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Poesias-->GALERIA DE MULHERES -Todas -- 02/11/2003 - 23:42 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GALERIA MULHERES



A PRIMEIRA (Como se fosse a segunda





Francisco Miguel de Moura*







Não sei se ela me veio por primeiro

Afeto de menina que se quer.

Está tão longe o tempo e seu mister...

O pensamento é um grande viajeiro.



Sei que era linda e tinha gosto e cheiro

Diferentes das outras. Nem sequer

Nos beijamos. Mas de longe o ser

Encontra o outro ser quando é inteiro



Em juventude, em luz, em força e mais

Naquela idade em que se não tem paz

E quando a tem não tem-na impunemente.



Se foi amor não sei. Sexo não foi

Foi diferente. E como a vida dói

Se o amor é vida sem deixar semente.





























A SEGUNDA (Como se fosse a primeira)















Antes, recordo-me a subir o morro,

Pegado pela mão de uma menina.

O silêncio nos vinha por socorro:

Era a minha querida Francelina.



Subíamos o céu da nossa infância,

Tudo era leve como o vento leve.

Em nossos corações, desejo e ânsia

Do viver tão gostoso por tão breve.



Descer do céu, não lembro como fora,

Descemos juntos para a vida... E embora

Tenha sido de tempo o meu sorrir,



Ainda choro o ontem que é agora.

Tão ledo como foi, não jogar fora!

O que existiu há sempre de existir.































A TERCEIRA











A terceira era muito impertinente,

Me abraçava e, beijando, me sorria,

Se, num salão de danças, derretia

O corpo e a alma – um furacão de gente.



Vi-a nua, num dia muito quente!

Passava a mão no corpo... Onde a passava?

E a minha parte mais sensível, brava,

Subia à luz, em hora inconseqüente.



Ela noivara com um rapaz decente,

Que morava por perto e era inocente

Daquele fogaréu, do dia à noite.



Chorei bastante no casório seu...

Dando fim ao que nunca aconteceu

Só me restando a perda como açoite.















































A QUARTA











Paixão violenta, eis tudo o que me trouxe

E me entregou: – eu podre de inocente.

Mulher sem dó, sem condição, somente

Disposta a dar-me o amargo pelo doce.



Diziam-me, o’ rapaz, que rapariga!

Não a solte no mundo sem barreiras...

Porém perdemos nossas estribeiras,

Era um ligar que nunca tem desliga.



Deu-se, assim, o impossível caso feio,

Pois ela era do mundo, e adolescente...

E eu, qual dono, dormia no seu seio.



Ah, mulher que adorava um cobertor

Mas de vazio coração candente!

Caí nas malhas do seu despudor.



























A QUINTA













Quanta vez fiquei louco por mulher!

Nem me lembro, são tantas e são tantas,

Umas bonitas, boas, e umas santas,

Mas eram outras más no seu mister.



Lembro meu doido encanto por Jerusa,

Corpo lindo e cabelos enrolados,

Se os quisesse pôr soltos, para os lados

Não poderia – intrusos, ela intrusa.



Uma só vez com ela então falei.

Quase caí, ferido espinho em flor,

E soube não me ouviu quando chorei.



Dei-lhe uma rosa... E a mão tremia tanto

Que pelo o próprio espasmo dessa dor

O amor morreu crucificado e santo.





































A SEXTA















Foste um dia, na minha expectativa,

Aquela que esperei sem perceber

E quando eu quis melhor compreender,

Transformou-se de flor em carne viva.



Viva! eu falei – teu riso me fez crer

Que gostaras dos versos e das rimas,

Dos abraços, dos beijos e de esgrimas...

Vida, amor, alegria... Que fazer?



Muitas vezes voltaste a me abraçar,

Cada dia eras tudo a me encantar,

Cada noite teu corpo era mais charme.



Amor revolto... Teu sonhar tão quente

Coroou-me de orgulho astutamente,

Depois se fez de louca pra deixar-me.











































A SÉTIMA















Teu retrato, em instantes, me devora!

E sempre que me encontro a recordar

Das luzes que baixavam teu olhar,

É impossível refazer-me agora.



Só tu soltavas risos sem parar

E me sabias santo a qualquer hora,

Mas por castigo, longa era a demora

Do teu crescer e de eu poder falar.



Certa vez, junto a ti, num estupor

Quis-me cair por terra... E eu me caía..

Falar não pude o que eu sentia tanto.



