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Artigos-->JESUS: O MAIOR REBELDE DE TODOS OS TEMPOS. -- 13/05/2002 - 18:45 (ALEXANDRE FAGUNDES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A adolescência é a fase da contestação. Ostentando camisetas coloridas, ouvindo músicas em alto volume ou experimentando emoções fortes nos esportes radicais, o jovem escolhe, geralmente, a estrada alternativa para o objetivo básico de qualquer um de nós: ser feliz.

A época da vida em que as energias físicas estão plenamente ativas é, como demonstram os estudos da psicologia, a fase de maior insegurança. Como não hesitar, vez por outra, se a mente ainda não se convenceu perfeitamente de que aquela pessoa já não é mais uma criança?

Mesmo os jovens mais bem-aquinhoados, nos aspectos social e econômico, nem sempre se reconhecem mais afortunados que os de baixa renda, em se tratando da realização de aspirações íntimas. Por isso, tanto pobres como ricos almejam alterar o status quo — o “sistema” —, como muitos gostam de dizer. Comumente, esse é um ponto de honra para quem pretende estar à frente da sociedade (e sob suas regras) em poucos anos.

Normalmente, a primeira providência da rapaziada é eleger um líder, uma pessoa ou grupo que demonstre com aparente segurança quais os passos para revolucionar o que aí está, construindo um mundo que, na maioria das vezes, é tão desejável quanto fantasiosamente idealizado.

Assim, surgem os ídolos: ao mundo do rock, eles arrebanham multidões com sua potente espada sonora. Das telas da TV e do cinema vêm as grandes estrelas que levam a juventude à ambição de ser igual ao personagem ou ao próprio artista de sucesso. Nas praças esportivas, atletas vitoriosos parecem mostrar que limites existem para ser vencidos tensionando músculos e moldando o corpo.

Mas o que diversos ídolos da atualidade têm em comum, conscientemente ou não, é uma combinação sedutora de notoriedade, dinheiro e irreverência. São os “superpoderes” dos tempos modernos, uma vez que os personagens de histórias em quadrinhos já não influenciam tanto os moços como ocorria algumas décadas atrás.

Nestes tempos de globalização, em que o valor do Ser Humano tem sido colocado em segundo plano e o lucro financeiro aparece como a mola-mestra das ações político-sociais, um turbilhão de gente moça movimenta-se pelas praças, ruas e escolas e, muitas vezes sem entender bem por que, procura atacar os alicerces da realidade vigente, como a vislumbrar nos prédios e construções diversas o ressurgimento das bastilhas que deveriam ser novamente derrubadas. Nessa hora, a galera é capaz de ir à guerra, literalmente falando, já que isso lhe pareceria um ato de autêntica coragem e ousadia. Mas, sabemos, nem tanto assim é verdade, pois, como lembra o ditado, “violência atrai violência”.



Jovens são todos aqueles que possuem um grande ideal, independentemente da idade biológica. Assim, transcorridas as primeiras duas ou três décadas de vida, já não se é mais um adolescente, mas o magma da rebeldia (com ou sem causa) ainda pode estar fervilhando. Segundo as Sagradas Escrituras, foi nesta fase que Jesus — a quem consideramos um jovem, pelo Divino Ideal que disseminava — fez tremer os alicerces da sociedade, agindo com tal intensidade que Seus passos são seguidos até hoje. É verdade que o Cristo de Deus não pode ser compreendido como um homem qualquer. Todavia, também é verdade que ninguém, em tempo algum, soube ser tão dignamente jovem e vigorosamente revolucionário.

Mais que de uma causa, Jesus era detentor de uma suprema missão: libertar a Humanidade pelo conhecimento da Verdade de Deus. Portanto, aquela rebeldia — se assim podemos caracterizar Seu sublime carisma que por quase dois mil anos comove tantas e tantas criaturas humanas — era a própria manifestação da Boa Vontade de Deus, consolidando os caminhos da Paz no mundo.

Sem tênis de última geração ou megafone de qualquer espécie, aquele jovem soube ser a voz da contestação, uma “pedra no sapato” dos que viviam na iniqüidade, a ponto de incomodar a injustiça. Pobre ou rico, poderoso ou oprimido, instruído ou ignorante, todos com quem cruzou passaram por uma inevitável auto-avaliação moral e espiritual.

