E tudo que mais desejaria
Seria o clamor de minhas orações.
Acometido de todo o mal em angustia,
O perdão não é de minha concepção,
Gesto divinal...
Por isso talvez seja tolhido em meus anseios.
Uma súbita fúria... súbita e incontrolável...
É o que acalenta todo o dissabor...
Apenas constrange-me um rio de lágrimas
A orvalhar sobre a calma...
Uma pobre alma em preces espalmadas
E de clamor em corpo aberto...
Domina-me o cansaço,
Fruto da noite atado a solidão...
Êxtase em misericórdia,
Fim do pensamento que abraça o ócio...
Essa essência, de brilho roubado...
Torna meu caso um descaso,
Que implora um abrigo,
Que implora o fim...
Seria um desvario o aparte que abrevio,
Se não pudesse conter a cólera.
Mas meu peito ainda é chama,
Que não se apaga...
De tom pastel, fugindo a vida,
Fugindo a dor, a essa nova desventura...
Sinto a força esvair-se,
Como quem passa ao largo
E foge em meio à multidão...
Queria ser simplista e fazer adormecer
Esse corpo que perde a coragem,
Que perde o fôlego, que perde o hálito...
Só quero adormecer um novo sonho,
Que possa ser embalado longe daqui...
Longe da solidão...
Marcos Allan – 29/10/03
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