Ninguém falou do nosso mudo amor,

Na despedida apenas se sorria.

Como se as línguas fossem nosso espanto.





























A OITAVA













Foi minha amiga, ou parecia sê-lo

Nas palavras, nos gestos e carinhos

Contidos e medrosos... Junto ao pelo

Dos braços, suas mãos eram arminhos.



Ela era mais que amiga, mais que bela,

Tão boa e terna e doce a sua voz,

Tinha a presteza de quem quer ser “nós”

E a claridade matinal da estrela.



Ela era tudo para mim de então:

Fazer consertos e pregar botão,

Na calça e na camisa, me fazia.



Por demais me agradava na cidade,

Beijos e abraços, tudo era verdade...

Quando tudo acabou, quase eu morria.































A NONA











Cheirosa como a flor do bogari

Quando desponta em sua claridade.;

Mais que o perfume, a sua ansiedade

Para beijar o mundo... Eu vi-a, vi!



No galho onde cantava um bem-te-vi,

Pude pensar que eu era um beija-flor,

E como poeta, ali foi que eu nasci

E dentro em mim um poderoso amor.



Contra toda a corrente, a rosa de antes

Caída e triste, em gritos lancinantes,

Do bogari gravei-lhe a imagem linda.



A voz “vem cá, menino!” era adulando

E eu deitava em seu colo suspirando...

Ah, quem me dera fosse minha ainda!







































A DÉCIMA





Do percurso dos anos, aturdido,

Encontrei-te, o’ desconto dos pecados!

Numa escola de amores e traslados,

Onde fui por teus olhos iludido.



Ferido o coração, ferida a calma,

Quase caio num poço de incerteza.

Tua bondade, cingida de beleza,

Esvaziou-me a paixão lá dentro d’alma.



Mas me pergunto ainda por que olhaste,

Com tanta intensidade e tanto apuro,

Para este vão sujeito, fora d’haste?



Última dama das conquistas vãs...

Depois de ti, mulher nenhuma, eu juro,

Salvo a de eternos ontens e amanhãs.







___________________________

*Francisco Miguel de Moura é poeta, romancista, contista, cronista e crítico literário, já publicou 22 livros, pertence à Academia Piauiense de Letras e ao Conselho Estadual de Cultura, já foi presidente da UBE-PI.



GALERIA MULHERES



A PRIMEIRA (Como se fosse a segunda





Francisco Miguel de Moura*







Não sei se ela me veio por primeiro

Afeto de menina que se quer.

Está tão longe o tempo e seu mister...

O pensamento é um grande viajeiro.



Sei que era linda e tinha gosto e cheiro

Diferentes das outras. Nem sequer

Nos beijamos. Mas de longe o ser

Encontra o outro ser quando é inteiro



Em juventude, em luz, em força e mais

Naquela idade em que se não tem paz

E quando a tem não tem-na impunemente.



Se foi amor não sei. Sexo não foi

Foi diferente. E como a vida dói

Se o amor é vida sem deixar semente.





























A SEGUNDA (Como se fosse a primeira)















Antes, recordo-me a subir o morro,

Pegado pela mão de uma menina.

O silêncio nos vinha por socorro:

Era a minha querida Francelina.



Subíamos o céu da nossa infância,

Tudo era leve como o vento leve.

Em nossos corações, desejo e ânsia

Do viver tão gostoso por tão breve.



Descer do céu, não lembro como fora,

Descemos juntos para a vida... E embora

Tenha sido de tempo o meu sorrir,



Ainda choro o ontem que é agora.

Tão ledo como foi, não jogar fora!

O que existiu há sempre de existir.































A TERCEIRA











A terceira era muito impertinente,

Me abraçava e, beijando, me sorria,

Se, num salão de danças, derretia

O corpo e a alma – um furacão de gente.



Vi-a nua, num dia muito quente!

Passava a mão no corpo... Onde a passava?

E a minha parte mais sensível, brava,

Subia à luz, em hora inconseqüente.



Ela noivara com um rapaz decente,

Que morava por perto e era inocente

Daquele fogaréu, do dia à noite.



Chorei bastante no casório seu...

Dando fim ao que nunca aconteceu

Só me restando a perda como açoite.















































A QUARTA











Paixão violenta, eis tudo o que me trouxe

E me entregou: – eu podre de inocente.

Mulher sem dó, sem condição, somente

Disposta a dar-me o amargo pelo doce.



Diziam-me, o’ rapaz, que rapariga!

