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cronicas-->Duzentos -- 26/07/2000 - 21:11 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há certas idades marcantes. Quinze para as meninas, dezoito para os rapazes. Depois o tempo segue sem maiores preocupações. A barreira dos trinta e a perda da confiança dos mais jovens já não oferecem grandes traumas. Pra quem não sabe, convém dizer que já há houve tempo em que não se confiava em ninguém com mais de trinta anos. Depois a barreira dos quarenta. Esta é mais marcante, há quem entre em crise.

Eu acho que a vida de fato começa aos quarenta. Já não se tem grandes ilusões. Como dizem nos aviões, a vida já está em velocidade de cruzeiro, estabilizada. Ou pelo menos esta é a expectativa. Pode mudar é claro, mas já se tem um projeto, uma idéia de como ela vai seguir daí pra frente. Isto em termos genéricos. Há alguns casos de recomeço verdadeiro aos quarenta e, conversando aqui e ali, descubro que não são tão poucos assim.

Talvez fosse melhor considerar quarenta e cinco em lugar de quarenta. Os quarenta e cinco sinalizam uma espécie de meia vida. Se pessoas com cem anos já não são raras como há algum tempo atrás, considerar noventa como uma meta mínima, parece muito razoável. Considerando que até os vinte e cinco foi uma mera preparação, um ensaio geral, por assim dizer, conclui-se que ainda há muito a fazer. Acho ótimo.

A questão que surge é que já se lê na imprensa notícias sobre uma expectativa de vida de duzentos anos. Como sempre acontece, o impossível de hoje não raro é o óbvio de dez ou vinte anos depois, às vezes menos. Parece bom, mas tem seus inconvenientes, situações com as quais teremos que aprender a conviver. Ter-se-ia algo como 8 gerações convivendo simultaneamente. Imagine o almoço de domingo. Quem fará a melhor lasanha. A mama, a nona, ou a tataranona? E a briga na churrasqueira, todos os vovós querendo comandar. Seu bisavó sentindo-se o caçula querendo dar ordens ao avó do seu tataravó que será o decano e já estará muito velho para comandar churrascos domingueiros. Naturalmente, ele não achará isto e nem deveria.

Quantas datas para esquecer ou, pior, lembrar. Na melhor hipótese passaremos uns dez minutos por dia no telefone cumprimentando avós, bisavós, tios-tataravós e seja lá que nome tenham os outros. Claro que se esquecermos a tia Maria XV (quantas Marias haverão em uma mesma família?) ela vai ligar dizendo que já não respeitamos os mais velhos, que ela não esperava isto do seu tataraneto preferido, e isto e aquilo. Eu confesso que teria dificuldade em guardar tantos nomes.

Quantas festas para ir. Só de bodas de ouro - coisa de jovens - deve-se ter algo em torno de cinco ou seis por ano, sem falar nos pais, avós e bisavós dos amigos mais chegados. E a fofoca. Quanta fofoca.

Melhor ficar aí pelos noventa, cem. Depois a gente nasce de novo e repete tudo.


Escrito em 08.05.2000
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