo espírito de Adolfo Fritz, através de Zé Arigó. O que ninguém publicou – só o jornal O Estado de S. Paulo numa pequena nota – que meses depois Márcia teve que ser levada às pressas para o Hospital Metodista, em Huston, Texas, onde tiveram que retirar-lhe cinco vértebras. Arigó não a curou, quase a mata. Os curandeiros não procuram a causa da doença e quando curam os sintomas são criminosos.



Zero – É fácil identificar esses truques de charlatanismo?



Quevedo – É muito fácil para um parapsicólogo porque ele é também um especialista em truques, em mágicas. É impossível para o público em geral. Neste livro, O Poder da Mente na Cura e na Doença, demonstro alguns dos truques feitos pelos curandeiros. E faço tudo através de técnicas e truques, não tenho poderes especiais. As pessoas acreditam que seja possível fazer uma cirurgia de extração, sem cortes ou com cicatrização instantânea. Mas cientificamente não é possível: se há um corte e a extração de um lipoma, não há cicatrização imediata. Se há uma aparente cicatrização instantânea, é porque não houve corte. E é fácil imitar uma cicatriz com produtos químicos. Há vários anos que eu desafio todos os curandeiros do Brasil que simplesmente obturem uma cárie dentária. Qualquer dentista pode fazer o diagnóstico. Com suas técnicas, eles que invoquem todos os deuses, os espíritos dos mortos, fadas, exus e orixás, e quem quiser. Que apenas obturem uma cárie dentária. Isso se pode identificar na hora. E até hoje ninguém conseguiu. Se não são capazes de obturar uma cárie, então como dizem que extraem um tumor do fígado, do pâncreas ou do coração? Isso é pura charlatanice.



Zero – E os fenômenos de telecinese e psicocinese?



Quevedo – A telecinese existe. É a faculdade de mover objetos há menos de 50 metros de distância. A pessoa emite uma energia física, somática, que se chama telergia. A psicocinese, que seria o movimento de objetos por um poder psico-espiritual, não existe. David Coperfield é um grande mágico, que atravessa a muralha da China e até faz desaparecer aviões de aeroporto. Mas ele diz que faz truques, que é um mágico e eu bato palmas. Agora, quando vem um Thomas Green Morton ou um Uri Geller fazendo truques e dizendo que têm poderes extraordinários, são uns charlatães. Uri Geller era um mágico num night-club em Rafa, perto de Telaviv, e foi trazido ao Brasil (no início dos anos 1970) por um manager do espiritismo. Divulgaram que ele tinha poderes especiais, então tive que desmascará-lo. Afirmei que era tudo falso, que ele era um simples mágico. A revista Manchete e a Rede Globo de Televisão que estavam fazendo toda a publicidade me desafiaram para um confronto com ele, diante de quinze jornalistas. Em poucos minutos demonstrei que ele era um mágico, fazendo os mesmos truques. Mas Uri Geller foi pedir a Adolfo Bloch para que não divulgasse o fato. Depois o Bloch me ligou dizendo que já tinha falado com a Globo e chegaram a um acordo. Reconheciam que tinham sido enganados, mas não poderiam admitir isso em público. Então fizeram Uri Geller sair do país e não se ouviu mais falar dele. Mas a Manchete não publicou a notícia e nem a Globo pôs o programa no ar. Se eu tivesse perdido, teriam me arrasado.



Zero – Qual a explicação da Parapsicologia para as precognições?



Quevedo – A precognição – antes conhecida como premonição – é um aviso do inconsciente. O nosso inconsciente extrassensorial não é limitado pela matéria, pelo tempo e pela distância. Ele conhece o passado, o presente e o futuro numa margem aproximada de duzentos anos. Essa precognição pode aparecer nos estados de consciência alterados: de susto, febre alta, hipnose, relaxamento e no sonho. É o princípio dos vasos comunicantes: quanto menor o estado de consciência mais facilmente pode surgir o inconsciente. No sonho geralmente surge o pré-consciente psicológico ou o inconsciente coletivo. Mas também pode surgir o inconsciente parapsicológico. O sonho em si é um fenômeno psicológico normal, mas dentro do sonho pode emergir algum fenômeno parapsicológico.



“Superstição leva à alienação, à loucura e, quando tem chances, chega à violência”



Zero – O que você acha da reencarnação?



Quevedo – Não há reencarnação. O que há é uma enorme ignorância sobre o assunto. Quem prega a reencarnação não sabe que de um ser humano só pode nascer outro ser humano da mesma natureza. Não é possível imaginar que os pais geram somente o corpo e a alma vem de outro lugar. Mais absurdo ainda é pensar que o corpo é apenas uma camisa para ser trocada por outra na reencarnação. Para os reencarnacionistas, a alma seria o homem. Mas o homem, corpo e alma, é uma coisa só. Ele nasce, vive, morre e ressuscita como homem. Por isso não existe a ressurreição da carne, mas sim a ressurreição do homem. O que acontece é que entre a morte clínica e a morte real há um período de 21 dias. Isto é, logo depois da morte clínica o cérebro para e há uma inconsciência total. À medida que vamos morrendo no corpo físico, que nossas células vão apodrecendo, vamos ressuscitando em um corpo espiritualizado, em células de luz. Esse processo dura, em média, 21 dias. A partir do oitavo dia o homem já está mais ressuscitado que morto. Ainda existem milhares de células vivas, mas a maioria já está completamente morta. Portanto, o homem é gerado corpo e espírito desde o início. Os reencarnacionistas dizem que se alguém é doente ou tem um defeito é porque está pagando o carma da outra vida. Então, se um animal nasce defeituoso está pagando os pecados da outra vida? Isso são falhas da natureza, geralmente com causas explicáveis. Allan Kardec disse que se duas crianças nascem siamesas estão pagando os pecados da outra vida, que são uns canalhas. E se um médico, como aconteceu aqui em Joinville, consegue separá-las, elas deixam de ser canalhas e o canalha passa a ser ele. Isso é o maior disparate que a imbecilidade humana conseguiu criar.



Zero – Como você vê o crescimento das práticas de magia negra que às vezes terminam em crimes?



Quevedo – Essas práticas são muito mais numerosas do que se sabe. No livro Antes que os Demônios Voltem conto muitos casos que nem sempre aparecem na imprensa e a polícia não fica sabendo. O caso do menino de Guaratuba ficou conhecido porque existiam motivos políticos no meio. Toda superstição leva à violência. E muito mais a magia tipo feitiço, porque, segundo Allan Kardec e Chico Xavier, os espíritos que ficam “agarrados” à Terra seriam os maus, porque os bons já estariam livres. Então a magia tem que conquistar os espíritos danados, perversos, os demônios, as valquírias, as fadas, oferecendo comida, cachaça ou matando animais, crianças e virgens. Dizem que quanto pior for o feiticeiro mais simpatia vai conseguir do espírito mau. Toda essa mentalidade cruel tenta conseguir a ajuda dos espíritos em benefício próprio e contra os outros. É uma mentalidade supersticiosa, que leva à alienação, à loucura e, quando tem chances chega à violência, ao crime. E acontecem muito mais crimes do que os divulgados pela imprensa.



Fonte: ZERO (Curso de Jornalismo da UFSC, N.º 4, Ano X), Florianópolis (SC), 21/Dezembro/1992, páginas 06 e 07.



Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina: http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero1992dez.pdf.







“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI



(https://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=TURATTI).


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui