Ontem eu olhei o teu retrato
No porta-retrato da estante
Reparando teu sorriso
Parei naquele instante.
Remoendo as lembranças
Encheu-me de esperanças
Vendo o tempo a galopante.
E ele passou a galope
Montado nas asas do vento
Que nem sequer percebeu
Os gritos do meu lamento;
Pedindo para não passar
Para que eu pudesse ficar
Com ela por mais momentos.
Então eu pude perceber
Que o tempo não passou
Vendo o sol e a lua
Notei que ele parou;
Só o desgaste de meu corpo
Mostrou ao retrato posto
Que tudo não se acabou.
Você está em meu lar
Que continua comigo
Na mesma casa simples
No nosso mesmo abrigo.
Tudo em nós continua
E com toda bondade sua
Aquece-me de amor amigo.
Vejo-te e vejo o retrato
Que continua do mesmo jeito
O plástico é que desbotou
Teu rosto não foi desfeito.
Teu cabelo mudou a cor
Dando prova que nosso amor
Continua um amor perfeito.
Tanto tempo já faz
Que estamos na mesma estrada,
Ainda namoramos no lar
E saímos de mãos dadas.
Somos um casal diamante
Que reflete no brilhante
Duas almas lapidadas.
E o retrato continua
A refletir o passado
Como o brilhante que brilha
O nosso amor lapidado.
Mais velho e esperançoso
Vivemos um amor gostoso
Que às vezes é invejado.
Parece até que o retrato
Às vezes quer nos falar
Que devemos ser assim
Desse mesmo jeito que está,
Amando e namorando
Com os reveses suportando
O tempo não passará.
