Pai nosso, que estais nos Céus,
De nome santificado,
Venha a nós o vosso reino
E feita a vossa vontade.
Dai-nos o pão deste dia
E perdoai nossas dívidas,
Conforme nós perdoarmos.
Livrai-nos das tentações
E de todo o mal, também,
Porque vosso é esse poder,
No reino e na glória. Amém.
Não queremos melhorar
Dizeres que são perfeitos:
Desejamos é treinar
Nossos versos tão sem jeitos.
Eis aí uma quadrinha
Feita num soprar de vento.;
Vem mais uma, que se alinha,
P’ra avançar no treinamento.
Vamos ver se conseguimos
Ir bem depressa ao final.;
Mas para dizer que ouvimos:
— “Que perfeição! Nada mal!”
Como não teremos jeito,
Fazendo algumas facécias,
Abramos o nosso peito
Para estas rimas bem néscias.
Se for o nosso objetivo
Meras palavras rimar,
Não seja o irmão muito ativo:
Basta não atrapalhar.
Mas, se tivermos assunto
Muito sério, de importância,
É bom ter quem sofra junto,
P’ra repartir a ganância.
Às vezes, muito fazemos,
Outras tantas, flutuamos:
Neste caso, pega os remos
Quem nos tem como seus amos.
Está servindo este teste
Muito bem para o trabalho.;
Esperamos que inda reste
Quem nos sustente este malho.
Nem é preciso dizer
Desta alegria tremenda:
Encontramos bem-querer
E médium que nos compreenda.
Por isso, vamos seguindo
Nestes versos tão fresquinhos,
Buscando deixar bem lindo
O poema dos treininhos.
Usamos diminutivos.;
É bem fraca a nossa rima:
Mas são versos afetivos
De quem nunca desanima.
Se tivermos a paciência
De aguardar só um momento,
Com um pouco de obediência,
Acabamos co’o tormento.
Eis que demos a notícia
Que tínhamos para dar.;
Fizemo-lo sem malícia,
Falta agora confirmar.
Será preciso, p’ra isso,
Abrir nosso coração
E cumprir o compromisso
Que temos com nosso irmão.
Eis que o sinal está dado,
Nestas quadras que se estendem.;
Mas tomaremos cuidado
No indicar para o que tendem.
Estaremos de regresso
Dentro de uns poucos momentos.;
É evidente o bom progresso
Destes nossos treinamentos.
Por isso, não temos pressa,
Nesta tarde tão gentil:
Perfeição não há quem peça,
Nestas plagas do Brasil...
Tendo feito um bom rateio,
Coube-me ditar os versos.;
Com eles não me chateio:
Há trabalhos mais perversos.
Ao contrário, é divertido,
Quando acerto esta escansão.;
Não quero ser atrevido,
Mas não me atrapalho, não...
Na Terra, um dia acertei
Algumas rimas fagueiras.;
Mas o mais que ali deixei
Foi um batalhão de asneiras.
Por enquanto me acho bem,
Depois dum bom pelejar.;
Da vaidade fiquei sem,
Por isso é fácil rimar.
Em matéria deste treino,
Jamais me vou preocupar:
É nestes campos que eu reino,
Sem súditos p’ra amolar.
Vou parar as besteirinhas,
Pois já começo a cansar.;
Sou escravo das quadrinhas.;
Mas não lhe quero obsedar.
Ao começar com uns versos
Com conceitos da Doutrina,
Já não estarão dispersos
Os cabelos da menina.
Só vou pôr numa quadrinha
Sentimento poderoso:
É todo poder que tinha,
No caminho pedregoso.
É que desejo falar
Dum gesto de caridade.;
É preciso muito amar,
P’ra que seja de verdade.
Lamento não ter talento,
Para essas coisas mais sérias.;
Mas vou ficar ao relento,
P’ra eliminar as misérias.
Pergunta-me o caro médium
Que farei eu ao sereno.
É p’ra não morrer de tédio,
Pois é local mais ameno.
A insistir ele comigo,
Não hesita em perguntar
Se, quando nervoso, eu brigo,
Ou prepondera o calar.
Pois o nosso caro amigo
Devia ter concluído,
Pelo conselho que sigo,
Que a calma não hei perdido.
Que lhe sirva de lição,
Esse exemplo que lhe dei.;
Me brotou do coração:
Por um momento, fui rei.
Quero agora concluir,
Deixando abraço apertado
Ao querido Wladimir
E aos amigos deste lado.
Este aqui que lhes falou
Muito a medo vem dizer
Que seu nome não deixou
Seu caro amigo escrever,
E é o bom conselho que dou
P’ra se alcançar bem-querer.
Resta agora agradecer
Esta paciência de todos,
P’ras rimas que vim fazer,
Que bem merecem... apodos.
Ao Pai do céu, finalmente,
Deixo aqui o meu pedido:
Olhai por toda esta gente
Que tão boa me tem sido!
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