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Artigos-->O adeus a Lutzenberger -- 16/05/2002 - 23:08 (Athos Ronaldo Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A natureza não improvisou e participou com pompa do funeral de José Lutzenberger. O meio ambiente armou um grandioso cenário para saudar de forma mais grandiloqüente a memória e dar o último adeus ao ambientalista. Um inesperado temporal!

No momento em que o cortejo fúnebre encaminhava-se pela trilha de terra batida para sepultar Lutz, as nuvens encobriram o sol e a ventania varreu as pradarias, uma brisa fina e gelada tomou conta dos campos, serras e várzeas. O vento estremeceu eucaliptos e balançou cinamomos, curvou, num cerimonial de agradecimento, as lavouras de milho e os trigais. O vento assobiou nos aramados uma cantiga de despedida e fez ranger portas e porteiras. As frinchas das janelas do galpão entoaram um canto, que era um profundo lamento, quebrando o sossego das horas instalado com a morte do ecologista. Em respeito ao mestre, os canários e as rolinhas prostraram-se num respeitosos silêncio. A natureza chorou com sua partida. Lacrimejou nos telhados, no arvoredo e na imensidão.

O ser humano não faria uma saudação melhor e mais fascinante que a própria natureza. Compactuando com a vibração e o vigor com que Lutz defendia suas idéias e de acordo com o polemista que era, o meio ambiente consternado deu seu derradeiro adeus. E foi perfeito e único nesta memorável homenagem.

José Lutzenberger morreu no dia 14 de maio aos 75 anos. Entristeceu e enlutou a comunidade ecológica do Brasil. Uma parada cardíaca tirou a vida do maior defensor do ambiente natural gaúcho. O ecologista lutava contra uma enfisema pulmonar e uma miocardiopatia dilatada, há mais de cinco anos. A doença dificultava sua respiração e as freqüentes caminhadas pelo bosque já não eram tão rotineiras. O cansaço que sentia tornava seus esforços limitados.

Lutzenberger era engenheiro agrônomo e foi o criador da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) na década de 70. Talvez o seu maior erro foi ter sido ministro do Meio Ambiente no governo Collor, cargo abandonado em 1992.

O ambietalista foi enterrado na manhã do dia 15 de maio num bosque de eucaliptos no Rincão Gaia (que para os gregos antigos significava terra), uma pedreira que Lutz recuperou e onde viveu seus últimos dias. O Rincão Gaia está localizada em Pantano Grande, no Rio Grande do Sul, aproximadamente a 120 Km de Porto Alegre.

Lutzenberger não foi sepultado em um caixão, uma coberta de cor crua, de algodão, separa seu corpo da terra. No alto de uma colina, entre as árvores, descansa uma das maiores autoridades em meio ambiente, uma pessoa que não mediu esforços na luta da preservação ecológica. Levou junto ao seu corpo, os desenhos de suas netas com uma frase em alemão “Opa, ich liebe dich, cuz!”. Vô, eu te amo, um beijo!

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