Incertezas
Há uma ausência assimilada,
Enquanto a vida busca refazer-se,
Migrando para onde a saudade
Acolhe o coração em desassossego.
Volto o olhar à palidez da noite.
À minha volta, a solidão, o silêncio
E as palavras que me desconhecem.
Letras sem par, ainda intangíveis
À pronúncia dos meus lábios.
Há algo que se mantém
Para além da minha voz,
Como se guardasse o lastro
De um silêncio necessário e absoluto.
Abraço-me ao tempo presente.
Alonga-se o meu olhar
Ao significado de todas as coisas.
No lume ainda distante
Da minha compreensão
Emaranham-se os fios
Que tecem a minha história.
Onde esta, que tanto sabe de mim,
Protegendo-me de mim mesma?
Em que momento da vida a encontrarei?
Na placidez do olhar, todas as dúvidas
Tal qual o olho de um furacão,
Onde a calma é aparente.
Ofereço-me ao silêncio,
Cubro-me com o manto do sono
E anuncio-me para o destino
Também incerto do sonho...
© Fernanda Guimarães
Em 28.10.2003
www.fernandaguimaraes.com.br
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