Quando criança sonhava ser um jogador de futebol famoso, ou quem sabe um compositor e intérprete da nossa riquíssima música brasileira. Tocava violão desde os quatorze anos de idade e praticava futebol desde que me entendo por gente.
Me lembro que na infància construímos balizas de bambu para nosso campinho de terra batida e das peladas na rua. Morava no interior do estado do Rio de Janeiro, na pequenina e aconchegante cidade de Bom Jesus do Itabapoana. Povo acolhedor e de boa índole. O fato é que naquelas ruazinhas de paralelepípedo quase não transitavam automóveis, e quando passavam, vinham numa velocidade lenta, o que nos dava segurança para arriscar um futebolzinho. Aprendi os truques e malandragens da bola muito cedo.
Me lembro também de minha primeira serenata e do balde de água gelada que recebi de presente, provavelmente do pai de uma de minhas homenageadas. Se foi um duro golpe no ego, foi por outro lado um grande prazer poder tocar violão naquela madrugada inesquecível. De fato naquela cabecinha adolescente se passavam muitos sonhos. A vida se mostrou uma grande faca de dois gumes, se por um lado desisti do sonho de ser jogador de futebol profissional, tive a infelicidade de estourar os ligamentos do joelho direito muito novo, o que poderia encerrar prematuramente minha carreira futebolística, me deixando assim desempregado e sem profissão. Se por outro lado não segui a carreira de músico, hoje desfruto da alegria de poder tocar e cantar em muitas reuniões informais por essa maravilhosa vida.
Os sonhos não morrem nunca, quem sabe um dia eu consiga ter o prazer de ver uma composição minha tocar numa rádio, ou alguma de minhas Cronicas publicadas num livro, só o tempo poderá dizer. O fato é que, apesar de tudo, agradeço a Deus por mais um dia na convivência de minha família e pela minha teimosia em sonhar, afinal os sonhos são tudo o que temos e tudo que precisamos para sermos felizes.