Não a solte no mundo sem barreiras...

Porém perdemos nossas estribeiras,

Era um ligar que nunca tem desliga.



Deu-se, assim, o impossível caso feio,

Pois ela era do mundo, e adolescente...

E eu, qual dono, dormia no seu seio.



Ah, mulher que adorava um cobertor

Mas de vazio coração candente!

Caí nas malhas do seu despudor.



























A QUINTA













Quanta vez fiquei louco por mulher!

Nem me lembro, são tantas e são tantas,

Umas bonitas, boas, e umas santas,

Mas eram outras más no seu mister.



Lembro meu doido encanto por Jerusa,

Corpo lindo e cabelos enrolados,

Se os quisesse pôr soltos, para os lados

Não poderia – intrusos, ela intrusa.



Uma só vez com ela então falei.

Quase caí, ferido espinho em flor,

E soube não me ouviu quando chorei.



Dei-lhe uma rosa... E a mão tremia tanto

Que pelo o próprio espasmo dessa dor

O amor morreu crucificado e santo.





































A SEXTA















Foste um dia, na minha expectativa,

Aquela que esperei sem perceber

E quando eu quis melhor compreender,

Transformou-se de flor em carne viva.



Viva! eu falei – teu riso me fez crer

Que gostaras dos versos e das rimas,

Dos abraços, dos beijos e de esgrimas...

Vida, amor, alegria... Que fazer?



Muitas vezes voltaste a me abraçar,

Cada dia eras tudo a me encantar,

Cada noite teu corpo era mais charme.



Amor revolto... Teu sonhar tão quente

Coroou-me de orgulho astutamente,

Depois se fez de louca pra deixar-me.











































A SÉTIMA















Teu retrato, em instantes, me devora!

E sempre que me encontro a recordar

Das luzes que baixavam teu olhar,

É impossível refazer-me agora.



Só tu soltavas risos sem parar

E me sabias santo a qualquer hora,

Mas por castigo, longa era a demora

Do teu crescer e de eu poder falar.



Certa vez, junto a ti, num estupor

Quis-me cair por terra... E eu me caía..

Falar não pude o que eu sentia tanto.



Ninguém falou do nosso mudo amor,

Na despedida apenas se sorria.

Como se as línguas fossem nosso espanto.





























A OITAVA













Foi minha amiga, ou parecia sê-lo

Nas palavras, nos gestos e carinhos

Contidos e medrosos... Junto ao pelo

Dos braços, suas mãos eram arminhos.



Ela era mais que amiga, mais que bela,

Tão boa e terna e doce a sua voz,

Tinha a presteza de quem quer ser “nós”

E a claridade matinal da estrela.



Ela era tudo para mim de então:

Fazer consertos e pregar botão,

Na calça e na camisa, me fazia.



Por demais me agradava na cidade,

Beijos e abraços, tudo era verdade...

Quando tudo acabou, quase eu morria.































A NONA











Cheirosa como a flor do bogari

Quando desponta em sua claridade.;

Mais que o perfume, a sua ansiedade

Para beijar o mundo... Eu vi-a, vi!



No galho onde cantava um bem-te-vi,

Pude pensar que eu era um beija-flor,

E como poeta, ali foi que eu nasci

E dentro em mim um poderoso amor.



Contra toda a corrente, a rosa de antes

Caída e triste, em gritos lancinantes,

Do bogari gravei-lhe a imagem linda.



A voz “vem cá, menino!” era adulando

E eu deitava em seu colo suspirando...

Ah, quem me dera fosse minha ainda!







































A DÉCIMA





Do percurso dos anos, aturdido,

Encontrei-te, o’ desconto dos pecados!

Numa escola de amores e traslados,

Onde fui por teus olhos iludido.



Ferido o coração, ferida a calma,

Quase caio num poço de incerteza.

Tua bondade, cingida de beleza,

Esvaziou-me a paixão lá dentro d’alma.



Mas me pergunto ainda por que olhaste,

Com tanta intensidade e tanto apuro,

Para este vão sujeito, fora d’haste?



Última dama das conquistas vãs...

Depois de ti, mulher nenhuma, eu juro,

Salvo a de eternos ontens e amanhãs.







___________________________

*Francisco Miguel de Moura é poeta, romancista, contista, cronista e crítico literário, já publicou 22 livros, pertence à Academia Piauiense de Letras e ao Conselho Estadual de Cultura, já foi presidente da UBE-PI.



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