Entre tanta sujeira, e imundície
um belo dia apareceu uma rosa
Nasceu assim, no meio do nada
imponente, lasciva e cheirosa
Pétalas de seda, como convêm a estas flores
De um rubro vivo e intenso
Deixou atônitos todos os moradores
daquele bairro miserável e imenso,
daquela cidade de tantas dores...
E olhavam, olhavam, olhavam...
Pensavam, ninguém entendia direito
O que poderia ter acontecido?
Como algo tão belo poderia florescer
em um lugar tão imundo?
Os mais velhos palpitavam
alguma explicação religiosa
A cabeça coçavam
todos olhando, em volta da rosa
Os mais novos diziam
ser aquilo completa besteira
Sempre ali houve porcaria
Então seria mais uma sujeira...
Chamaram o médico, o juiz, o padre
Chamaram o advogado, o lixeiro, o compadre
Chamaram o policial, o bombeiro, o açougueiro...
Ninguém sabia explicar
O que diabos era aquilo!
Decidiram chamar o poeta
Que desde o começo da confusão
Observava tudo, de forma discreta
Demonstrando uma grande obsessão.
O poeta, ainda pensativo, disse
Que não poderia saber o que se passou
Se a rosa brotou de tanta imundície
Ou se um belo jardim o lixo inundou
Cria ele ser uma demonstração da vida
Disse ser a rosa a paixão
E a sujeira um coração.
Um coração sem paixão, é imundo, é cinza, é confuso.
Um coração onde a paixão começa a florescer é como o lixão com a bela rosa.
O acaso faz uma rosa nascer em meio à imundície
Mas não transforma o lixo em jardim
O acaso acende a centelha da paixão
Mas não inunda de rosas um coração
Caberia a todos limpar a sujeira e plantar mais rosas
Cabe a cada um de nós limpar nossos corações
E enchê-lo de belas rosas vermelhas...
Gabriel Vinicius Moura
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