“Avoantes” do Ceará
Elas chegam aos bandos,
centenas, milhares,
num aluvião medonho,
e vão, como num sonho
ou terrível pesadelo,
entulhando o carrascal,
a caatinga sofrida:
fartura e devastação.
São repasto dos famintos,
por suas carnes macias
e seus ovos pelo chão.
Mas devoram as searas,
a pouca e tenra pastagem.
Esvaziam, em sua passagem,
os açudes, as cacimbas.
De onde vêm?
Para onde vão?
Aves de arribação:
Flagelo ou salvação?
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