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Poesias-->Loucura -- 07/10/2000 - 21:03 (Helga) |
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Quem disse que sou inteira? Madrugada já bem tarde
Sou nada...sou só pedaços Quand o cheira a solidão
Sou trabalho, brincadeira Cá em mim o fogo arde
Sou o nó e sou o laço Há sol em meu coração
Gosmenta de dar dó E na manhã-clara-luz
Escorrego pelos dedos Sozinha fico à procura
Do abiu sou cica só Qual raio que me condua
E me agarro sem medo Na minha manhã escura?
Às vezes sou pedra dura Sou descrença e sou fé
Outras me liqüefaço O que fiz o que não fiz
Sou caldo da cana pura Sou aquela que não é
E sou também o bagaço Sou santa e meretriz
Projeto o meu esquema Se estou triste, me enfeito
Para ser desprogramada Se alegre, me contenho
Sou solução e problema E assim do outro jeito
Sendo tudo, não sou nada Pela vida me embrenho
Não sou mulher comedida Nem pra trás nem pra frente
Embora assim o pareça Só olho mesmo pra dentro
Se quero, razão é perdida E para não ser diferente
E entro de ponta a cabeça Me invento e reinvento
Na vigília ou no sono Pareço contraditória?
Sou cuidado e atenção Fantasia é a verdade
O cérebro é meu dono A máscara obrigatória
Sou toda meditação Só uso na realidade
Vive em mim o sol, a lua E juntando meus pedaços
O enterro, o carnaval Do muito eu sou coisa pouca
Sou verdade nua e crua E a lucidez dos meus traços
Sou a mentira total Desenha pessoa louca
Helga
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