Os meus pés descalços inventam passos que seguem somente rumo ao seu encontro, musa minha, rondando furtivo sem saber do fim ou do começo de nada, irrigando sonhos para pagar o preço dos vendavais da nossa felicidade
Eu exalto insone pela noite inteira a sua imagem viva permanentemente na minha solidão sombria, quitando a ausência de navalha em carne viva a me doer exangue enquanto almejo vê-la minha, somente minha, totalmente minha no meu inteiro e desvalido amor
Desatinando de noite, todos os meus beijos saem de mim com o fanatismo de buscar seu semblante atilado e seus lábios trepidantes de mulher enxuta que resfolga inquieta e bem proporcionada a extorquir meus sentidos com seu sorriso encantador de brisa que sopra do jardim de Epicuro e fazem fagulhas nos meus desejos travessos que crepitam na cobiça eriçada pelo meu ingresso nos seus prodígios, a coligir o talhe do meu desassossego e todos os seus regatos viçosos que latejam na minha carne estrangulada pelo exotismo intenso e movediço de suas fantasias que cravam raízes profundas em mim, adstrito perpétuo de sua nudez assaz luzidia
Ah! como eu queria saciar minha excitação desassossegada nos seus domínios generosos e ofertar-lhe a minha gratidão eterna de sempre estar ao seu dispor e alcance
Ah! como eu queria envolvê-la com todo o meu abraço vibrante a delirar febril amante no seu regaço
Ah! como eu queria recitar meus versos loucos e atormentados por um amor maior que a minha própria vida e maior que o meu próprio ter porque a vida não é só viver e morrer, mas amar demais
E por amar demais eu me dei, me doei e sou grato em dobro por tudo que vem das delícias de você, sonhando a vida inteira como presenteá-la com toda a carga que emana da minha desmedida e aguda paixão.