Aparenta ser relativamente incoerente relacionar o Cristo de Deus com o desejo típico do adolescente de reajustar as bases da sociedade. Todavia, analisemos de modo especial alguns relatos bíblicos: o Evangelho do Cristo, segundo Lucas, 2:46 a 48 descreve o Divino Amigo, ainda aos 12 anos de idade, pregando aos doutores da lei no Templo de Jerusalém, ou seja, um garoto que, de forma ousada, mostrava, em sua simplicidade nada fútil, que a essência de Deus reside nos simples de coração. Em outro episódio, Jesus, ao receber os avisos de que sua mãe e seus parentes O aguardavam, surpreendeu a todos declarando que sua família não estava circunscrita apenas aos que possuíam com ele laços consanguíneos, mas expandia-se abrangendo todos os que com Ele dividiam o ideal do Amor, da fraternidade e da humildade corajosa, sustentada em Deus.

De forma nada burocrática, aquele jovem, que antes mesmo de nascer preocupara bastante os poderosos da época, com um cajado em punho, enxotou do Templo de Jerusalém alguns mercantes que se valiam da fé popular para engordar seus alforjes com moedas de ouro. Basta lermos a narração do Evangelho de Jesus, segundo Mateus, 21: 12 e 13, para entender que o “filho do carpinteiro” deu um eficiente golpe moral na consciência de Seus contemporâneos mercadores.

Naqueles dias, não se organizavam passeatas tal como conhecemos. Mesmo assim, era comum aos que caminhavam seguindo o Cristo por ruas mal pavimentadas ter de resguardar-se de centuriões orientados para dispersar o público sequioso da Palavra de Deus. Eram pessoas que, na maioria dos casos, buscavam apenas a paz, nada reivindicando dos tesouros imperiais. Por isso, Jesus, com Sua sábia palavra, estimulava o Povo a lutar pela conquista das riquezas espirituais, que a traça não rói nem o ladrão rouba.



O fato é que, de forma decisiva, Jesus venceu as barreiras do conformismo antiprogressista, propondo um novo jeito de ser e agir, fundamentado na reforma interior de cada um como estratégia eficiente para promover a reorganização da sociedade e não a derrocada dos sistemas governamentais em vigência na ocasião: pura rebeldia, transcendência exemplar, estadismo elevadíssimo, pacifismo invulgar, idealismo de gente moça!

O resultado está nas páginas finais dos quatro Evangelhos. Uma cruz colocou-se no caminho da maior liderança política da História e, para a indisfarçável surpresa dos executores de sua prisão e sentença, ainda foi vencida a mais terrível censura a que se pode submeter um revolucionário: nocauteando a morte, Jesus ressuscitou!

Victor Hugo advertiu que “mais poderosa do que todos os exércitos é uma idéia cujo tempo tenha chegado”. O que dizer então acerca das lições do Cristo que, mais que idéias avançadíssimas (por serem eternas), são a própria manifestação do Planejamento Divino para o contingente humano terrestre?

Olhando as camisetas dos adolescentes, vemos que eles estão descobrindo que Jesus é mais que uma simples opção para a canalização das suas energias clamando por renovação. O mais importante agora é ajudar as novas gerações a transfundirem a sabedoria atualíssima das parábolas do Cristo para a era da Internet, da comunicação via satélite e das viagens interplanetárias, sem o ranço do fanatismo sectarista, pois muito além das “tribos”, que se multiplicam pelo Brasil e pelo mundo, “somos uma grande família chamada Humanidade, Seres Humanos Irmãos, filhos de um mesmo Pai: Deus”, como afirma o escritor Paiva Netto.

Não há, dessa forma, razões para considerar “politicamente incorreta” a posição contestadora dos jovens quando reflete uma legítima preocupação com o futuro, pois simplesmente protestar por protestar é um despropósito perigoso. Não se contabilizam vitórias somando guerras, mas fortalecendo as Almas para a conquista da Verdade. É preciso, antes de mais nada, infundir dignidade cristã na política e em todo o contexto das relações humanas. O Evangelho de Jesus, que muitos ainda lêem com os olhos embotados, é um compêndio de indiscutível importância na história da civilização.

O Novo Mandamento de Jesus — Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Nisto reconhecerão todos que sois realmente meus discípulos (Evangelho do Cristo, segundo João, 13: 34 e 35) — pode interagir com os chips da microinformática, longe da chamada caretice que alguns utilizam como argumento para se apartarem da figura crística nesta virada milenar. Ignorar tal realidade é estar tão velho quanto qualquer ruína da Antiguidade. Nenhum computador poderá nos dizer isso com mais clareza que o nosso próprio Espírito, que é tão jovem quanto o façamos ser, à medida que adotarmos Jesus como o nosso referencial.





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